Rio de Janeiro – Em discurso durante visita à comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o papa Francisco fez um apelo às autoridades públicas, aos mais ricos e à sociedade em geral para que não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e solidário. Ele pediu políticas nas áreas de educação, saúde e segurança e dignidade às pessoas.
O pontífice fez um pedido especial aos jovens para que não percam a confiança em um mundo melhor. “Vocês, jovens, têm uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção de pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram seu próprio benefício. Nunca desanimem, nunca percam a
confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem”, disse.
O papa falou do esforço da sociedade brasileira em combater a fome e a miséria, e destacou que as pessoas não podem virar as costas para os mais pobres. “Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que abandona na periferia parte de si mesma. Ela simplesmente empobrece. Não deixemos entrar em nossos corações a cultura do descartável, porque somos irmãos e ninguém é descartável”, disse.
O discurso foi pontuado por alguns momentos de descontração do papa. Em um trecho, ele disse que gostaria de bater à porta de cada casa brasileira para “dizer bom dia, pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho. Não um copo de cachaça”, disse para risos da plateia que se aglomerou no campo de futebol, onde ocorreu o discurso.
Em outro momento, o papa disse que o brasileiro é solidário e sempre busca compartilhar comida com quem tem fome. “Quando alguém que precisa comer bate à porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida. Como diz o ditado: sempre se pode colocar mais água no feijão”, brincou o pontífice.
Francisco encerrou seu discurso dizendo que ele levará a comunidade de Varginha em seu coração. O papa chegou à favela por volta das 10h40. Mesmo com a chuva, milhares de moradores do Complexo de Manguinhos, uma das áreas mais pobres da cidade, acompanharam o papa Francisco à favela.
Na chegada à comunidade, muitas pessoas gritavam o nome do pontífice e algumas faixas foram estendidas nas grades, contra as remoções forçadas e pedindo justiça pelos mortos nas comunidades.
Logo que chegou a Varginha, o pontífice saiu do carro fechado e subiu no papamóvel. Durante o trajeto, ele parou várias vezes para abençoar crianças, que eram levadas até ele por seus próprios pais ou por seguranças. Depois, o pontífice fez uma oração na capela São Jerônimo, onde se encontrou com crianças da catequese. Uma delas é João Pedro Ferreira da Silva, 15 anos, coroinha da capela.
A mãe dele, Cleonice Ferreira de Lima, cozinheira, se sente privilegiada pela oportunidade, mesmo não podendo entrar no local. “Sinto uma emoção muito grande, meu filho vai ser abençoado.”
Ao sair da capela, ele caminhou pela comunidade e continuou cumprimentando moradores e abençoando crianças, mesmo cercado por forte esquema de segurança. Várias pessoas deram presentes ao papa, inclusive uma faixa do San Lorenzo, time de futebol do qual Francisco é torcedor. No meio do trajeto e pouco antes de iniciar seu discurso, ele entrou em uma casa da comunidade.
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