Nilo nega ser dono de instituto de pesquisa “fantasma”

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  • Nilo confirma que o instituto é de um amigo seu e que existe há mais de 20 anos

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PDT), negou no domingo, 7, ser dono do Bahia Pesquisa e Estatística Ltda., o Babesp, mais conhecido no meio político como DataNilo, após a propaganda no horário eleitoral gratuito no rádio e TV da coligação do candidato Paulo Souto (DEM), no sábado, 6, sugerir que trata-se de um “instituto fantasma” e questionar sua legitimidade.

“A Babesp é de um amigo meu, Roberto Matos. Existe há mais de 20 anos”, disse Nilo. No programa eleitoral de Souto exibido no último sábado, uma equipe vai até o endereço onde deveria funcionar o instituto, em um prédio simples em Simões Filho, e encontra a porta trancada, com um número de telefone.

“É um escritório virtual. Isso existe em todo lugar”, afirmou Nilo. Ainda segundo o programa de Souto, a mesma justificativa é dada por uma mulher que atende ao primeiro telefonema e fornece outro número, para quem deseja encomendar uma pesquisa com o instituto.

Na segunda ligação, conforme o programa, outra mulher atende, diz que o número é da presidência da Assembleia e que “vai ver com o senhor Roberto”, ao ser questionada sobre o processo para encomendar um levantamento.

“Ligaram para o meu gabinete e fizeram uma armação. Sabe o que é isso? Desespero”, disse o presidente da AL-BA, que prometeu divulgar nesta segunda-feira, 8, os números de mais uma pesquisa do Babesp sobre a sucessão estadual, encomendada por ele.

Roberto Matos é irmão de Lídio Matos, assessor de Nilo. Além disso, é pai de um dos beneficiários das bolsas de estudo concedidas pela AL-BA, classificadas como “inconstitucionais” pelo Ministério Público. Após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o MP, o presidente da Assembleia anunciou que suspenderá a concessão das bolsas a partir do próximo ano.

“Ele atendia aos critérios. É um cara pobre; não vejo nada de mais”, afirmou Nilo. Apenas este ano, o Babesp recebeu R$ 156 mil, em seis pesquisas encomendadas por Nilo. Confrontado com a estranheza de um proprietário de um instituto de pesquisa atender a critérios de carência, o pedetista rebateu.

“O instituto é pequeno. Só atua a cada dois anos, quando tem eleição. Isso de ser carente é relativo. Se você, por exemplo, ganhar R$ 3 mil e a escola custar R$ 1,5 mil, teria condições de colocar o seu filho?”, questionou.

Apesar de se definir como “principal cliente” da Babesp, Nilo declarou que outros políticos – como o deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB) e os estaduais Paulo Azi (DEM) e Augusto Castro (PSDB) – já encomendaram pesquisas aos instituto.Rodrigo Aguiar