Policiais presos por participação em chacina na Engomadeira e Boca do Rio

policiaiscriminosos

– Apontados como responsáveis pela morte de quatro moradores de rua, em 3 de fevereiro do ano passado, em plena greve da Polícia Militar, os soldados Donato Ribeiro Lima, Samuel Oliveira Menezes e Jair Alexandre Silva dos Santos estão presos, desde 4 de janeiro, no Batalhão de Choque da PM, em Lauro de Freitas, pelos assassinatos de mais três pessoas, ocorridos naquele mesmo dia, horas mais tarde, no bairro da Engomadeira.Um quarto soldado, Willen Carvalho Bahia, também envolvido no crime, está sendo procurado pela Polícia Militar, que efetuou as prisões. Edvanildo Oliveira dos Santos e dois homens, identificados apenas por Elton e Amilton, foram mortos com vários disparos de revólver calibre 38, quando se encontravam num bar, no final de linha da Engomadeira.Nenhum deles tinha passagem pela polícia. Segundo testemunhas que estavam no local, os quatro homens chegaram a pé e, antes de atirar, renderam todos ali reunidos, anunciaram ser policiais e escolheram as vítimas, que foram obrigadas a se ajoelhar com o rosto voltado para a parede.De acordo com o delegado Jackson de Carvalho, da Delegacia de Homicídios Múltiplus (DHM), o crime começou a ser solucionado logo após o noticiário em torno dos responsáveis pela chacina da Boca do Rio, quando fotos dos acusados foram publicadas nos jornais e exibidas nas TVs. Denúncias foram encaminhadas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontando os quatro policiais como os homens que promoveram o ataque na Engomadeira. “Eles não esconderam os rostos e acabaram reconhecidos pelas testemunhas, permitindo que pudéssemos elucidar mais este caso”, lembra o delegado, que vai apurar agora a participação deles em outros homicídios.Boca do Rio – Poucas horas antes dos crimes na Engomadeira, os quatro policiais executaram quatro moradores de rua, na Boca do Rio. Simone Cardoso dos Santos, Caíque Jesus dos Santos, Alan Silva Souza e um homem até hoje não identificado foram mortos também com disparos de revólver calibre 38. Os policiais chegaram a ser presos pelo crime da Boca do Rio, em fevereiro do ano passado, mas foram liberados pela Justiça. Segundo as investigações, os PMs ofereciam serviços de segurança clandestina para comerciantes e também para traficantes que agem nos bairros onde os crimes aconteceram.

Segundo testemunhas, a forma de atuação do grupo era sempre muito parecida e consistia em chegar ao local sem chamar atenção e se identificar como policiais. Em seguida, obrigavam a vítima a deitar no chão ou ficar com o rosto voltado para um muro e atiravam na cabeça. Para não serem reconhecidos, alguns deles usavam balaclavas. Outros, não se preocupavam em esconder os rostos.

Os policiais tinham mandados de prisão preventiva em aberto, solicitados pelo titular da DHM, delegado Odair Carneiro, que coordenou as investigações em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar. O soldado Donato era lotado no16º Batalhão da Polícia Militar (BPM), em Serrinha, enquanto os soldados Samuel e Jair Alexandre pertenciam à 39ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM). Willen também pertencia ao batalhão de Serrinha.