Artigo: O ECUMENISMO

 

O ECUMENISMO (Raimundo de Oliveira. Religiões, Seitas e Heresias)

O movimento ecumênico é um dos movimentos mais comentados da atual fase da história eclesiástica. Por isso, faz-se necessário estudá-lo, para podermos confiadamente tomar posição.

ASPECTOS TEOLÓGICOS DO ECUMENISMO. A palavra “ecumenismo” é de origem grega (oikoumene) e significa: “a terra habitada”, isto é, a parte da terra habitada pelo homem e organizada em comunidades sistemáticas, a saber: vilas, fazendas, cidades, escolas, instituições, etc. Com este significado, a palavra “ecumenismo” aparece nas seguintes passagens do NT:

• “… levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo [=oikoumene]. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero” Lc 4.5,6).

• “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo [=oikoumene], para testemunho de todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14).

No decorrer dos séculos, três diferentes segmentos do Cristianismo têm se apropriado desta palavra, reivindicando ecumenicidade:

1) A Igreja Católica Romana afirma ser ecumênica por abranger todo o mundo.

2) As igrejas ortodoxas do Oriente alegam sua ecumenicidade, apontando sua ligação com a igreja primitiva.

3) Certas igrejas protestantes, estimuladas pelo “Ecumenismo de Genebra”, desenvolvem atividades no sentido de unir as igrejas de todo o mundo para com isso fazer visível a união da cristandade.

PROPÓSITO DO ECUMENISMO. Não obstante possuírem elementos distintos, as igrejas Católica Romana, Ortodoxa e protestante vêm-se esforçando no afã de alcançar um ecumenismo amplo e sem fronteiras, e que culmine com a união de toda a cristandade. E com o propósito de tornar isso possível, duas medidas foram tomadas:

1) Por iniciativa de algumas igrejas protestantes, em 1938 foi fundado o Concilio Mundial de Igrejas (CMI), visando colocar sob uma mesma bandeira todos os segmentos do Protestantismo.

2) A realização do Concilio Vaticano II, no período 1962/65, em que foi largamente tratada a questão dos “irmãos separados” (uma referência aos protestantes) e sugeridos métodos para reuni-los num só rebanho.

Devemos reconhecer que a proposta ecumenista da Igreja Católica Romana, feita pelo Concilio Vaticano II, tem um alcance bem maior do que as medidas ecumenistas propostas pelo Concilio Mundial de Igrejas, pois visa congregar num só rebanho toda a cristandade. O ponto mais alto da questão ecumenista, proposta pela Igreja Romana, consiste num problema de duplo aspecto:

1) as igrejas protestantes e ortodoxas devem lembrar-se de ter deixado o catolicismo, decidindo-se voltar ao seio da “Igreja-Mãe”;     2) devem submeter-se à orientação do papa de Roma como o “único pastor”.

Evidentemente, para os protestantes e para a Igreja Ortodoxa aceitar a política ecumênica do Vaticano significa a perda de identidade e a renúncia de muitos séculos de luta contra o predomínio católico-romano, a adoração das imagens de escultura, a pretensa infalibilidade papal e demais hábitos e crenças pagas do catolicismo romano.

ALCANCE DO ECUMENISMO

Após vários anos de relutância contra o ecumenismo proposto pelo Concilio Mundial de Igrejas, as igrejas ortodoxas da Rússia, Bulgária, Romênia e Polônia fizeram-se membros efetivos do Concilio, pelo qual a Igreja Católica Romana, até então indiferente e até mesmo suspeita, passou a demonstrar um profundo interesse.

Na assembléia do Concilio Mundial de Igrejas, reunida em Upsala, em 1968, os quinze observadores oficiais da Igreja Romana foram recebidos com uma calorosa salva de palmas. Inclusive um deles chegou a dizer que esperava o dia em que sua igreja viesse a ser um dos membros efetivos do citado Concilio.

Por todo o mundo onde o Concilio Mundial de Igrejas tem as suas filiais, os católico-romanos e protestantes estão se aproximando cada vez mais, unindo-se em muitos dos seus projetos e atividades da igreja. Hoje é muito comum ouvir de cultos e outros eventos religiosos, celebrados por pastores protestantes e sacerdotes católicos, ou vice-versa.

No Brasil, o ecumenismo tem lançado suas bases através do Concilio Nacional de Igrejas, e dele já fazem parte a Igreja Luterana, a Episcopal do Brasil, a Cristã Reformada e a Católica Romana.

NOSSAS OBJEÇÕES AO CMI E AO ECUMENISMO. O reverendo Alexander Davi, da Igreja Reformada, e professor do Seminário Teológico da Fé, de Gujranwala, Paquistão, abandonou o Concilio Mundial de Igrejas, e justificou a sua decisão com as seguintes palavras: “O Concilio Mundial de Igrejas está nos levando para a Igreja Católica Romana. O seu programa expresso é conseguir a união de todas as denominações protestantes em primeiro lugar; depois a união com a Igreja Ortodoxa Grega, e finalmente a Igreja Católica Romana. Essa união com a Igreja Católica Romana será uma grande tragédia para as igrejas protestantes, porque, em conseqüência, destruirá o testemunho distintivo do protestantismo. A Igreja Católica Romana não modificou a sua doutrina desde os dias da Reforma do século XVI, pelo contrário, tem acrescentado muitas tradições e superstições ao seu credo. Portanto, no caso de uma união, as igrejas protestantes serão, em última instância, absorvidas em uma igreja católica monolítica” (O Presbiteriano Bíblico, dezembro de 69 e maio de 70). Sede do Conselho Mundial de Igrejas (Genebra, Suíça)

Isto posto, é a seguinte a NOSSA POSIÇÃO diante do Concilio Mundial de Igrejas e de suas pretensões ecumenistas:

1) A unidade sobre a qual Cristo falou em João 17.19-23 tem o próprio Cristo, e não qualquer outra pessoa (mesmo que seja o papa), como centro de convergência.

2) Insistimos na absoluta necessidade de o homem nascer de novo (Jo 3.3), condição única para a salvação, enquanto o ecumenismo proposto pelo CMI procura congregar num “só rebanho”, salvos e ímpios, como se nenhuma diferença existisse entre ambos.

3) Insistimos na necessidade do cumprimento da ordem missionária de Jesus, o que só será possível se virmos os homens como Cristo os viu, pecadores perdidos, sujeitos ao inferno, não importando a que religião pertençam (Lc 19.10).

4) Insistimos na unidade da Igreja invisível em torno de Jesus Cristo, mas sob a orientação do Espírito Santo, independentemente do que os esforços e a política humana possam fazer.

5) Cremos que o Concilio Mundial de Igrejas, com a sua política ecumenista, está sendo instrumento de Satanás para levantar na Terra uma superigreja que, após o arrebatamento da verdadeira e triunfante Igreja, dará suporte espiritual ao governo do Anticristo, da Besta e do Falso Profeta, durante a Grande Tribulação.

Por estas e tantas outras razões, repudiamos o Concilio Mundial de Igrejas e a sua política ecumenista

Pastor Caio Fábio e os Pastores “Bundões”

O pastor Caio Fábio tem uma trajetória de vida muito interessante com características dificilmente encontradas num único homem;  excelente orador, filósofo, escritor, um pensador de altíssimo nível, um homem com o dom de discernimento e muitos outros dons espirituais. Uma pessoa admirável sob muitos aspectos. Como disse o pastor Ariovaldo Ramos: Caio Fábio é o melhor de nós.

Eu mesmo tenho profunda admiração pelo pastor Caio e profundo respeito pelo homem de Deus que ele é. A sua história de vida e ministério me fazem refletir muito sobre a minha própria vida, bem como sua postura atual em relação a igreja evangélica e a crítica quase constante a este segmento.

Caio rompeu com o movimento evangélico e deu início ao movimento chamado Caminho da Graça que atrai evangélicos e não evangélicos.

Vou me atrever a dar minha análise a respeito do ministério atual do pastor Caio Fábio e suas posturas, de forma alguma esta análise visa diminuir ou prejudicar o pastor, faço isso de boa mente pois eu mesmo tenho muitas fraquezas, mas isso não deve me impedir de fazer esta análise.

Lembro também que devemos aprender com os erros uns dos outros, Caio me ensina até errando.

Este abandono do movimento evangélico me faz recordar as experiências amargas de Moisés com o povo de Israel. Moisés sofreu muito, passou por crises tremendas de ministério, pediu para morrer em determinado momento ao dizer a Deus que riscasse seu nome do Livro da Vida.

Quando estava desiludido no ministério pastoral dizia a Deus: “Este teu povo!”, como se ele mesmo não tivesse e não quisesse compromisso com aquele povo de coração duro. Como pastor eu me solidarizo com Caio Fábio e Moisés, eu também já pensei em desistir algumas vezes, a pressão é muito grande e o ministério pastoral a cada dia é desvalorizado.

Moisés que era o homem mais manso da terra bateu na rocha devido a sua irritação com a igreja e por este gesto pagou um alto preço diante de Deus, como sabemos.

Pastor Caio continua batendo muito forte na igreja evangélica com a mesma irritação de Moisés ou pior, mais recentemente chamando os pastores, que não tomaram o mesmo caminho que ele tomou, de “bundões”, de “bundas moles”, querendo dizer que estes pastores, que vivenciam estes dilemas com a igreja evangélica, são frouxos e medrosos.

http://www.youtube.com/watch?v=FSVmBPkvOyQ&p=DF2C1F9FBE0834E8&playnext=1&index=1

Mas olhando a experiência de Moises e a de muitos pastores com os quais convivo, creio que esta postura ácida do Caio não procede, ao meu ver, foi ele quem correu da raia ao perceber o tamanho do desafio de pastorear a igreja evangélica brasileira que está no deserto da pós-modernidade.

A liberdade do Caio hoje é cômoda, boa pra quem não suportou a pressão. Caio é visto hoje por aqueles que o seguem como um João Batista chamando os religiosos evangélicos ao deserto do caminho da graça eu contundo o vejo mais como um Moisés que abandonou o rebanho no deserto. Mesmo assim ele continua sendo uma bênção, eu só penso que ele deveria “pegar mais leve” com os homens de Deus e tirar a trave do olho nesta questão.

Eu vejo que o profeta Moisés apesar do aperto, não fugiu da raia e pastoreou o rebanho tão endurecido pelo pecado até o ultimo suspiro.

O apóstolo Paulo também percebeu os problemas graves da igreja na Galácia, fez as denuncias apropriadas a respeito do legalismo, bem como do sincretismo dos Colossenses, mas não demonstrou em momento algum a mesma postura do Caio em relação a igreja. Paulo tratou o pecado de cada igreja sem contudo dar as costas, sem sair pela tangente.

Paulo tinha uma filosofia diferente diante dos desafios e desvios da igreja, a igreja de Éfeso, por exemplo, estava enfrentando problemas doutrinários e Paulo pede a Timóteo para ficar na igreja a fim de advertir que não ensinem outra doutrina. Fácil é sair, difícil é ficar e enfrentar, e denunciar estando dentro, fazer denuncias de fora é muito cômodo.

“Como te  roguei, quando parti para a Macedônia, que FICASSES em Éfeso, para advertires a  alguns, que não ensinem outra doutrina” I Tm 1.3

Observe que Paulo sabiamente usa  a palavra “alguns”, pois ele sabia que a grande maioria das pessoas daquela igreja eram gente boa de Deus e não descartou a igreja por causa de um grupelho de pessoas incautas.

Os pastores das sete igrejas do apocalipse, chamados de anjos, não abandonaram as suas congregações mesmo em face dos diversos e graves problemas que cada uma apresentou. Onde estariam as igrejas agora se todos os pastores que enfrentam problemas de religiosidade e secularismo, deixassem seus rebanhos que lhes foram confiados pelo Senhor?

Demonizar todo o movimento evangélico não resolve o problema, classificar de forma tão baixa os pastores que denunciam o mau no meio evangélico sem radicalizar e sem abandonar o rebanho, é um erro crasso pois nós haveremos de prestar contas diante de Deus pelas ovelhas que ele nos confiou.

Falta ao Caio moderação, equilíbrio psicológico e teológico, o fato de ser uma pessoa carismática e atraente não deve impedir que vejamos a tendência psíquica dele pela polarização, pela radicalização que é fruto dele mesmo e suas incongruências quando se diz avesso a teologia sistemática e de vez em quando ensina tal teologia, quando prega o evangelho que nós sabemos ser seletivo, ser de porta e caminho estreito e afirma que vai encontrar com Chico Xavier e com as “pessoinhas” boas do espiritismo e de outras religiões.

Caio só discursa sobre o lado ruim da igreja evangélica, é uma mania, é uma espécie de esquizofrenia, ele não percebe o lado bom, ele não realça o outro lado, a sua metralhadora giratória não para, ele atinge bons e maus sem distinção.

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível…vigilante, sóbrio…moderado, não contencioso…” I Tm 3.1-3

Falo com temor e tremor, mesmo porque tenho grande estima pela igreja evangélica e pelos pastores corajosos que não arredaram o pé diante de tão grande desafio. Tenho profunda estima por Caio Fábio e a minha estima por ele me leva a falar a verdade em amor.

 

Vitória da Conquista, 28 de setembro de 2010.

Pr. Stênio Verde