por Padre Carlos)
Entre as colinas serenas do sertão e o sopro indomável do vento que atravessa a Serra do Periperi, nasceu Carlos Jehovah de Brito Leite — um poeta que não se limitou à palavra, mas a reinventou. Dramaturgo, ator, guardião da cultura conquistense, Jehovah caminhou por esta terra como quem carrega na pele a memória do povo e nos olhos a luz de quem sabe transformar o cotidiano em eternidade.
Autor de obras como Cicatriz, Cotidiano e o emblemático Auto da Gamela, ele devolveu ao Brasil uma poesia que nasce da dor e se converte em resistência, que brota da simplicidade e se ergue como verdade. Sua escrita trazia o cheiro da terra molhada, o som da vida miúda, o grito do oprimido e a ternura de quem ama profundamente o seu lugar. Cada verso era uma sentinela da memória nordestina; cada peça, um gesto de ousadia contra o silêncio imposto pelos tempos duros.
À frente da Casa da Cultura, que hoje carrega o seu nome, Jehovah atuou muito além da burocracia: foi semeador. Lançou no coração do povo uma colheita de artistas, músicos, atores e escritores que ainda florescem. Enfrentou a censura com a coragem dos que não negociam a dignidade; levou teatro para as praças, música para as noites frias, poesia para quem sequer sabia que precisava dela. Jehovah tinha o raro dom de acordar consciências.
Mas talvez o mais impressionante seja isto: Jehovah não apenas escreveu versos — ele viveu cada um deles. Fez da arte um altar, da cultura um direito e da liberdade um compromisso. Viveu como quem compreendia que o papel aceita tudo, mas o povo não aceita a morte da esperança.
Hoje, quando seu nome repousa na Casa que ajudou a erguer, ecoa a certeza silenciosa que atravessa gerações: Carlos Jehovah de Brito Leite não foi apenas um artista. Foi e será sempre o Eterno Poeta Vivo, aquele que não morre porque ensinou a cidade a sonhar.
Que seus versos permaneçam como faróis, e seus ensinamentos como testemunho da grandeza de uma alma que se recusou a passar pela vida em branco. Conteúdo Política e Resenha
Obs. Importante ressaltar que o livro Auto da Gamela, é de autoria de Jehovah e Esechias Araújo Lima. Um livro premiado que obteve premiação nacional de literatura.
Deixe seu comentário