O menestrel Elomar Figueira é destaque em entrevista no jornal o Estadão

Elomar Figueira Mello é um genial compositor e músico brasileiro!


VITÓRIA DA CONQUISTA (BA) – O menestrel Elomar não dá entrevistas, não permite fotos, mora onde não mora quase ninguém, canta o que poucos de fora de sua galáxia entendem, virou mito no sertão baiano. Espécie de Quixote da Gameleira, trouxe para a música brasileira a poética do mundo medieval.

Lá na Casa dos Carneiros, seu refúgio silencioso, a 20 e poucos quilômetros de Vitória da Conquista, perto da divisa da Bahia com Minas, o ermitão arquiteto de quase 75 anos bancou do próprio bolso a construção do grande Teatro Domus Operae para montagens de óperas, com fosso de orquestra, palco aberto para a paisagem montanhosa que circunda uma de suas três fazendas e plateia com capacidade para acomodar cerca de 2 mil pessoas.

 

No dia 13 de outubro, Elomar vai se reunir a Chico César, Xangai e Saulo Laranjeira naquele palco no concerto Cantadores, Lá na Casa dos Carneiros. No dia 7 de dezembro, encena com coral e orquestra o Auto da Catingueira, uma de suas criações mais importantes, editada em 1983. A montagem estreou em 2011 no Palácio das Artes em Belo Horizonte e agora, no “cenário vivo”, vai ter novidades, como a personagem central, uma pastora, chiqueirando as cabras da fazenda, e desfiles de cavalarias em curso pelo fundo vazado do palco.

Lá onde se planta o feijão no pó e não pega celular, a paisagem árida do inverno se impõe e deslumbra os olhos como evidência da lírica de suas canções, entre personagens reais, inventados ou adaptados. Pisar ali, conversar com a gente que não troca o pedaço de terra com cheiro de bode no ar por nada que envolva a confusão da urbe é descortinar boa parte do universo épico de seu cancioneiro.

Há duas semanas, ao lado do filho João Omar, compositor e violonista como o pai, Elomar abriu a grande sala do casarão do final do século 18, onde funciona o Teatro Escola Lírica Mineira, para o concerto Ensaiando o Riachão do Bode Brabo. Nessa sala foi gravado oAuto da Catingueira. Na parte dos fundos é que o poeta recluso se recolhe, guarda tesouros no que chama de “arquivos implacáveis”, como o primeiro compacto simples, que lançou em 1967, com o futuro clássico O Violeiro e Canções da Catingueira. Outro, gravado no mesmo ano por Israel Silveira, tem as músicas O Robot e Mulher Imaginária, que o autor retoma agora.

Cúmplices. Acomodados em bancos de madeira com assento e encontro de tiras de couro de boi trançadas, cerca de 120 privilegiados ouviram em primeira mão canções inéditas e outras raras, como dois sambas que Elomar Figueira Mello compôs na juventude. A maioria veio de fora: Sorocaba, Recife, Camaragibe, São Luiz do Maranhão, São Paulo, Montes Claros, norte de Minas, Salvador, Feira de Santana, Eunápolis, alguns poucos de Vitória da Conquista. “Não tenho fãs, tenho cúmplices com a mesma percepção estética que a minha”, diz Elomar.

Pernambucanos, Nívia Arruda, Cleide Lima e Manoel Souza, esses cúmplices se tornaram amigos por causa de Elomar. Comunicam-se em rede, marcam encontros, chegam cedo para “sentir o ambiente” e confraternizar, conversando por horas no avarandado da casa-fundação, sob lua cheia, saboreando cachaça e espetinho de carne, produtos da própria região.

“Aqui a gente encontra o ambiente onde tudo de Elomar foi criado. Essa é a emoção de vir para cá”, diz Cleide. “Fizemos um blog onde comentei essa sensação. O silêncio que tem aqui não tem em lugar nenhum. A música de Elomar é exatamente isso. Aqui é o oco do mundo literalmente falando”, diz Nívia.

Advogado sem nenhuma ligação com o meio artístico, Manoel Souza se desdobrou em mil para levar o novo concerto de Elomar e João Omar para sua cidade, Recife nos próximos dias 28 e 29, no Teatro Boa Vista. “Sou leigo, não temos patrocínio, só estou fazendo isso por amor pela causa. Tivemos muita dificuldade para achar um teatro adequado para a música dele”, diz.

Um tanto avesso a receber visitas no camarim dos concertos, na Casa dos Carneiros Elomar conversa à vontade com os admiradores, boa parte dos quais já pisou ali algumas vezes. O artista plástico Juraci Dórea, que veio de Feira de Santana, além do projeto visual do álbum Auto da Catingueira e do concerto de dezembro, também desenhou a capa deFantasia Leiga para Um Rio Seco.

“Conheci Elomar nos anos 1980 e vinha pra cá com muita frequência. Essa aproximação com ele não se deu por acaso. Meu trabalho também tem ligação com o sertão”, diz Dórea. “Elomar investe muito na linguagem do sertão mais profundo, mais verdadeiro, que eu procuro também na visualidade. Ele radicaliza mais porque se afasta muito da cidade. Isso é o que a gente admira nele e o que nos une. Temos dificuldade de combinar as vindas para cá, porque ele não tem telefone, nem nada. Mas mesmo se passar 10 anos sem vê-lo, quando nos encontramos parece que foi ontem que o vi pela última vez.”

Vou de táxi. O taxista Márcio Silva conhece Elomar de longe, mas sabe das histórias que contam sobre ele na cidade. “Aqui em Vitória as pessoas sabem do valor que ele tem. É muito reservado, mas não tem aquelas frescuras de artista. De vez em quando faz uns shows fechados, aí toma sua cachacinha e se solta um pouco”, conta. Coincidência ou não, Márcio conheceu um vaqueiro cuja impressionante história é idêntica à de personagens de muitas canções épicas de Elomar, como Chula no Terreiro, mas com final um pouco mais feliz.

Certa vez, Márcio transportou um engenheiro que chefia uma equipe de exploração de granito numa das fazendas de Elomar. No meio do caminho, parou para dar carona a uma senhora que também trabalhou para o compositor e o emocionou cantando uma de suas canções.

E lá fomos nós rodando pela estrada de terra, até que depois de tanto parar e perguntar por ela, finalmente Marcio localizou a sorridente Geni de Jesus Viana e a levou até a Casa dos Carneiros. Quando ainda trabalhava para Elomar, ela integrou o coro que gravou oAuto da Catingueira. “Sou filha daqui da Gameleira. Já morei muito com doutor Elomar. Meu marido e meus filhos também nasceram e se criaram aqui. Nós trabalhávamos no campo, cuidando de gado, da casa”, conta a senhora de 55 anos. “Ele pode não saber, porque nunca falei, mas amo as músicas dele. Não tenho os discos, mas aprendi as músicas ouvindo ele cantar em casa. Fico muito emocionada.”

E a voz melodiosa da senhorinha corta o silêncio da noite enluarada e comove os presentes com os versos fortes de Arrumação. É a fuga poética da urbe, na casa imortalizada emCantiga de Amigo, com seus sete candeeiros, onde Elomar não poupa verbos para “esculhambar com a modernidade”.

Lauro Lisboa Garcia – ESPECIAL PARA O ‘ESTADO’

Elomar Figueira Mello é um genial compositor e músico brasileiro!

“O violeiro que suscita a nossa busca por seus trabalhos mostra genialidade em tudo o que faz; compositor de obras primas é também, genial nas melódicas prefere viver no sertão como criador de bodes. Mas, você precisa conhecê-lo melhor! Elomar Figueira Mello é um genio no que faz!” Ana Marly de Oliveira Jacobino

Conheça Elomar por ele mesmo:
http://youtu.be/7KxR1lO1imE

Nasceu Elomar na Fazenda Boa Vista, pertencente aos seus avós, Sr. Virgilio Ferraz e Sra Dona Maricota Gusmão Figueira.

A formação protestante foi herdada da família. Passagens do Velho Testamento estão sempre presentes nas letras de sua obra, como na música “Ecos de uma Estrofe de Abacuc”.
Seus pais eram o Sr. Ernesto Santos Mello, filho de tradicional família da zona da mata de Itambé, Bahia e a Sra. Dona Eurides Gusmão Figueira Mello. Tem dois irmãos: Dima e Neide.
Estudou entre o sertão e a capital e mais tarde, formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, no final da década de 1960. Teve uma passagem rápida também pela Escola de Música dessa Universidade.

 

Casado com Adalmária de Carvalho Mello, pai de Rosa Duprado, João Ernesto e do maestro João Omar.
Elomar prefere viver a maior parte do seu tempo nas suas fazendas. A Fazenda Gameleira, que ele chama de Casa dos Carneiros, imortalizada na música Cantiga do Amigo, localizada a 22 Km de Vitória da Conquista, na Fazenda Duas Passagens,que se localiza na bacia do Rio Gavião, e na Fazenda Lagoa dos Patos, na Chapada Diamantina.

Ouça a sua genialidade:
http://youtu.be/21cVlNw8Gcc

Elomar, é descendente direto do Bandeirante e Sertanista João Gonçalves da Costa, fundador em 1783 do Arraial da Conquista, hoje a cidade de Vitória da Conquista.

Escute toda a musicalidade deste cabra do sertão brasileiro:
http://youtu.be/o2llUR84gNY

Depois que gravou seu primeiro disco …Das Barrancas do Rio Gavião, passou a investir mais na sua carreira musical, bastante influenciados pela tradição ibérico e árabe que a colonização portuguesa levou ao nordeste brasileiro. dos textos musicais e obras de Elomar são escritos em linguagem dialetal sertaneza ; título de linguagem atribuída por ele. Com seu estilo típico de tocar violão, muitas vezes alterando a afinação do instrumento, Elomar criou fama entre o universo violeiro.
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