Governador lamenta a morte do líder do MST – Márcio Matos – e diz que não vai medir esforços para punir os mandantes deste crime

Em passagem pelo município de Vitória da Conquista, na manhã desta sexta-feira (26), o governador Rui Costa (PT) compareceu ao velório de Márcio Matos, ex-dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O homem de 33 anos foi morto a tiros dentro da própria casa, na cidade de Iramaia, na noite de quarta-feira (24). “Determinei imediatamente que viesse o delegado regional, que viesse a perícia técnica, determinei ao secretário de Segurança [Maurício Barbosa] que montasse um grupo especial de investigação pra que possamos chegar aos executores e aos mandantes da execução porque não tenha dúvida que o que se trata aqui foi crime de mando, foi de execução”, ressaltou Rui, como registrado em vídeo disponibilizado pelo Blog do Anderson. Sem mais detalhes sobre a linha de investigação, o petista pediu para que qualquer pessoa que tenha informações sobre o crime denuncie à polícia. Durante discurso no sepultamento, o governador analisou que essa violência é decorrente de uma “herança escravocrata” da qual o Brasil ainda não se livrou. “É uma herança que vai ao extremo na violência e na execução daqueles que, ao longo da história do Brasil, lutaram e lutam pela igualdade, por uma relação mais fraterna, por uma relação mais humana e por direitos básicos do ser humano, ou seja, ter acesso ao trabalho, ter acesso à renda, ter acesso a uma vida digna”, afirmou. Matos era ligado à tendência interna do PT Esquerda Popular Socialista (EPS) e ocupava o cargo de secretário de Administração da prefeitura de Itaetê (saiba mais aqui).

por Ailma Teixeira

Entenda  a situação –

A Polícia Civil informou nesta sexta-feira (26) que uma das linhas de investigação em que trabalha para descobrir os autores do assassinato de um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, Márcio Oliveira Matos, 33 anos, na noite de quarta-feira (24), é a de crime de mando.

Até a publicação dessa reportagem ninguém havia sido preso. Márcio foi morto com cinco tiros disparados por dois homens no assentamento rural onde morava, em Iramaia, na Chapada Diamantina. O crime foi presenciado pelo seu filho de 6 anos.

Outra hipótese para a motivação do crime é a de roubo, já que, segundo a Polícia Civil, os criminosos pediram dinheiro à vítima antes de atirar nela, mas fugiram do local sem levar nada. Matos foi enterrado nesta sexta em sua cidade natal, Vitória da Conquista, Sudoeste do estado.

“Determinei a formação de um grupo de delegados e investigadores e espero que possamos identificar o mais breve possível quem executou – foram duas pessoas – e quem encomendou esse crime”, declarou o governador Rui Costa, que foi uma das cerca de 2 mil pessoas no velório.

Para o governador, o crime é fruto da herança escravocrata do Brasil, “que ainda permanece na mente de alguns brasileiros, e que se expressa no preconceito, no racismo, na discriminação, chegando a atos violentos como esse, que diz respeito ao direito à terra, ao trabalho.”

Matos foi sepultado no mesmo local onde em 1998 foi enterrado o pai dele, Jadiel Matos, prefeito de Vitória da Conquista entre 1972 a 1976. “Ele sempre foi um exemplo de luta para todos nós. Com 14 anos, já coordenava uma brigada (núcleos em áreas de acampamentos do MST), com 21 já era da direção nacional e vinha cada vez mais fortalecendo o movimento”, afirmou deputado federal Valmir Assunção durante o velório.

Márcio Matos ocupava o cargo de secretário de Administração da Prefeitura de Itaetê, cidade da Chapada governada pelo petista Valdes Brito, e morava no Projeto Assentamento Boa Sorte Una, que tem 416 famílias assentadas, possui 17.387 hectares e foi criado em 25 de julho de 2006.

O deputado lembrou que o MST aguarda que seja marcado o Júri Popular dos executores e mandantes do líder sem terra Fábio Santos, assassinado com 15 tiros em 2 de abril de 2013 no povoado de Palmeirinha, em Iguaí, também no Sudoeste. Por Mario Bitencurt