Tribuna da Bahia
Com
o prazo findado de filiações sem punições para o recém-criado PSD –
Partido Social Democrata, já se pode contabilizar a quantidade de
prefeitos baianos que engrossaram as fileiras da legenda capitaneada no
Estado pelo vice-governador e atual secretário de Infraestrutura, Otto
Alencar (foto). O partido que chegou com força na
Bahia, conquistando doze deputados estaduais e seis federais, dentro de
uma bancada composta por mais de 50 parlamentares na Câmara Federal,
alcançou status em tamanho também com a adesão de administradores
municipais.
Conforme o presidente estadual, 66 prefeitos de cidades, de diversas
regiões do Estado, ingressaram na sigla. A maioria saiu de legendas que
compõem o grupo de oposição ao governador Jaques Wagner (PT), o que
justifica o clima de forte embate registrado durante os últimos meses,
entre os oposicionistas e o vice-governador, ambiente minimizado
somente, após a confirmação da sigla pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
Nesse cenário, o PMDB, o DEM e o PR
foram os que mais perderam alcaides para o PSD. Consta que 24 prefeitos
que adentraram na legenda eram do PMDB; 18 do DEM; 12 do PR e seis do
PSDB, sendo os demais de partidos menores. Segundo Otto, em seis meses,
o partido se ramificou por 405 municípios. A presença da agremiação em
vários territórios ocorreu de forma rápida, superando o histórico de
legendas que levam anos para obter o mesmo alcance.
Na Bahia, nas últimas eleições municipais, o PT e o PMDB eram os que
mais tinham participação nos municípios, com grande número de filiados.
O PSD arrastou prefeitos de cidades de todos os portes e conquistou
políticos do interior com históricos diferenciados. Alguns deles, em
dado momento do passado, compuseram o carlismo, a exemplo da prefeita
de Barreiras, Jusmari Oliveira, que estava no PR, mas que já havia
pertencido ao antigo PFL.
Além dela podem ser citados entre os de cidades de médio porte que
seguiram para o novo ninho, o prefeito de Simões Filho, Eduardo
Alencar, irmão do vice-governador; de Ribeira do Pombal, José Lourenço,
mais conhecido como Zé Grilo, que deixou o ninho peemedebista; de
Itamaruju (Extremo Sul), Manoel Pedro Soares, que pertencia ao PHS; de
Jeremoabo, João Batista, ex-DEM; Euclides da Cunha, Fátima Nunes,
ex-DEM, entre outros.
Otto atribui a ida de muitos prefeitos para a legenda à
“insatisfação” com o comando de seus partidos e à vinculação com as
lideranças do PSD e deputados estaduais e federais que, ao mudarem,
conseguiram carregar suas bases junto. “Eles não foram obrigados a vir.
Vieram pela ligação que tinham conosco”, disse. Sua longa trajetória na
política, com extensa rede de contatos no interior teriam também
influenciado.
“Nenhum partido começou tão forte e o que é bom é o clima de unidade
que tem existido dentro do grupo. Isso é um bom presságio para as
eleições”, frisou. E por falar em sucessão municipal, a sigla terá 168
candidatos a prefeitos. Segundo ele, onde não houver candidaturas, o
PSD irá apoiar postulantes de partidos da base de sustentação ao
governo.
“Dentro do possível, eu, como presidente, vou fazer esforço para
buscar o consenso para que os partidos possam caminhar na aliança, que
é o melhor caminho para a vitória”, afirmou.
Oposicionistas minimizam
Atingidos pela chegada do PSD, democratas e peemedebistas ironizam o
movimento de prefeitos que foram para a nova legenda e aproveitam para
descrever a política “como uma maré que uma hora está cheia e em outra
está rasa”.
Segundo os presidentes estaduais do PMDB, o deputado federal Lúcio
Vieira Lima, e do DEM, José Carlos Aleluia, a maioria dos prefeitos que
hoje está no PSD já tinha tendências pró-governo. “O que houve na
verdade foi uma depuração, pois eram prefeitos que não tinham
compromissos ideológicos. Muitos usaram o PMDB, como vão usar agora o
PSD. Esses que foram já não votavam conosco”, dispara Lúcio. O
presidente também diz não estar preocupado com a saída dos
ex-aliados. “Eu estou dando é risada, pois o governador já criou até as
categorias de prefeito e esses que estão aderindo agora são
considerados por ele como de terceira categoria.
Estou vendo de camarote uma base totalmente inchada para dividir um
bolo muito pequeno”, ironizou, lembrando que entre os que já não
seguiam as orientações políticas do PMDB estão a prefeita de Governador
Mangabeira, Domingas da Paixão; São Gonçalo dos Campos, Antonio Dessa
“Furão”; Ouriçangas, Nildon da Silva; Tancredo Neves, Josué Paulo dos
Santos Filho.
Em tom crítico, o presidente do DEM também sinaliza que já não havia
fidelidade por parte dos ex-filiados. “Eles já não eram de nenhum
partido. São do PG, ou seja, do partido do governo. Quando nós
ganharmos também irão para o nosso lado”, alfinetou. Aleluia diz que o
novo partido é apenas “um instrumento temporário de poder”, e vai mais
além ao defini-lo como “uma ambulância que recolhe os feridos”.
“Portanto não há nada de novo no ar, além dos aviões de carreira”,
afirmou ao destacar que essa teria sido uma dinâmica já vista no
passado, quando o ex-PFL e atual Democratas estava no poder. “Vale
dizer também que eles (os prefeitos que migraram) não decidem, pois se
decidissem nós teríamos conquistado as urnas em 2006”, acrescentou.
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