O número de mortos pelo terremoto do Chile chega a 711 pessoas, com um número ainda indeterminado de feridos e desaparecidos.

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Chega a 711 o número de mortos por terremoto no Chile

As equipes de socorro tentam resgatar as pessoas presas entre os escombros em cidades como Concepción, Talcauano, Curicó, San Javier, Linares e Talca, e para hoje se espera a chegada dos primeiros envios de ajuda humanitária internacional.

Das 711 mortes registradas até agora, pelo menos 541 aconteceram na região de Maule, cerca de 300 km a sul de Santiago, cuja área costeira foi varrida por um tsunami.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou neste domingo medidas de emergência para ajudar as vítimas do forte terremoto que atingiu o país.

Entre as medidas anunciadas por Bachelet está a declaração de “zona de catástrofe” para as regiões de Maule e Bío Bío, onde está Concepción, segunda maior cidade do país e uma das mais atingidas pelo tremor.

A Força Aérea do Chile vai levar suprimentos para as duas áreas e os militares vão assumir a liderança da distribuição. Produtos básicos serão entregues de graça, mas os pontos de entrega ainda terão que ser decididos.

Um toque de recolher também foi determinado para as duas regiões. Além disso, o Exército foi enviado à Concepción para ajudar a polícia local, depois que o comércio da cidade foi alvo de saques.

Saques

Os moradores saquearam o supermercado Líder, da rede americana Wal-Mart. Grande parte levou alimentos e artigos de primeira necessidade, embora outros tenham aproveitado para roubar eletrodomésticos, televisores e equipamentos de som.

AP

Homem saqueia supermercado em Concepción

Gás lacrimogêneo foi usado para dispersar os saqueadores. Depois, a própria polícia autorizou a entrada de mulheres para que pegassem comida, leite, fraldas, papel higiênico e outros produtos básicos. A confusão fez com que o presidente eleito do Chile, Sebastian Piñera, pedisse que o Exército fosse às ruas manter a ordem.

Serviços reabertos

Em meio às dificuldades, o país tenta voltar à normalidade. O aeroporto da capital, Santiago, foi reaberto no domingo para voos internacionais. O local havia sido fechado no sábado, devido aos danos causados pelo terremoto.

Autoridades também informaram que o serviço de transportes públicos está retornando ao normal. Uma linha de metrô em Santiago foi reaberta, assim como as estradas, embora os motoristas ainda precisem passar por vários desvios.

“Infelizmente, nós, chilenos, temos experiência com terremotos”, disse o embaixador do país em Londres, Rafael Moreno. “Restauramos os serviços em Santiago e a energia na maior parte do país, mas ainda está problemático em Concepción. Há água potável – um elemento crucial após um terremoto – e estamos cuidando dos feridos.”

Ele disse que as escolas, que deveriam retomar as aulas na segunda-feira, permanecerão fechadas por “outros quatro ou cinco dias”.

Resgate

Apesar da reabertura de estradas e do aeroporto de Santiago, os grandes danos causados pelo tremor ainda estão impedindo os trabalhos das equipes de resgate e há muita dificuldade para se chegar aos que ainda estão soterrados nos escombros.

AP

Bombeiros trabalham no resgate às vítimas de tremor

Grupos de resgate usam pás e marretas para tentar encontrar sobreviventes em meios aos escombros. Em Concepción, onde um prédio se partiu pela metade, 26 pessoas foram encontradas com vida.

A dificuldade de movimentação impede que a ajuda humanitária seja entregue a muitos que precisam, como moradores da ilha de Juan Fernandez, onde cinco pessoas morreram.

Para complicar a tarefa, após o terremoto principal, dezenas de “réplicas”, ou tremores secundários, atingiram o Chile – incluindo um tremor de magnitude maior que 6 registrado no domingo.

Danos e prejuízos

Cerca de 1,5 milhão de residências foram danificadas, assim como estradas e pontes, em um duro golpe à infraestrutura do maior produtor de cobre do mundo e uma das economias mais estáveis da América Latina. O prejuízo econômico causado pelo desastre estaria entre 15 e 30 bilhões de dólares informou a empresa de análise se risco Eqecat.

Em cidades costeiras, como Talcahuano, perto de Concepción, tsunamis gerados pelo tremor destruíram instalações portuárias e a infra-estrutura próxima do mar. Em Curicó, a 180 km ao sul de Santiago, cerca de 90% do centro histórico foi destruído.

Em Santiago, o tremor arrancou varandas de edifícios, derrubou pontes, deixou fábricas em chamas e moradores desabrigados e sem eletricidade e sistema telefônico. Além disso, pelo menos três hospitais desabaram.

Brasileiros

Até o momento, não há informações sobre brasileiros mortos ou feridos no terremoto, segundo a Embaixada Brasileira no Chile. No domingo, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou em Brasília trazendo 12 brasileiros, sendo nove civis e três militares, que estavam no país.

Muitos brasileiros que estão no Chile relataram momentos de pânico durante o tremor. Morador de Embu (SP), Claudio Dias contou que ele e a mulher estavam dormindo em um hotel em Santiago quando o tremor os acordou. “A sensação era de que uma enorme locomotiva estava passando por cima do telhado, provocando um violento tremor”, contou.

Johanna Helm, arquiteta de Porto Alegre (RS), decidiu se preparar para os abalos que se seguiriam. “As mochilas ficaram ao lado da porta, com telefones, dinheiro, água, tudo o que fosse necessário caso acontecesse algo mais grave depois”, afirmou.

Custo humano

O terremoto foi o quinto mais forte desde 1900, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos. Mas, apesar da destruição, o número de mortos é muito menor que o do terremoto que devastou o Haiti em janeiro (cerca de 300 mil).

Especialistas disseram que o Chile, localizado em uma das zonas mais sísmicas do planeta, estava melhor preparado. Ainda assim, dezenas de pessoas continuam desaparecidas, principalmente em Juan Fernández, uma ilha a 600 quilômetros da costa chilena, onde um povoado foi arrasado por ondas que invadiram até 300 metros de terra firme.

O Chile, localizado na intersecção de duas placas geológicas, foi arrasado no passado por outros terremotos. O maior teve 9,6 graus e devastou a cidade de Valdivia em 1960.