Quebra de sigilo vai respingar na Bahia?

A polêmica em torno da quebra de sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, rende em todo o país e pode provocar reflexos negativos na campanha da ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT ao Palácio do Planalto. Na Bahia, contudo, um dos principais dirigentes deste partido avalia que o episódio não passa de factóide e não afeta a campanha de reeleição do governador Jaques Wagner (PT). “Não afeta nem no Brasil nem na Bahia”, afirmou Luiz Caetano, prefeito de Camaçari e coordenador geral da campanha de Wagner.

Caetano disse ainda que não vê motivos para que alguém ligado ao PT fosse agir junto à Receita Federal e criasse um fato dessa relevância durante a campanha eleitoral. “Isso é mais um factóide criado pelo Serra para não despencar tanto nas pesquisas como está despencando”, avaliou o petista. “Quem está bem em política, não mexe muito; quem está mal, fica procurando factóide. Serra é mestre de criar factóide”, acrescentou.

Independentemente da posição de Caetano, ainda não se sabe se o episódio vai impactar ou não nas eleições deste ano. Alguns analistas têm lembrado do “escândalo dos aloprados”, que explodiu em plena campanha para a Presidência, em 2006, e levou a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin para o segundo turno. No episódio, pessoas ligadas ao PT foram flagradas com mais de R$ 1 milhão tentando comprar um dossiê contra tucanos. Contudo, com a popularidade de Lula em alta e a economia bem, as circunstâncias atuais são bem diferentes das daquela época.

O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Fábio Dantas, disse ontem que ainda não dava para avaliar as consequências do episódio, mas não acreditava que ele viesse a ter muita relevância no campo político. “Não tem como haver um prognóstico. Mas vejo o episódio mais de ordem política do que de ordem eleitoral”, avaliou. “Isso representa mais para o funcionamento das instituições brasileiras, o grau de democracia e o asseguramento do direito do cidadão”, completou.

Tucanos falam em ação criminosa

O líder do PSDB na Câmara Federal, deputado João Almeida, considerou criminoso o acesso aos dados fiscais da filha de Serra. Para o deputado, as informações da empresária foram acessadas para serem juntadas a dados de outras pessoas ligadas ao partido e usadas com finalidade político-eleitoral. “A cada novo fato evidencia-se ainda mais o propósito claramente eleitoreiro de causar desgaste e problemas ao PSDB. Este crime, aliás, já é prática normal do PT. Eles sempre agiram assim: mentindo, montando dossiês falsos e usando o aparelho do Estado para os seus propósitos eleitorais e partidários”, afirmou.

O deputado federal Jutahy Júnior (PSDB), bastante ligado a Serra, também se mostrou indignado e classificou como uma “ação criminosa”, acobertada por um Estado aparelhado pelo PT. “O objetivo era tentar fazer um falso dossiê para atingir Serra. Para cada sigilo quebrado, a Receita e o PT apresentam uma versão diferente.

Dessa vez, tentaram dizer que ela própria, a filha do Serra, pediu a quebra, o que já foi desmentido. É um episódio gravíssimo, que atinge a credibilidade da Receita Federal”, disse Jutahy. “É indiscutível que essa ação criminosa está vinculada a objetivos para servir à campanha de Dilma Rousseff, do PT”, afirmou o tucano. (EM).

Evandro Matos e Agências