Foto: Fernanda Chagas/Política Livre
Governador Rui Costa
O ponto mais importante da excelente entrevista – do ponto de vista do conteúdo expresso por um político nordestino e do PT – que o governador Rui Costa deu à revista Veja que circula este final de semana, a qual se pode ler pelo link publicado aqui, é aquele em que fala que pode não ser candidato a nada em 2022.
“Na medida em que me coloco à disposição, concordo em ser qualquer coisa, inclusive (em) não me candidatar a nada. Quero contribuir porque o povo brasileiro não merece passar por isso que está vivendo”, afirma Rui, ao ser abordado sobre a possibilidade de concorrer à Presidência da República.
Ora, ora, todo mundo sabe que o governador pode ser, no máximo, candidato a senador pela Bahia na próxima sucessão estadual e que as referências a um projeto presidencial não passam de marola midiática a fim de mantê-lo numa faixa superior de expectativas do que a que efetivamente tem condições de enfrentar.
O candidato natural do PT para 2022 é Fernando Haddad, que, segundo as últimas pesquisas, venceria o presidente Jair Bolsonaro (PSL), em franco processo de desgaste pelo que fala e pelo que não faz, de acordo com os últimos levantamentos. Haddad surfa no recall da campanha passada, naturalmente.
Portanto, o espaço a que o líder petista baiano estaria restrito seria o de uma candidatura a senador. Ocorre que há uma luta intestina no PT, como prova a disputa ainda não encerrada pelo comando do partido no Estado, para que Rui não concorra a nada, permitindo que Jaques Wagner saia candidato a governador em 2022.
Parece ser este o recado mais importante que Rui dá na conversa com a Veja que, por ser veículo nacional, não percebeu a sua sutileza. Como se sabe no Estado, esta é a tese que Wagner vem defendendo internamente no PT, como já registrou este Política Livre, à qual Rui, irresignado pelo empoderamento, dava sinais de resistência.
A entrevista nacional mais recente do petista mostra que, pelo visto, o governador entendeu a gravidade da situação e a necessidade de concluir o mandato até o fim para não desarrumar a base, jogando numa disputa fratricida seu partido, o PP e o PSD, doidos para sucedê-lo, ao contentar-se em não concorrer a nada em benefício do grupo.
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