SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO
– A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira 18 pessoas, entre elas o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, em sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Executivos de empresas com contratos com a Petrobras, entre elas as maiores empreiteiras do país, também foram detidos. Na sétima fase da operação Lava-Jato, ainda tiveram a prisão temporária decretada os presidentes de cinco empresas, entre eles José Adelmário Pinheiro Filho, da construtora OAS, que foi detido em um hotel em Salvador. Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Corrêa, também está entre os procurados. No início da manhã, policiais foram à sede da Odebrecht no Rio, onde apreenderam documentos. Já o diretor-presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, entregou-se no início da noite na Superintendência da Polícia Federal no Rio. E Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da empreiteira Mendes Júnior, deve se entregar à Polícia Federal ainda neste sexta-feira. (Veja o nome de todos os executivos que tiveram a prisão decretada)
A sétima fase da operação Lava-jato cumpriu quatro dos seis mandados de prisão preventiva expedidos, e 13 dos 21 dos mandados de prisão temporária. De condução coercitiva, foram cumpridos seis dos nove mandados até 17h. Um deles, contra o funcionário da OAS Pedro Morollo Júnior, não pode ser cumprido ainda porque, segundo seu advogado, ele está em viagem ao exterior, mas chega neste sábado ao país, e não pretende descumprir a ordem judicial. A PF informou, ainda, que todos os 49 mandados de busca e apreensão foram executados. Ao todo, foram expedidos 85 mandados judicias, envolvendo nove empresas.
As empresas investigadas na nova etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, informaram nesta sexta-feira, por meio de notas oficiais, que estão dispostas a colaborar com o trabalho da polícia. No entanto, para o juiz da 13ª Vara Federal do Paraná e responsável pela ação, Sérgio Moro, a maior parte das empresas não apenas deixou de colaborar com a investigação como apresentou documentos fraudulentos à Justiça.
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Entre os executivos presos, além de Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, de José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS, e de Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão: Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da UTC (apontado pela investigação como coordenador do cartel de empresas que atuava na Petrobras); José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS (flagrado em trocas de mensagens com o doleiro Alberto Youssef, cujo escritório visitou 26 vezes); Erton Medeiros Fonseca, diretor de engenharia industrial da Galvão Engenharia (apontado como principal responsável pelo esquema criminoso na empresa); Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Camargo Corrêa; Carlos Alberto da Costa SIlva (também ligado ao doleiro Alberto Youssef); Walmir Pinheiro Santana, da UTC; Newton Prado Júnior, diretor técnico da Engevix; Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor técnico da Engevix; Ednaldo Alves da Silva, da UTC; Alexandre Portela Barbosa, advogado da OAS; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor vice-presidente da área internacional da OAS; Otto Garrido Sparenberg, diretor de operações da Iesa; Gerson de Mello Almada, vice-presidente comercial da Engevix, e Mateus Coutinho de Sá Oliveira, diretor-financeiro da OAS Petróleo e Gás; além de Jayme Alves de Oliveira Filho, agente da Polícia Federal do Rio acusado de transportar dinheiro para o esquema.
O delegado da Polícia Federal Igor de Paula afirmou que as empreiteiras envolvidas na operação desta sexta-feira são parte de um grupo de empreiteiras que prestam serviços ao governo federal, além da Petrobras, e, por isso, acredita que a Operação Lava-Jato poderá se estender a outras áreas do governo.
Já Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Côrrea, segundo a PF, já é considerado foragido. Entre as pessoas que tiveram mandado de condução coercitiva está Marice Corrêa Lima, parente do Tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Ela foi levada à PF para prestar esclarecimento.
De acordo com a PF, quem ainda não foi localizado está automaticamente impedido de deixar o país. Haverá, inclusive, controle de passaporte em aeroportos. Os agentes procuram por Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como lobista do PMDB junto a empreiteiras. Ele ainda não foi localizado, e a ordem de prisão temporária contra ele ainda está em aberto.
Os alvos dessa nova operação são executivos de empreiteiras ligadas ao esquema de fraudes e também pessoas que estariam envolvidas em transporte de dinheiro para doleiros. Na entrevista coletiva realizada em Curitiba, o procurador Carlos Fernando afirmou que esta sexta-feira é um “dia republicano” porque mostra que os alvos da operação Lava-Jato não têm rosto e que independentemente do posto que ocupam, havendo provas, estão sendo responsabilizados. A declaração é uma referência à prisão de ocupantes de cargo de direção de empreiteiras envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras.
Presidente da construtora UTC, o empresário Ricardo Pessoa chega nesta sexta à Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo – Agência O Globo
A PF explicou porque as contas da empreiteiras investigadas não foram bloqueadas nessa nova ação.
– Houve preocupação de não prejudicar o funcionamento normal das empresas. Se houvesse bloqueio, poderia gerar problemas financeiros – disse o delegado da PF Igor Romário de Paula.
– Hoje é um dia republicano. Não há rosto nem bolso – destacou o procurador Carlos Fernando, sobre a prisão de dirigentes de empreiteiras.
Até as 10h, haviam sido cumpridos 4 mandados de prisão preventiva e 14 de prisão temporária, seis ações coercitivas e todos os mandados de busca. A primeira fase da Lava-Jato se concentrou na ação dos doleiros, no desvio de recursos e na lavagem do dinheiro. Nesta nova fase, o foco serão as empresas que pagaram propina. Segundo a PF, existem “provas robustas” contra elas.
Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, assim como ele, também o então diretor de Serviços Renato Duque recebia propinas do esquema de corrupção montado na empresa e foi colocado na diretoria pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Só um dos supostos cúmplices de Renato Duque recebeu 100 milhões de dólares. Esta é a sétima fase da operação que investiga a lavagem de dinheiro de cerca de R$ 10 bilhões em um esquema de propina envolvendo contratos e negócios da Petrobras. Renato Duque foi mencionado como tendo participado do esquema pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, preso pela PF desde março passado. Documento da própria Petrobras apontava que a diretoria de Renato Duque foi responsável pelas 12 licitações das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Os mandados foram cumpridos também em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal. Foi decretado bloqueio de aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. A PF fez buscas em todos os escritórios das grandes empreiteiras citadas no caso.
Foi decretado também o bloqueio de valores de três empresas referentes a um dos operadores do esquema criminoso. Os envolvidos respondem por formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro, além de formação de quadrilha.
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Os grupos investigados na Operação Lava-Jato registraram, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras superiores a R$ 10 bilhões.
Ainda pela manhã, a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão temporária contra um empresário paulista no Recife. Ele foi detido no aeroporto da capital pernambucana, quando tentava embarcar de volta para São Paulo. De acordo com a superintendência da PF no Recife, o empresário, de 57 anos, era diretor técnico de uma empresa no Boqueirão (SP) e estava viajando a negócios. O mandado de prisão temporária foi expedido pelo juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª vara Federal de Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Operação Lava-Jato. O homem detido deve ser encaminhado ainda nesta sexta para a capital paranaense, onde prestará depoimento. A PF não divulgou o nome nem qual seria a participação do empresário no esquema. Além da prisão temporária, a polícia também cumpriu um mandado de busca e apreensão em um apartamento de luxo de outro empresário, localizado na Zona Sul do Recife. A intenção era apreender notebooks, HDs e dinheiro, mas nada foi encontrado no local.
O maior número de prisões foi realizado em São Paulo, onde foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, oito de prisão temporária e duas conduções coercitivas na capital. No Rio de Janeiro, foram quatro mandados de prisão temporária cumpridos.
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