Artigo:XINGAMENTOS NO ESTÁDIO DE FUTEBOL

 

 

 

 

 

 

Pedro Henrique e o infante Felipe são torcedores do Vitória Esporte Clube da Bahia, seguindo as preferências do pai e do avô paterno que são torcedores fervorosos e sócios contribuintes do clube. Nas partidas de decisões não levam os filhos/netos por terem medo da violência nos estádios, perpetrada pelos vândalos da torcida organizada que acaba por macular a alegria do torcedor.

 

A mãe dos meninos é muito rígida com relação ao comportamento dos filhos, exigindo deles muito respeito pelas pessoas, não tolera palavrões ou qualquer tipo de ofensas que os desvirtuem da boa educação.

 

Seu Raimundo, o avô, incentiva Felipe, o mais novo, a xingar o Juiz de futebol e os adversários.  O menino adora esse procedimento, acha o máximo essas expressões empolgantes. Isso, na ausência da mãe, que reprova tal atitude. O avô o adverte para não revelar à mãe suas atitudes no estádio. Xingar, só vale no estádio, entendeu Felipe?

 

Certa feita, foi para a arena toda a família prestigiar o time numa partida importante na classificação do clube para o campeonato local versus o rival Esporte Clube Bahia.

 

Quando da marcação de uma falta contra o Vitória, o garoto Felipe xingou a mãe do Juiz e o adversário com palavras injuriosas.  A mãe, surpreendida com a colocação do filho, o reclamou pelo comportamento indevido e ele respondeu: ─ Minha mãe, aqui no campo, meu avô disse que pode.

 

Na verdade, o torcedor é a maior estrela do futebol. Os momentos de alegria quando está ganhando transformam-se em tristeza quando está perdendo e aí vem à indignação e o desabafo através dos xingamentos ao juiz e adversários, uma forma de extravasar os seus sentimentos de angústia e frustração, quando não concorda com a investida faltosa do adversário e a marcação do juiz, perdendo a compostura.

 

É a presença do torcedor que faz o espetáculo acontecer na arquibancada, portanto, a meu ver, tem todo o direito e externar as suas emoções em apoio ao seu clube de estimação sem radicalismo e violência, apenas o desabafo pelas alegrias ou tristezas; pela paixão, pelas angústias ou pelas frustrações de torcedor.

 

Com as novas regras mais rígida do novo Estatuto do Torcedor, sancionada pelo presidente, diante do exposto, copiei do site R7.com o seguinte comentário: Os xingamentos verbais, como gritar e xingar a mãe do Juiz de futebol ou do adversário, por exemplo, não são citados no estatuto, que também não prevê quem vai fiscalizar o comportamento dos torcedores e como isso vai ser feito.

 

Em nota veiculada no Jornal do Brasil em processo do Tribunal de Justiça TJ/RJ, contra Renato Gaucho, com adaptações, divulgamos os seguintes comentários: Apesar da Desembargadora Gizelta Leitão Teixeira também não achar tolerável que uma pessoa, ainda mais um jogador de futebol conhecido internacionalmente, venha aos órgãos de imprensa dizer palavras que repercutem no social e denigrem a imagem de um profissional sério, acabou prevalecendo a opinião do Desembargador Laerson Mauro.

 

Comentários do Desembargador Laerson Mauro no julgamento contra as ofensas proferidas por Renato Gaucho [jogador]: “No futebol é natural, participando até da cultura de nosso povo, a prática de xingamento de toda espécie, envolvendo torcedores, jogadores, técnicos, árbitros e mesmo dirigentes”.

 

Pelo novo projeto do Estatuto do Torcedor, o xingamento nas arenas, como forma de violência, está proibido e será punido quem o exercitar, entre outras proibições constantes do estatuto.

 Cabe ao torcedor fazer o julgamento se a medida será ou não cumprida. Infelizmente, temos uma enxurrada de leis, muitas não funcionam, o que se traduz num verdadeiro absurdo.

 

 Xingar nos estádios agora é crime.

 

 O torcedor levou um belo cartão vermelho devido à impetuosidade do entusiasmo revoltante ao investir contra o juiz e adversários que não agiram corretamente, segundo a sua opinião.  Para se adequar à lei o torcedor precisa ser reeducado, pois, o uso do ‘cachimbo é que bota a boca torta’, porquanto, é costume e hábito do torcedor esse procedimento.

 

O torcedor terá de engolir calado as determinações do juiz?

 Certo ou errado, a lei deve prevalecer. A revolta agora virou crime.

 

Antonio Novais Torres.

 [email protected]. Brumado em 31/7/2010 – Revisado