CULTURA DO ALGODÃO EM BRUMADO

 

 

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CULTURA DO ALGODÃO:

            A cultura do algodão é uma vocação do município de Brumado e região. Já foi, no passado, considerado como “ouro branco” e foi o sustentáculo da economia da cidade ao lado da mineração. O Banco do Brasil, segundo informações colhidas de ex-funcionários, chegou a fazer 3 mil contratos por safra, para o plantio do algodão, atingindo a 5 mil mutuários incluindo as lavouras de milho, mamona, mandioca e feijão, atendendo às localidades de Brumado, Aracatu, Malhada de Pedras, Rio do Antônio, Tanhaçu, Tranqueiras, Dom Basílio e Livramento de Nossa Senhora.

 

             O comércio do algodão, tanto em capulho quanto beneficiado era muito movimentado, milhares de reais (moeda de hoje) circulavam no município, os negociantes de produtos defensivos e implementos agrícolas tinham vendas certas e, o dinheiro dos empréstimos era depositado em contas correntes dos agricultores, pelo banco financiador. Os comerciantes de outras áreas se beneficiavam também com a pujança da cultura do algodão, milho, feijão, mamona, mandioca e da criação miúda.

 

            Os Usineiros recebiam, por antecipação, empréstimos como os EGFs (empréstimo garantido do governo federal) e AGFs (aquisição garantida pelo governo federal), que se referiam a compras por antecipação de estoques, pelo preço mínimo e, assim, os usineiros realizavam as chamadas “compra na folha”, antecipação da aquisição da safra aos produtores.

 

            Em Brumado e região, funcionavam várias usinas de descaroçamento e beneficiamento do algodão, sendo, cinco de propriedade privada e uma do governo federal, as quais atendiam aos produtores em geral.

 

            Empregavam-se milhares de pessoas nas diversas etapas, como preparação do solo, plantio, manejo da cultura (limpeza, poda, e tratamento fitossanitário, colheita, descaroçamento e enfardamento da pluma.

 

            A sua comercialização atraía comerciantes de outros Estados, que reforçavam o fluxo do comércio local e acirravam a concorrência, regulando o preço do mercado. Enfim, toda a cadeia produtiva – a comercialização e industrialização, demandavam uma quantidade enorme de mão de obra, na sua maioria, de pessoas sem nenhuma qualificação especializada e a injeção significativa de capital circulante constituiu e consolidou a cidade como centro abastecedor das cidades circunvizinhas. Status do passado.

 

            O cultivo do algodão é empreendido pelo homem desde a antiguidade na Índia há pelo menos 5 mil anos. O algodão era cultivado também nos antigos impérios chinês e egípcio e na América pré-colombiana, enquanto os europeus ainda desconheciam tal produto e utilizavam a lã de origem animal para produção de tecidos.

 

            Consta que os indígenas, no Brasil, já utilizavam o algodão para confecção de tecidos, antes da chegada dos portugueses. O fato de o algodão ser de grande proveito econômico deve-se, sobretudo aos relativos baixos custos exigidos pela mão de obra e pelo processo simples da sua industrialização. Vale ressaltar que a indústria têxtil teve início com o advento da máquina de fiar, utilizada por nossos antepassados.

 

            O algodão é considerado a mais importante das fibras têxteis e uma das plantas de aproveitamento mais completo, para cuja cultura exige-se enorme quantidade de mão de obra. É de relevante importância na Bahia, no Brasil e no mundo. Está entre as dez maiores fontes de riqueza no setor agropecuário do Brasil.

 

            Com o desestímulo à cultura do algodão entrou em decadência por falta do tratamento adequado, de compromissos e incentivos dos governos, pela omissão e descaso, pela falta de orientação técnica dos órgãos competentes e pela falta de financiamento, com isso houve um grande prejuízo para a economia de Brumado e o agravamento social da região, com o êxodo rural.

 

             Hoje, em Brumado, não se faz, com os mutuários do Banco do Brasil, nenhum contrato para o plantio de algodão, pela falta de créditos com juros adequados e justos e pela inércia e insensibilidade dos gestores públicos com as políticas agrícolas. Há de se esperar que, pela importância socioeconômica da lavoura algodoeira, os governos resgatem essa atividade agrícola de suma importância para nossa região, cuja planta se adapta ao clima instável e inclemente, permitindo, inclusive, mais de uma colheita − as soqueiras.

 

             Espera-se que o Município, o Estado, e os empresários, como gestores econômicos, em parceria,  tenham a  sensibilidade política e administrativa de lutar pela revitalização da cultura algodoeira e busquem as iniciativas para o desenvolvimento local, mediante articulação de políticas de aporte de recursos financeiros e técnicos para a implementação das potencialidades e das vocações agropecuárias, comerciais e industriais do município.

 

            É imperioso que os agentes políticos locais estejam estimulados pela vontade político-administrativa de fazer acontecer e realizar as prioridades básicas exigidas pelo setor produtivo.

 

            As usinas dos industriais brumadenses estão desativadas, algumas foram transferidas para outras localidades, aumentando o desemprego e promovendo o desequilíbrio da economia municipal, indo gerar empregos e rendas em outras cidades que se mostraram mais eficientes e mais competentes, que souberam negociar a forma de impulsionar o desenvolvimento do seu município.

 

            Brumado, uma cidade com  mais de 70 mil almas, uma das mais importantes do Sudoeste baiano, não dispõe, ainda, de uma Estação de tratamento de Esgoto (ETA). Uma necessidade imprescindível para a saúde da população e despoluição do rio-esgoto que o MODERA tem feito ingente esforço para oxigená-lo e fazê-lo reviver.

 

            Imprescindível a construção de uma nova barragem que atenda às necessidades do abastecimento humano e outros usos, luta de muitos anos que até o momento não se concretizou, apesar dos esforços despendidos pela união de todos os seguimentos da sociedade brumadense, organizada.

 

            As carências são muitas, e as soluções só se concretizarão se o povo tiver a consciência de exigi-las pela participação efetiva e a cobrança política, elegendo agentes governamentais que assumam compromissos de interesse público com os que os elegem para, em seu nome, no exercício do mandato, atender às reivindicações  do povo.

 

Antonio Novais Torres

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Brumado, em 03/06/2003