Um verdadeiro genocídio contra a humanidade vem acontecendo há anos no Brasil, e os nossos governantes já poderiam ter sido levados às barras dos tribunais internacionais para serem julgados pelos seus crimes de lesa pátria. Ao lado da violência, o que vem ocorrendo na saúde pública é um massacre, pior que em muitas guerras. Um estudo constatou que morrem no país mais de 150 mil pessoas por ano por negligência e falta de atendimento médico em postos e hospitais.
Os erros de gestão, a incompetência governamental, os roubos no setor e a consequente falta de recursos para gerir a saúde descambaram para crimes em massa, condenados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal, com matanças generalizadas das camadas mais pobres excluídas pelo perverso sistema capitalista. Para constatar a realidade dos horrores, basta visitar os corredores dos hospitais públicos e as filas de marcação de consultas, conhecidos como da morte. São choros, lamentos e gemidos de ranger de dentes.
Praticamente, todos os dias somos obrigados a ver imagens e relatos constrangedores e deprimentes nos veículos de comunicação, de mulheres parindo sozinhas nas recepções de hospitais, alas imundas entulhadas de gentes de todas as idades, doentes terminais morrendo nas ambulâncias por falta de vagas e atendimento médico e outras atrocidades. As unidades estão mais para açougues dos horrores e câmaras coletivas de matanças de seres humanos. Na verdade, não existe nada de saúde. Muito pelo contrário.
Dos 5.570 municípios brasileiros, só 572 dispõem de unidades de terapia intensiva, sendo 466 do SUS, o equivalente a menos de 10%. O levantamento é do Conselho Federal de Medicina (CMF). Pelo Ministério da Saúde, o Brasil possui 44.673 leitos de UTI, um aumento de 41,6% em 10 anos, insuficientes para atender a demanda, segundo o Conselho.
Ainda, de acordo com o CFM, 60% dos leitos de UTI são ocupados por pacientes acima de 65 anos, com tempo de permanência média sete vezes maior do que a população mais jovem. Desde 2010, a quantidade de idosos nesta faixa etária saltou quase 40%, passando de mais de 13 milhões para mais de 18 milhões em 2018.
Na Bahia, por exemplo, com mais de 15 milhões de habitantes, há menos leitos para a população, existindo uma necessidade maior que a média nacional. Possui apenas 2.029, correspondendo a 4,6% dos municípios. A quantidade disponível para cada 100 mil pessoas é uma das mais baixas da região Nordeste, só atrás do Maranhão e do Piauí. A disputa por um leito nestes estados é bem mais desumana. Só um pequeno percentual é atendido.
O Sudeste concentra cerca de 23.636 das unidades de terapia (53,4%). Destes, 46,4% são leitos públicos e 59% privados. O Norte tem a menor proporção, ou seja, 2.206 (5%).
Com 57 milhões de pessoas, o Nordeste tem apenas 8.279 leitos, compreendendo 18,7% dos municípios, sendo 4.531 do SUS (21,1%) e 3.739 da rede privada (16,44%).
Este quadro geral é apenas um dos escabrosos retratos da saúde no Brasil, que reflete a indigência do setor. As imagens de sofrimento, clamor e as enfermarias que estão mais para campos de concentração em tempos de guerra dispensam estatísticas, sem falar na falta de medicamentos, equipamentos e materiais básicos nas unidades hospitalares.
Saúde no Brasil é caso de polícia, de intervenção das comissões de direitos humanos e dos organismos internacionais porque virou crime de lesa-humanidade. Os criminosos responsáveis têm que ser levados aos tribunais penais para que sejam julgados e condenados pelos seus atos. O que acontece é simplesmente uma estupidez contra o ser humano, banalizada pelo cotidiano de torturas físicas e psicológicas. Por Jeremias Macário.
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