Relatos apontam o potencial Mineral de Brumado, ainda quando a região era uma vila e logo mais distrito de Caitité. Em  1878.

A linha férrea já nesta época já era cobrada pela população região.

BRUMADO – BOM JESUS DOS MEIRAS

TEXTO: PROVÍNCIA DA BAHIA –   ESCRITO POR DURVAL VIEIRA DE AGUIAR. PRIMEIRA EDIÇÃO EM 1888 E A SEGUNDA EM 1979 COM PREFÁCIO DE FERNANDO SALES. (REEDIÇÃO).

DESCRIÇÕES PRÁTICAS DA PROVÍNCIA DA BAHIA:

Este trabalho é de suma importância para os pesquisadores:

Sendo distrito de paz e de subdelegacia do termo de Caetité, foi esse povoado elevado a freguesia por lei nº 1.091 de 19 de junho de 1869 e a vila pela Resolução nº 1.756 de 11 de junho de 1878, com uma população (na época) recenseada em 9.080 habitantes; formando comarca com Brejo Grande desde 9 de julho de 1880.

A Vila está situada entre a Serra das Éguas e a margem esquerda do Rio do Antonio, que poucas léguas ao norte, deságua no Rio Bromado; dividindo-se o termo com Santo Antonio da Barra, Minas do Rio de Contas e Brejo Grande, pelos seguintes limites: desde a fazenda  S. Gonçalo,  junto ao Rio Bromado, , até a de Santa Bárbara; desta a do Mocambo, na beira do Rio do Antônio; desde a Gameleira, e desta à dos Poções e à de Santa Rita; daí às de S. Pedro, Santa Cruz e S. José, na margem do Rio de Contas, por este acima até às margens do Rio Bromado, e por este acima até S. Gonçalo, ponto de partida.

O povoado da vila, apesar de estar demarcado e esquadrejado, à moderna, para alinhadas edificações, compõe-se ainda de  três compridas ruas seguidas, que desembocam em duas espaçosas praças; a primeira das quais , junto ao rio, é o ponto de descanso e pousada das tropas de animais em trânsito, a segunda  é a do comércio onde se acha a velha Matriz e a decente casa da Câmara, edificada pelos moradores, e onde também se fazem as feiras, muito escassas, nos sábados, para cujo mercado fizeram um barracão.

A edificação é geralmente de casas baixas, caiadas e de telhas.

O comércio se compõe de poucas casas de negócio, das quais sobressaem umas três bem sortidas e afreguesadas.

Os rendimentos provinciais orçam por 2:060$800. A cadeia e o quartel funcionam em ordinária casa de aluguel. As duas escolas, de ambos os sexos, são sofrivelmente frequentadas.

A alimentação é relativamente difícil e desagradável, não só por não ser o rio piscoso, como pela escassez de carne verde no mercado, onde a que aparece é do sol; pelo que vale-se a população das aves domésticas, ali muito baratas.

A única água potável é a do rio, que, no tempo chuvoso, por insuportável, é desprezada pela preferência que dão às pluviais.

O comércio se compõe de poucas casas de negócio, das quais o respectivo vigário, a expensa do povo, um outro com dispêndio de cerca de 5:000$000, num lugar onde existia uma capelinha particular, que foi doada ao cemitério pela respectiva proprietária.

Os distritos de paz são: o da vila e o das Lages; sendo 4 as subdelegacias: a da vila, a de S. Pedro, a das Lages e a dos Cristais.

Os Rios mais importantes são: o São João, que nasce em terrenos de Caetité e deságua no Bromado, nas imediações das Correias; O Rio do Antônio, que nasce na serra das Almas; passa junto à vila e deságua no Bromado; O Rio de Contas, que já descrevemos antecedentemente; O Rio Gavião, que nasce na vila das Almas; Riachão do Imbé, e deságua também no Rio de Contas.

Os melhores povoados são: Curralinho, Tocada, Barreiro Branco, Tanque de Pedra, Gameleira dos Machados, onde tem tantos habitantes como na vila; Cristais, Capelania, 7 léguas distante da vila, junto ao Rio de Contas, nome originado de uma montanha de Cristal de rocha, que sob os raios do sol, reflete cintilantemente qual enorme espelho.

A lavoura consiste especialmente na plantação de cereais, sendo, entretanto, os terrenos reputados bons para a cultura do algodão, coisa de que ali por ora não se cuida senão para o gasto.

Limitadamente ao consumo local, a produção agrícola consiste na farinha, milho, feijão, arroz, açúcar, raspadura, cachaça, café e trigo; e a industrial em requeijão, redes, e algodão trançado e colorido.

As madeiras vulgares são: aroeira, umburana, pau d’arco, amargoso, jatobá, sucupira, canjerana, cedro bravo etc.

O Rio do Antônio é vadeável no verão; e para dar passagem nas cheias, fizeram na vila uma ponte de madeira que se liga ao lugar chamado S. Félix, de poucas casas, no lado oposto.

Na distância de três léguas da vila acha-se a fazenda Brejo, do coronel Exupério Canguçu, chefe da maior e mais saliente família da localidade, e real influência política do distrito.

Aparentemente não mostra o município nenhuma importância por ser um dos lugares menos conhecidos do nosso sertão; entretanto possui tantas riquezas minerais que necessariamente hão de engrandecê-lo no futuro.

Além de terras calcárias que produzem bonitas estalactites, há na distância de 4 léguas da vila, na serra do Sucuruiú, mármore de várias cores, notadamente rajado, que se divide em paralelepípedos, naturalmente polidos, em qualquer tamanho em que se que se quebre, – por menor que seja.

O Jaspe, o giz, o mármore, o cimento, o tauá, espécie de tabatinga de cores que se fazem tintas para pintar as casas, o ferro, o cristal, o barro para panelas, o salitre, o ônix ou coisa semelhante, tudo se encontra em abundância – indiferentemente – nas serras.

Em 1868 fundou o coronel Exupério uma fábrica de ferro, presentemente paralisada; sendo das amostras enviada para a Alemanha extraído da pedra 85% do dito metal! Só isto vale um tesouro.

Além de uma pedra, a que chamam de espuma, porque bóia (pedra pomes), há uma serra inteira de pedra giz alvo, azul, e cor de rosa, de que fazem curiosamente castiçais, tinteiros, etc.

Conta-se que há mais de quarenta anos, por ocasião de limpar-se uma lagoa para fazer-se um açude na fazenda Santa Rita, encontraram-se os ossos de um fóssil gigantesco classificado – mastodonte – por naturalistas viajantes. A mesma descoberta também se fez na Villa Velha do Rio de Contas e em Macaúbas, na lagoa de Carlos Fagundes.

O engrandecimento do Bom Jesus dos Meiras depende da Estrada de Ferro Central, se esta for ao Brejo Grande e depois contornar ao sul da serra do Rio de Contas, porque necessariamente lhe passará bem perto.

Distâncias: – Para o Brejo Grande – 14 léguas, à Vila das Almas – 22, à cidade do Rio de Contas – 14, à Vila Velha 13, a Caetité – 20, a Santo Antonio da Barra – 18, a Santa Isabel – 28, a Vitória – 26, a S. Sebastião do Cisco – 14, ao ponto de embarque da Estrada de Ferro Central – 39, a Queimadinhas – 42, a Maracás – 40, à Cachoeira – 84, aos Lençóis – 40.

A falta de linha direta do correio entre o 10º e o 11º distritos, por Caetité, S. Sebastião, Meiras, Brejo Grande e Fazenda do Gado, tem sido muito sensível aos moradores, que já a reclamaram até por seu representante no parlamento.

COPIADO CONFORME A SEGUNDA EDIÇÃO.

Antonio Novais Torres

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Brumado, em outubro de 2025.