da Folha Online
O número de mortes causadas pelo terremoto do último dia 12 no Haiti já chega a 212 mil, segundo os últimos dados do governo haitiano divulgados pelo premiê Jean Max Bellerive.
“O último número que recebi de meus colaboradores é de 212 mil mortos”, afirmou Bellerive, em declarações à rede de televisão americana CNN.
Bellerive alertou, contudo, que o número deve aumentar já que as equipes ainda reviram os escombros dos milhares de prédios desabados na capital Porto Príncipe e outras cidades próximas. “Não se sabe exatamente quantas pessoas estão lá”.
Segundo Bellerive, o tremor de magnitude 7 deixou ainda mais de 300 mil feridos. A maioria delas já recebeu tratamento médico.
O premiê afirmou ainda que o terremoto deixou mais de um milhão de desabrigados, que se somaram a outro milhão de pessoas que já não tinha casa antes mesmo da tragédia. Assim, afirmou, a prioridade agora é levar suprimentos e abrigo a estas pessoas.
“Estamos muito preocupados com estas pessoas, estamos preocupados com a segurança. Queremos levar estas pessoas para um lugar mais seguro”, disse.
Mercado negro 05/02/2010 – 08h34
Quase um mês depois da tragédia, a frustração com a insuficiente ajuda humanitária aos haitianos é grande. Muitos daqueles que conseguem pegar os sacos com suprimentos lançados de caminhões, vendem os produtos em um mercado negro.
A poucas quadras de onde soldados dos Estados Unidos e da ONU (Organização das Nações Unidas) distribuem sacos de arroz a mulheres haitianas em Porto Príncipe, ambulantes vendem abertamente arroz tirado de sacos que trazem o carimbo da bandeira norte-americana.
Para garantir uma distribuição mais ordenada, em que os alimentos cheguem às famílias necessitadas, no último fim de semana os doadores internacionais iniciaram um sistema no qual soldados entregam sacos de 25 kg de arroz apenas a mulheres que lhes apresentem cartões de racionamento. A distribuição de alimentos ficou mais calma, mas a nova política não impediu a ajuda alimentar de cair nas mãos de vendedores do mercado negro.
Em um bairro de Porto Príncipe onde 12 mil pessoas estão vivendo em barracas feitas de lençóis, espalhadas por um vale situado abaixo da favela em uma encosta na qual viviam e que desabou no terremoto, vendedores em barracas improvisadas vendem, por cerca de 22 gourdes (US$ 0,55) a xícara de arroz tirado de sacos de alimentos doados.
Marcus Prior, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), disse que era inevitável que parte dos alimentos doados acabasse sendo vendida. “Ainda é cedo para dizer quanto acaba chegando ao mercado negro”, disse ele à Reuters. “Nunca gostamos de ver isso acontecendo. O objetivo desta escalada (da ajuda) é de longo prazo: ajudar a estabilizar a situação alimentícia na cidade.”
Durante duas semanas o PMA vai entregar apenas arroz, decidindo mais tarde se acrescenta outros produtos básicos, como feijão, óleo e sal. Grupos de assistência internacionais dizem que estão aprendendo com os erros cometidos em situações semelhantes anteriores, em que homens mais fortes empurravam mulheres e idosos de lado, para serem os primeiros a receber os alimentos.
Agora os cupons estão sendo entregues apenas a mulheres, e líderes comunitários decidem quem terá prioridade. Mas algumas pessoas estão tirando proveito de brechas no sistema.
Um protesto explodiu na quarta-feira, depois de pessoas reclamarem que alguns grupos estavam vendendo os cupons por 50 gourdes (US$ 1,24) cada. “Apenas os amigos [dos líderes] recebem os cartões, e nós não temos dinheiro para comprar o arroz no mercado”, disse Princius, um idoso que está vivendo num acampamento improvisado nos arredores da favela de Cité Soleil, boa parte da qual era controlada por gangues antes do terremoto. “Estamos passando fome.”
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