Finitude humana ou providência? Filósofo da Uesb propõe reflexão diante da pandemia

A existência humana, sua finitude e seu modo de viver vêm sendo questionados desde os primórdios da civilização. Perguntas como quem somos e para onde vamos perpassam em várias áreas da ciência, desde a Filosofia até mesmo às Ciências Exatas. Atualmente, com o cenário causado pelo coronavírus, a pandemia deu mais visibilidade a essas questões.

Quem nunca se deparou com pensamentos como “aconteceu por que tinha que acontecer” ou “se não deu certo era por que não tinha que dar”? Afirmações semelhantes a essas fazem parte do estoicismo, linha filosófica do século 3 a.C., que trabalha com ideia da aceitação e conformação com o que nos acontece, desde que sejam eventos que não estão sob o nosso poder.

Na busca por aproximar o estoicismo dos pensamentos que estão presentes em nosso cotidiano, o professor de Filosofia da Uesb, Jasson da Silva Martins, desenvolveu a pesquisa “Viver e morrer de acordo com a Natureza”. De acordo com ele, o objetivo do trabalho foi também mostrar que assumir o conceito de finitude humana, presente nessa linha filosófica, é também assumir a condição humana.

“O nosso tempo é marcado pela consciência de finitude, em diversos aspectos (finitude dos recursos naturais, questionamento sobre a existência de outras vidas em outros planetas e, com isso, de uma certa reserva sobre a existência de uma vida humana em outro plano, após a nossa morte)”, pontuou o pesquisador. O estudo ainda trabalha com a ideia de providência, que, dentro da escola estoica, seria tudo que está fora da escolha humana.

Atento ao momento atual vivido pela humanidade, a pesquisa resultou em um artigo, que aborda o quanto a pandemia abriu espaço para as mais diversas discussões sobre a condição humana e que, nem sempre, são marcadas pela finitude, o que coloca em cheque essa principal característica da existência humana. “Mas o que encontramos cotidianamente? Nos deparamos com discursos políticos-religiosos ou travestidos destes aspectos que não reconhecem a nossa finitude e, por isso mesmo, faz uma avaliação equivocada da nossa condição, sobrevalorizando a condição humana de tal modo que quase não a percebemos mais como finita e falível”, reflete Martins.

No trabalho, é possível também visualizar a discussão sobre a sabedoria, pois, para o estoicismo, ela se dá na aceitação dos fatos que acontecem sobre cada um e que não dependem do indivíduo. No entanto, isso coloca em evidência também a relação que há entre a providência ou destino com a liberdade de escolha. Até que ponto os acontecimentos são um efeito de uma causa ou são uma providência?

Essa discussão pode ser encontrada quando se reflete sobre a pandemia, por exemplo. De acordo com o professor, existe um concesso entre os cientistas de que “a pandemia que estamos vivendo deve ser algo mais frequente daqui pra frente, uma vez que estamos ‘invadindo’, cada vez mais, o habitat dos animais transmissores e, nesse processo, entramos em contato com vírus que, sabidamente, está presente na natureza”, explica o filósofo.

A partir disso, algumas reflexões podem ser encontradas no estudo. Até que ponto deve-se aceitar tudo como é? Será que devemos entender que para toda causa existe um efeito? A liberdade de escolha pode, também, prejudicar o habitat? Em que os conceitos de finitude humana podem contribuir para a relação do homem com o mundo em que vive? De que forma estão sendo expostos atualmente?

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