No próximo final de semana se comemora o São João. Na Bahia, os festejos juninos têm atraído cada vez mais turistas de fora do estado, além de haver um grande fluxo de pessoas que saem da capital rumo às cidades do interior. A movimentação econômica gerada por esse tráfego de milhares de pessoas é o tema do programa “Encontro com Gabrielli” desta semana.
No seu comentário, o economista e secretário do Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, fala sobre os reflexos do São João na economia baiana respondendo a perguntas de ouvintes. A primeira delas foi feita por um morador da cidade de Euclides da Cunha, que quis saber a razão do milho aumentar de preço neste período do ano.
Gabrielli explicou que o milho, assim como o amendoim e outros produtos típicos juninos, costumam ficar mais caros neste período. Contudo, este ano, por causa da estiagem prolongada e da vontade de alguns comerciantes de lucrarem mais com a situação, os preços ficaram ainda mais altos.
“É fato que mais de 40% de toda a produção de milho da Bahia está em municípios diretamente atingidos pela seca, o que significa que se o produto está mais difícil de conseguir e a procura é grande, a tendência são os preços aumentarem”, explicou o secretário.
No ano passado, por exemplo, a espiga custava aproximadamente R$ 0,16 na mão do produtor, enquanto este ano já ultrapassa os R$ 0,30. O mesmo ocorre com o amendoim, cuja saca, em 2011, não passava dos R$ 80 e, este ano, em municípios como Feira de Santana e Salvador, é comercializado por mais de R$ 200. “Minha dica é pesquisar e pechinchar na hora da compra”, sugere Gabrielli.
Outra ouvinte, Keytianne Souza, de Feira de Santana, quis saber se seu município, mesmo não tendo decretado estado de emergência por causa da seca, pode ter a economia gerada pela festa de São João afetada. Em resposta, Gabrielli lembrou que já são mais de 245 municípios com estado de emergência decretado, o que representa quase 60% de todo o estado.
“Todos vamos pagar um pouco mais caro neste São João, seja pela canjica de milho, amendoim ou pelos licores, cujas frutas têm origem nas cidades afetadas”, esclareceu o secretário. Segundo ele, de um modo geral, mesmo os municípios que não decretaram estado de emergência reduziram o valor investido na festa. A própria cidade de Feira, e outras como Amargosa, Senhor do Bonfim, Camaçari e Piritiba, diminuíram os investimentos em até 70% em relação a 2011.
A ouvinte Leonor Bartiloti, de Senhor do Bonfim, uma das cidades mais procuradas pelos turistas, quis saber qual o impacto para o município da redução no número de dias de festa, por causa da seca. Além de observar que este São João será atípico para todos os municípios, por cair num final de semana, Gabrielli comentou que “no caso das cidades que reduziram os dias dos festejos, os ganhos para a economia local tendem a ser menores, mas em compensação esses municípios podem receber uma quantidade maior de visitantes em comparação aos anos anteriores, já que em alguns municípios não vai haver São João”.
Apesar das particularidades dos festejos juninos de 2012,levantamentos apontam que, nos últimos quatro anos, os pacotes de viagem com destino para a Bahia no período do São João triplicaram. Em relação ao fluxo interno de pessoas, a Agerba estima que, este ano, 210 mil pessoas embarquem na rodoviária da capital rumo às cidades do interior. Para atender a esta demanda estão sendo disponibilizados dois mil horários extras por dia.
“Toda essa movimentação, evidentemente, gera um aquecimento na economia local”, pontua Gabrielli. Ele exemplifica com os casos de moradores que alugam suas casas e pessoas que ganham renda extra vendendo comidas e produtos típicos, que na maioria das vezes são produzidos com matéria-prima extraída do próprio município. “Além disso, grande parte do que as pessoas ganharem com o São João será gasto na própria cidade, movimentando a economia”, conclui.
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