Há muitos anos eu não tinha visto um movimento paredista, nascido exclusivamente de uma classe, como este dos motoristas, no Brasil. É um movimento que atinge em cheio pretensões políticas de todas as naturezas e que não aceita em hipótese alguma qualquer suporte ou apoio de políticos de nenhum partido político, e nem tampouco de sindicatos ou centrais sindicais. A população está acuda? Acredito que não, pois tenho visto várias e várias pessoas levando aos motoristas que estão estacionados nas laterais das rodovias, tanto a Rio-Bahia sentido norte, quanto sentido sul, alimentos, gêneros de primeira necessidade e muitas palavras de conforto e fé. São caminhões e mais caminhões carregados de combustível, gêneros alimentícios, produtos de construção, veículos etc, que estão parados, e sabem por quê?: O governo há muito subestimou esta classe, assim como todo o povo brasileiro, com sua política desastrada, baseada no arrocho e na exploração da mão de obra, fazendo os seus preços para os mesmos. Os nossos combustíveis hoje são os mais caros do mundo, e nem parece que somos produtores de petróleo, nem parece que possuímos o pré-sal. Na segunda maior refinaria de petróleo do País, a Refinaria Landulfo Alves, não saiu um carro tanque, e assim segue nas demais refinarias. Por outro lado, os caminhoneiros tem sido sensíveis, deixando passar ambulâncias, viaturas policiais, veículos com pessoas doentes etc. Eles conseguiram o que nenhuma classe de trabalhadores no Brasil conseguiu ao longo de mais de 20 anos, angariar a simpatia da população. O governo, através do presidente da câmara tenta as mais diversas “artimanhas”, como por exemplo, reduzir ou acabar com a famigerada CIDE, que importa em 10% sobre o preço do combustível, imposto este que vem sendo cobrado há longos anos sob o pretexto de conservar as rodovias, e aí é de se perguntar, qual a rodovia está sendo conservada com tal imposto? Nenhuma! Também tentam reduzir o ICMS, mas não chegam a um acordo. Lendo algumas publicações do sul do País, e também do exterior, notei, por exemplo, que no Paraguai se vende gasolina que é importada do Brasil, e fornecida pela Petrobrás, ao preço de R$2,99 (dois reais e noventa e nove centavos), isto mesmo. De igual forma em outros Países do Mercosul a gasolina e o diesel é muito mais barato que o combustível que é vendido no Brasil, e que somente esta semana já teve 09 (nove) aumentos. Como se isso não bastasse agora a desonestidade dos donos de postos de gasolina que ainda possuem estoque e que estão vendendo o combustível com o preço que querem e entendem. Não é de hoje que ouço dizer que existe a cartelização dos preços dos combustíveis, não somente aqui em nossa cidade, mas também em toda a Bahia, mas sempre se escuta a velha conversa de que estamos criando a comissão tal para investigar, e nada se faz de efetivo em favor da população.
Agora só me resta dizer: Parabéns senhores caminhoneiros por finalmente unir o nosso País contra o abuso e descaso dos nossos “representantes e autoridades”, os primeiros que só visam poder e dinheiro nos seus propósitos, esquecendo-se que o maior sentido de ser humano, e do trabalho é buscando a paz social, a remuneração justa e o bem da população.
Dr. Afranio Garcez, advogado, e escritor.
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