Presidente do Conselho Municipal da Mulher, Maria Otília – diz que “é preciso construir um novo homem e uma nova mulher, capaz de resolver seus conflitos através do diálogo e ponderando a melhor solução para ambos, onde o conceito de família seja o de defender o bem-estar de todos os seus membros”.

Maria Otília, presidente do conselho da Mulher: “é incivilizada uma sociedade que viola os direitos de suas mulheres”

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Para Maria Otília, o problema não é apenas econômico

O Anuário das Mulheres Brasileiras 2011 publicou, recentemente, estudo segundo o qual 43% das mulheres já foram vítimas de violência doméstica. Ainda segundo os números da  Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de todas as mulheres agredidas no país, dentro e fora de casa, 25,9% foram vítimas de seus cônjuges ou ex-cônjuges. A presidente do Conselho Municipal da Mulher, Maria Otília, militante histórica dos movimentos sociais, afirma que, embora a Lei Maria da Penha cumpra um importante papel, o que deve mesmo haver é uma mudança de mentalidade, tanto do homem quanto da mulher. “É preciso construir um novo homem e uma nova mulher, capaz de resolver seus conflitos através do diálogo e ponderando a melhor solução para ambos, onde o conceito de família seja o de defender o bem-estar de todos os seus membros”.

Segundo a militante feminista, a Lei Maria da Penha, sancionada cinco anos atrás pelo ex-presidente Lula, é um instrumento jurídico, conquistado com muita luta e cuja aplicação tem encontrado resistência em setores conservadores do Poder Judiciário, recebendo, por outro lado, a defesa intransigente de setores progressistas. “A lei tem causado uma celeuma jurídica acirrada, por isso é recomendável que as mulheres utilizem esse instrumento e a conheçam, pois esta prevê ações para a eliminação da violência, baseada em medidas educativas”.

Maria Otília afirma que a medida punitiva é o ponto extremo para coibir a violência. “Ninguém pode ser punido por antecipação”. Apesar de todas as políticas públicas implementadas nos últimos anos, com o objetivo de amenizar o impacto do problema, a violência doméstica contra mulheres não foi suprimida e, na visão de Maria Otília, esta só será eliminada quando a sociedade se emancipar humana e socialmente.

“A resolução do fator econômico puro e simplesmente não eliminará a sua prática, visto que sua essência não está cristalizada na pobreza. A eliminação da violência somente se dará sob a égide de um sistema em que a construção da dignidade humana seja coletiva e socializada. Faz-se necessário perpassar pelo imaginário social a compreensão de que as mulheres são seres humanos dotadas de dignidade, capacidade e detentoras de direitos e que a violência doméstica viola os direitos humanos dessas mulheres. Uma sociedade que viola os direitos de suas mulheres é uma sociedade incivilizada e incapaz de se desenvolver humana e socialmente”. fonte blog do sena