
Governador já teve 15 operações de crédito que totalizam R$ 13,7 bi aprovadas pela Alba; oposição critica alto número de pedidos e falta de detalhes sobre onde os recursos serão aplicados
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, autorizou nesta terça-feira (15) a concessão de garantias da União ao contrato que libera o governo Jerônimo Rodrigues (PT) a captar empréstimo de R$ 1 bilhão junto ao Banco do Brasil (BB), operação aprovada em 29 de outubro de 2024 pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), sob protesto da bancada de oposição. Os valores, de acordo com a proposta encaminhada pelo Poder Executivo aos deputados estaduais, serão utilizados nas áreas de mobilidade e de infraestrutura urbana, hídrica e viária, embora o governador não tenha detalhado as eventuais obras e projetos que serão contemplados pelos recursos.
Tá segurado!
Com o aval de Haddad, a União assume o débito com o BB caso o governo baiano deixe de quitar parcelas ou mesmo o valor integral do financiamento. Assim, caberá ao Tesouro Nacional executar as contragarantias oferecidas pelo estado para reaver a dívida. Ao contrário das operações de crédito externo firmadas com instituições financeiras internacionais, a garantia da União a empréstimos de estados e municípios com bancos brasileiros não depende da chancela do Senado.
Fila cheia
Os pedidos de empréstimos feitos por Jerônimo são alvos de duras críticas da oposição, tanto por conta do alto número de operações aprovadas pela Alba e dos valores expressivos quanto pela falta de detalhes sobre onde os recursos serão de fato aplicados. Desde o início de 2023, a Assembleia já deu aval a 15 financiamentos com as mais diversas instituições financeiras, além do BB. Entre os quais, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), Corporação Andina de Fomento (CAF), Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Fida) e Caixa.
Mais um
Em valores, os empréstimos aprovados em pouco mais de dois anos totalizam R$ 13,7 bilhões. Recentemente, o governador encaminhou ao Legislativo estadual mais um pedido. Dessa vez, Jerônimo quer captar R$ 600 milhões da Caixa por meio do Programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). A justificativa é semelhante a da maioria das solicitações anteriores: investimentos em mobilidade urbana e em projetos estruturantes, novamente, sem especificar quais.
Pela metade
Dirigentes do PP e do União Brasil apostam que o acordo para formar uma federação com as duas siglas será fechado no futuro muito próximo. Provavelmente, ainda no primeiro semestre deste ano. No entanto, afirmam, a decisão final sobre o comando do bloco partidário na Bahia, reivindicado pelo ex-prefeito ACM Neto, ficará para 2026. Parlamentares de ambos os partidos que participam das negociações atribuem o impasse à resistência de integrantes da cúpula do PP baiano em entregar o leme para Neto e à possível perda de poder dos pepistas para definir os rumos da federação nas eleições do ano que vem.
Voo de migração
Caciques da oposição ao PT no estado já dão como favas contadas o desembarque do prefeito de Teixeira de Freitas, Marcelo Belitardo (União Brasil), na base de apoio a Jerônimo Rodrigues. A aliados próximos, Belitardo sinalizou o desejo de migrar de lado. O motivo é o mesmo que levou pelo menos dez prefeitos da tropa oposicionista a pularem a cerca desde janeiro, em movimento coordenado pelo secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola. Em síntese, a desatenção de ACM Neto em relação a lideranças políticas do interior.
Bom, mas nem tanto
O placar da eleição secreta para a primeira vice-presidência da Alba, realizada na tarde desta terça após sucessivos adiamentos, prova que a deputada estadual Fátima Nunes (PT) não teve vida fácil nem mesmo na bancada governista para vencer a corrida interna. Dos 63 parlamentares da Casa, 11 não apareceram no plenário, nove votaram em branco e dois anularam. Outros 41 endossaram a petista, nove a mais do que os 32 votos necessários para conquistar o cargo.
Negócio da China
Na lista de ausentes, estava o deputado estadual Júnior Muniz (PT), que abriu uma crise na bancada governista ao lançar candidatura avulsa à primeira vice e se negar a deixar o páreo em favor de Fátima Nunes. Convencido a retirar o nome, Muniz embarcou na segunda-feira (14) em uma viagem de 16 dias à China autorizada pela presidente da Alba, Ivana Bastos (PSD), e custeada pelos cofres da Assembleia.
Só na multidão
Único opositor da família Argôlo entre os 13 membros da Câmara Municipal de Entre Rios, o vereador Neto Madeirol (União Brasil) ingressou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o terceiro mandato consecutivo do atual presidente da Casa, Filipe Argôlo (Solidariedade), filho do prefeito da cidade situada no Litoral Norte do estado, Manoelito Argôlo. O argumento é o mesmo que fez a Corte derrubar em meados de fevereiro o terceiro mandato do deputado estadual Adolfo Menezes (PSD) à frente da Alba: o de que a Constituição permite apenas uma recondução em cargos de direção no Poder Legislativo.
Artilharia pesada
A ofensiva de Neto Madeirol acabou respingando sobre o advogado contratado por ele para representá-lo no Supremo, Leonardo Oliveira, que virou alvo de ataques pessoais, intimidações e tentativas de desqualificação pública pela tropa de choque dos Argôlo. “Não é fácil ser voz destoante num sistema que se retroalimenta do silêncio e da submissão. Mas alguém precisava fazer isso”, disse Oliveira, ao desabafar sobre o que chama de “perseguição moral” supostamente patrocinada pelos adversários
Foto: Feijão Almeida/GOVBA
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