Todos o conheciam por João, mas o seu nome de registro era Francisco e por esse nome era conhecido. Só mesmo a família, especialmente, os pais, sabia o verdadeiro nome. Ele se perguntava o porquê da mudança se os nomes eram congêneres; por que o registraram como João e o chamavam de Francisco? Nem mesmo ele compreendia as razões dessa mudança. Todavia, atendia por Francisco e assim se intitulava.
Quando assinava algum documento estranhavam a assinatura e ele brincando dizia: assim os cobradores não me encontram.
Bem sucedido em seu comércio, prevendo o futuro dos filhos, comprou um apartamento na capital para colocar os filhos quando em idade de cursar uma faculdade, porquanto na cidade onde residiam, os meninos faziam o curso preparatório com a qualidade desejada.
Era hábito dos pais reunirem os familiares, todo o mês, para uma confraternização e rolava um almoço supimpa e bebidas várias, numa verdadeira festa onde se divertiam e consolidavam ainda mais as amizades deles e entre os membros advindos de casamentos recentes e namorados que participavam do evento.
Num desses eventos, um sobrinho que morava em Salvador, prestes a se casar, solicitou do tio, cedesse o apartamento até a ida dos meninos estudarem, oportunidade que cuidava do imóvel, já que o apartamento ficava fechado.
O tio, solidário, deu ao sobrinho o apartamento para residir, com a condição de entregá-lo quando necessitasse, e se comprometeu além de pagar o condomínio, a conta de luz e do telefone. O proponente se entusiasmou com a benevolência do tio, um presente de casamento inesperado e de grande valia para um começo de vida do casal.
Ocorre que, quando precisou do imóvel, avisou ao sobrinho da sua intenção. Para surpresa recebeu uma comunicação da Justiça do Trabalho em nome do casal pedindo uma indenização pelo tempo que tomou conta do apartamento.
Indignado pelo sucedido, apelou para o irmão, pai do rapaz, sua interseção para solução do problema. Não havendo entendimentos, terminou por brigar com o irmão, alegando falta de autoridade deste em relação ao filho.
Finalmente a justiça deu ganho de causa ao casal, o que indignou ainda mais a “João”, que ficou inimigo do pai e do filho.
Por conta disso, deixou de participar das festas em que os indigitados estavam presentes, por considerá-los púnicos.
Conclusão: Os interesses pessoais terminam por separar as pessoas que não desconfiam dos seres humanos, por acreditar na sua honestidade.
Um erro de avaliação, porquanto o indivíduo nem sempre é fiel ao que assume e age conforme o seu caráter. Essas pessoas, contudo não merecem créditos.
Nada como um dia após o outro para se conhecer a maldade da personalidade que nos engana como a uma rosa sem espinhos, pagando o justo pelo desonesto.
Foi o que aconteceu.
Antonio Novais Torres
Brumado em 3/1/2011
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