O Vaticano contestou nesta quarta-feira as declarações de seu secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, que relacionou os escândalos de pedofilia na Igreja Católica à homossexualidade. “As autoridades eclesiásticas consideram que não são competentes sobre temas de caráter médico e psicológico e assinalam os estudos especializados e as investigações em curso sobre o tema”, afirma uma nota divulgada pelo porta-voz do papa, padre Federico Lombardi.
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Bertone disse na segunda-feira, durante uma visita a Santiago do Chile, que a Santa Sé tomará novas iniciativas surpreendentes contra a pedofilia. O cardeal afirmou que a pedofilia entre os sacerdotes tem mais a ver com a homossexualidade do que com o celibato.
“Muitos psicólogos, muitos psiquiatras, demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros comprovaram, e me disseram recentemente, que há relação entre a homossexualidade e a pedofilia. Isto é verdade, este é o problema”, disse Bertone em uma coletiva de imprensa em Santiago.
Protestos – A França condenou o “amálgama inaceitável” entre pedofilia e homossexualidade feito por Bertone. Autoridades, médicos e movimentos de defesa de grupos homossexuais no Chile pediram a Bertone que prove as ligações da homossexualidade com a pedofilia.
“Eu não tenho essa opinião, gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter. Tenho uma grande estima pelo Cardeal Bertone, mas tenho a sensação que neste caso ele está equivocado”, afirmou o senador democrata-cristão Patricio Walker.
O líder do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu que o cardeal mostrasse provas que justifiquem as afirmações. Especialistas médicos também descartaram a ideia. “Não me parece possível pensar que haja uma relação direta entre a homossexualidade e a pedofilia”, disse a professora da Universidade do Chile Tamara Galleguillos.
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