O que podemos fazer para reconstruir um mundo mais humano? Pois, na atual conjectura, a humanidade se revela mais superficial e na busca de vínculos artificiais.

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A humanidade encontra-se, de forma definitiva, mergulhada em um culto ao imaginário. A busca desenfreada pelo poder, a intolerância crescente e o individualismo exacerbado são sintomas de uma cultura que, muitas vezes, valoriza o possuir em detrimento do ser. As relações humanas tornaram-se superficiais, e o senso de comunidade, fundamental para a construção de um mundo mais justo, parece estar se esvaindo. Abandonamos a fé verdadeira, trocando o Deus genuíno pelo “deus” fabricado nos comércios e nas religiões transformadas em mercadoria.

O Deus que nos pede apenas que amemos ao próximo, pratiquemos a Justiça, sejamos misericordiosos, acolhamos com as mãos e nunca nos esqueçamos de que seremos perdoados assim como devemos perdoar aqueles que nos ofendem, não cabe mais na vida da maioria. Pelo contrário, a maior parte das pessoas hoje se encanta e incentiva um “deus” imaginário, que é vendido por falsos pregadores — como Malafaia, R R Soares, Edir Macedo, Valdemiro Santiago, André Valadão e tantos outros — que anunciam um “Reino” ilusório, trocando dinheiro e bens por prosperidade e vida eterna, através do que chamam de “dízimos e ofertas”. Um falso “deus” que pune aqueles que não se ajoelham diante de falsos profetas, alimentados por uma leitura distorcida da Bíblia e pela ignorância de seus seguidores.

A sensação, ou melhor, a certeza de que a sociedade perdeu sua essência pode ser ilustrada pelo fenômeno de adultos bem-sucedidos, com formação acadêmica, que tratam bonecos hiper-realistas — os famosos “bebês reborn” — como se fossem bebês de verdade. Essa realidade revela uma dificuldade de lidar com o afeto genuíno, levando as pessoas a buscarem vínculos artificiais.

Mais do que um hobby ou uma forma de arte, os bebês reborn demonstram que a humanidade, contaminada por seus conceitos individualistas, perdeu o senso de acolhimento e pertencimento. Preferem a ausência de reciprocidade real, que esses bonecos oferecem, à complexidade da vida verdadeira. Preferem a ilusão de uma existência sem frustrações, conflitos ou responsabilidades, fugindo da realidade e de suas dificuldades.

Apesar do caos que tomou conta da humanidade, sempre haverá aqueles que lutam para reacender sua luz. A questão fundamental não é se estamos apodrecendo ou enlouquecendo juntos, mas sim: o que podemos fazer para reconstruir um mundo mais humano? Enquanto resistirmos à tentação de nos render à loucura coletiva, ainda haverá esperança

Artigo Luiz – Editor Jornal Sudoeste de Brumado