O ex-ministro da Integração Nacional e candidato ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima comenta sobre as potencialidades e riquezas da região sudoeste e, sobretudo os aspectos religiosos e culturais do Planalto da Conquista.

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Curiosamente, a religiosidade está  na origem de inúmeras localidades e municípios que compõem o Sudoeste da Bahia, o chamado Planalto da Conquista, tornando assim a região ainda mais rica em tradições e cultura. Vejam comigo alguns exemplos.

Cristo de Conquista

Em 1860 a dona de uma fazenda onde hoje é Caculé, doou um terreno ao Santíssimo Coração de Jesus, para nele se construir uma capela à sua veneração.    A tradição conta que um escravo da fazendeira, chamado Manoel Caculé,  passou a morar à margem da lagoa existente no local da capela.  Os viajantes ao se cruzarem pelo caminho, perguntavam de onde vinham, para onde iam e a resposta era sempre a lagoa do Caculé. Virou nome da cidade que surgiu ali.

O primeiro nome de Boa Nova era Boca do Mato. Em 1860, um frade que voltava de uma missão, se perdeu nas selvas sendo socorrido por moradores. Em recompensa ofereceu uma estampa de Nª Sª da Boa Nova, pedindo que construíssem no local uma capela. O fazendeiro Antonio Sampaio fez isso e o município passou a chamar-se Boa Nova.

O povoado do Verruga surgiu quando uma grande seca fez muitas famílias se deslocaram para o litoral. Duas delas desceram a Serra do Marçal e encontraram verde exuberante,  dando fim à viagem rumo ao mar. Continuaram à procura de terras férteis até chegarem ao riacho Santa Maria. Outros colonos foram para o local, gerando conflitos com os pataxós. Os padres capuchinhos então construíram uma capela no povoado,  em busca de paz com os índios. Tempos depois foi instalada a paróquia de Itambé. O povoado cresceu rapidamente, sempre conhecido como Itambé.

O ano de 1885, marca a chegada de João Francisco de Lima e sua família à fazenda Lagoa do Monte Alegre. Dedicavam-se à agricultura e pecuária. Também realizavam festejos religiosos por tradição familiar, com celebração de missas na casa do fazendeiro. A partir de 1916 elas passaram à igreja, edificada nesse mesmo ano. Em 1919 já surgiam casas de comércio e assim se desenvolveu o povoado, depois município de Maetinga.

Vitória da Conquista, como centro regional, vivenciou a ascensão econômica e política dos distritos que fazem parte da vasta extensão territorial do planalto.

A primeira cidade a se tornar autosuficiente foi Poções, que se emancipou politicamente, tornando-se um subcentro regional e governando vários distritos que antes pertenciam à Conquista, como Ibicuí, Iguaí, Nova Canaã, Boa Nova, Manoel Vitorino.

Toda a região, habitada por Camacãs, Imborés e Pataxós,  sofreu importante influência indígena. Esses deixaram muito da sua cultura com os que a povoaram.

As cidades têm nomes característicos indígenas como Ibicuí, Iguaí, Ibicaraí, Itabuna, Itamaraju, Itororó, Itapetinga e muitas outras. Nova Canaã foi uma cultura importada e é uma cidade que desde sua emancipação está inserida na microrregião de Conquista. Segundo histórico oficial foi Bernardino de Matos que chegando à região de terras férteis, adquiriu a Fazenda Floresta, em torno da qual surgiu Nova Canaã.

A região Sudoeste da Bahia abrange 38 municípios e conta com uma população de aproximadamente um milhão de habitantes.

Vitória da Conquista, com mais de 300 mil  habitantes (IBGE 2007) é o centro da região e a 3ª maior cidade da Bahia. Conquista é uma cidade dinâmica, progressista e grande celeiro artístico, com forte movimento cultural.

Nela está o principal campus da UESB-Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia que possui ainda campi em Jequié e Itapetinga.  A cidade é famosa também pelas baixas temperaturas que apresenta durante boa parte do ano.

O Sudoeste é uma área de industrialização recente, não muito organizada e voltada em sua maior parte aos mercados consumidores externos a região. O dinamismo econômico da economia regional, ainda está fortemente associado a atividades rurais, com presença menor da indústria. Sendo uma região de grande densidade populacional, historicamente se comporta como exportadora de mão-de-obra.

O pólo de fruticultura, com base em Livramento e Dom Basílio, é o segundo maior da Bahia, com mais de 10 mil hectares cultivados. O perímetro irrigado cresceu além da sua capacidade com relação à oferta de água, cuja falta ainda representa  um problema para os produtores.

Ainda assim, toda a produção é comercializada para São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Já para a exportação, os empresários se queixam da falta de uma maior promoção do produto nacional no estrangeiro, além da ação dos atravessadores, que levam a melhor parte nos lucros.

Uma planejamento estratégico de investimentos, incluindo o turismo, pois a região possui paisagens belíssimas e relíquias históricas, poderá fazer do Sudoeste baiano uma região de riqueza ainda maior e qualidade de vida acessível a todos. Podem ter certeza de isso -e muito mais- será feito, por amor à Bahia e aos baianos.