Baba do Pó: DIRETO DA PRAÇA

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Paulo Pires é professor universitário

O Brasil de 2010 tá demais. Todo dia ocorrem fatos que deixam nossa sociedade arrepiada. São acontecimentos reais, irreais e surreais que ultrapassam ao mais imaginativo dos cérebros humanos. Tem de tudo para nosso [des] gosto. Os fatos reais se transformam em surreais. Em alguns casos os irreais e surreais passam por metamorfoses tão acentuadas que acabam “ficando normais”. Ninguém sabe determinar a fronteira entre a verdade, a mentira e a ilusão. Anteontem uma adolescente de 16 anos passou em uma maternidade, viu uma senhora com um bebê nos braços, pediu à vovó inocente para dar “uma voltinha” com o recém-nascido. Sem que ninguém percebesse a mocinha se evadiu do local. A família quando deu conta do sumiço, a jovem e a criança já estavam longe. Foi um pega prá capar dos diabos. Felizmente a mocinha seqüestradora não era uma maluca qualquer. Estava apenas frustrada por um aborto que sofrera dias antes. Mas era tão amadora em seu projeto de substituição de bebê, que ao chegar em casa sua família logo “sacou” que algo estava errado. Apertou-a sobre a origem da criança que trazia nos braços e imediatamente chegou-se a conclusão que a mocinha a havia subtraída de alguém. As convicções se confirmaram quando viram o alarido feito por outra família na televisão. A família a fez devolver a criança. Neste caso, o que parecia inacreditável acabou em final feliz.

Nesta segunda feira, 03 de maio, uma turma de 41 jovens, todos muito simpáticos, foi presa por um comando constituído de 50 policiais em Salvador. A prisão se deu na Avenida Antônio Carlos Magalhães em um campo de futebol society no bairro de Brotas. Na ocasião comemoravam o aniversário de um membro da “Equipe” e o evento, já consagrado e muito concorrido, corria à base de cerveja e cocaína. Os rapazes – conforme disse – são de boa índole e ilibada conduta moral. Estavam apenas se divertindo. Claro que alguns estavam armados, outros bebiam cerveja excessivamente e tinha alguns que comiam churrascos como leões. Havia ainda aqueles que complementavam o folguedo com longas fungadas nas fileiras de cocaína [coisa normal para o grupo]. Tão normal que algumas mães reclamaram porque a Polícia tinha que se meter no momento de lazer dos seus filhos. Isso é antidemocrático, reclamaram algumas delas.

O fato é que o pessoal da droga tá jogando pesado. Os governantes por seu turno, pouco funcionam para conter o avanço dessas falanges. A coisa tá de mal a pior. Os núcleos de estudos e pesquisas sobre drogas e violência, parecem pouco articulados. E mal articulados, funcionam como ilhas que pouco podem fazer para aplacar as bactérias do apodrecimento social. Não nos faltam órgãos, entidades e pessoas pesquisando e pensando sobre o tema. O que se percebe – pela falta de articulações corretas – é a ausência de instrumentos essenciais para solução ou redução do problema a níveis toleráveis. Em relação ao Baba do Pó, dizem os bem informados, que as segundas feiras foram escolhidas por essas falanges para que possam fazer avaliações e planejamento de estratégias. Quer dizer: Até os bandidos já estão se planejando. E nós? Bem. Nós estamos ferrados. E o povo? O povo – como dizia Justo Veríssimo, velho personagem de televisão – que se exploda!

Festa no Morro

Em vitória da Conquista, ontem à noite, 05 de maio de 2010, ocorreram festas nos arredores da cidade. , Principalmente nos redutos do crack, da maconha e da cocaína. Até show pirotécnico teve. Pessoas honestas residentes nas localidades onde atuam os principais traficantes, afirmam que houve festas “de arromba”. O motivo? Comemorar a prisão de alguns policiais militares envolvidos supostamente no desaparecimento precoce de “bravos companheiros”. Segundo essas fontes, os banidos ficaram satisfeitos com o desfecho dado ao caso. O que aconteceu com os seus “memoráveis companheiros”, na visão “corporativa” deles, não pode mais acontecer. Estão pensando o quê? Vitória da Conquista não pode retroceder à Chicago de 1920/1930. Hoje a história do banditismo internacional revela que homens valorosos [Deus tá vendo…] como o napolitano Al Capone, o siciliano Joseph Ainelo, o calabrês Frank Costello ou o ítalo-americano Charles “Lucky” Luciano foram imprescindíveis para formação de uma grande América. Quem não prestava era o pobre do Eliot Ness e seus companheiros, que os combateram. Ness, infelizmente acabou morrendo de ataque cardíaco. Mesmo com todo apoio que recebeu da Justiça Americana o delegado Ness não suportou o estresse da função. No caso conquistense, quem vai morrer de ataques cardíacos [se escapar das pistolas ponto 40] vai ser nosso Povo. É isso aí…