Bob Dylan é o Nobel de Literatura. Confira cinco canções que explicam o prêmio
Na manhã desta quinta-feira (13), o trovador americano Bob Dylan, de 75 anos, ingressou no panteão dos autores laureados com o Nobel de Literatura “por criar novas expressões poéticas na tradicional canção americana”. Dylan é o primeiro compositor a ganhar o prêmio, que é concedido desde 1901 pela Academia Sueca. “Se você olhar para um passado distante, há 5 mil anos, vai descobrir Homero e Safo. Eles escreveram textos poéticos que foram feitos para a performance, e o mesmo acontece com Bob Dylan. Nós ainda lemos Homero e Safo, e gostamos”, afirmou Sara Danils, numa defesa do ineditismo da escolha da Academia Sueca, da qual é secretária permanente.
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Dylan, ou melhor, Robert Allen Zimmerman, nasceu em 24 de maio de 1941, em Duluth, no Meio-Oeste americano. Filho de uma família judaica, dedicava-se ao folk e ao blues desde a adolescência. Seu grande ídolo era Woody Guthrie, um dos maiores expoentes do folk americano. Os escritores da geração beat – como Jack Kerouac, autor de On the road – e os poetas do modernismo americano também influenciaram seus versos e melodias. Adotou seu célebre pseudônimo em homenagem ao poeta galês Dylan Thomas.
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Em quase 55 anos de carreira, Dylan lançou 37 discos – o último deles, Fallen angels, em maio deste ano. Compôs hinos da canção de protesto americana, abençoou a união do folk com a guitarra elétrica e publicou dois livros: Tarântula, uma compilação de poesia experimental escrita entre 1965 e 1966, e Crônicas, o primeiro – e até agora único – volume de sua autobiografia.
Confira cinco das canções mais vigorosas de Dylan, que justificam sua inclusão entre os prosadores e poetas homenageados pelo Nobel de Literatura.
“Blowin’ in the wind” (1963)
Por seus versos que evocavam imagens de paz e liberdade, a canção se tornou um dos hinos da geração que protestou contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis dos negros. É a música preferida do ex-senador e vereador eleito Eduardo Suplicy (PT-SP) e foi citada pelo papa João Paulo II numa homilia: “Você diz que a resposta está no vento, meu amigo. Mas não está no vento que sopra as coisas longe, está no sopro no Espírito Santo”.
“The times they are a-changin’” (1964)
Foi com essa canção, lançada poucos meses depois do assassinato de John F. Kennedy, que Dylan conquistou de vez o título de porta-voz de uma geração. Os versos têm um quê de profecia bíblica, mas a canção não reflete sobre questões específicas nem é um chamado à ação. Seu vigor está em apenas descrever as mudanças pelas quais o mundo passava nos anos 1960.
“Desolation row” (1965)
Dylan só precisou de três acordes e parcos instrumentos para compor uma canção que se estende por 11 minutos. T.S. Eliot, Ezra Pound, Caim e Abel, Bette Davis e até Ofélia, a trágica personagem de Shakespeare, aparecem nos versos da canção, inspirada na prosa de Jack Kerouac e John Steinbeck.
“Like a rolling stone” (1966)
A canção foi gravada pelos Rolling Stones em 1995, mas não tem qualquer relação com os roqueiros britânicos. A poesia e o cinismo da canção transformam Dylan num astro do rock. Os versos sobre uma senhora solitária que caiu em desgraça e é obrigada a enfrentar um mundo hostil e o refrão que perguntava “How does it feel?” (Como se sente?) em tom de provocação ecoavam os sentimentos da geração dos anos 1960, que rejeitava a vida confortável sonhada por seus pais.
“Hurricane” (1975)
Nos versos de “Hurricane”, Dylan narra a história de Rubin Carter, um boxeador negro condenado por assassinato. O compositor chegou a visitá-lo na cadeia. A canção começa com um tiro e termina, oito minutos depois, com Carter na prisão. “Hurricane” foi tema do filme homônimo dirigido por Norman Jewison e estrelado por Denzel Washington.
RUAN DE SOUSA GABRIEL
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