Trânsito – Simulador deixa autoescolas mais caras em até R$ 250

 

  • Instrutor e coordenador da escola pública do Detran demonstram novo equipamento obrigatório

Quem quiser tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a partir de agora vai ter que desembolsar cerca de 20% a mais, em relação ao valor gasto anteriormente, devido à utilização obrigatória de um simulador de direção. O equipamento tem de ser instalado nas autoescolas, para uso após as aulas teóricas e antes das práticas.

Antes, o interessado em obter a habilitação pagava, em média, R$ 1.200, segundo a Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto). Com a determinação, que vale para quem pretende ter autorização para conduzir carros (categoria B), o interessado vai pagar até R$ 250 a mais.

A determinação, regulamentada pela Resolução 444, de 25 de junho de 2013, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), começou a valer quarta-feira, e não agradou autoescolas de Salvador, que questionam a obrigatoriedade do uso do simulador e alegam preocupação pelo custo de instalação (cerca de R$ 40 mil) e questionam até a eficiência pedagógica do aparelho.

Devido à insatifação, o Sindicato das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores do Estado (Sindauto) informou que vai solicitar uma reunião no Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), na próxima semana, para pedir maior prazo para instalar os novos equipamentos.

O assessor técnico da diretoria geral do Detran, major Genésio Luide, esclareceu que cabe ao Contran a decisão de prorrogar o prazo de instalação dos simuladores pelas autoescolas. Segundo ele, o órgão estadual irá fiscalizar e, caso as empresas não cumpram a determinação, não terão o curso reconhecido.

“O simulador já foi utilizado em outros países e mostrou ser eficiente, do ponto de vista pedagógico, para o condutor. Minimiza o risco de o aluno ir para a aula prática sem nenhum conhecimento”, ressaltou.

Custo

As cinco aulas no simulador, de 30 minutos cada, devem ser feitas, obrigatoriamente, antes do início da parte prática. As atividades no equipamento continuam com 20 aulas de 50 minutos. Com o custo de instalação e manutenção, as autoescolas preveem que cada aula no simulador custe cerca de R$ 40.

Para o presidente do Sindauto, Abelardo Filho, o uso do simulador vai encarecer o custo para tirar a habilitação e, consequentemente, “dificultar o acesso das pessoas de baixa renda”.

“Nossa preocupação é com o aumento do custo para as autoescolas, que será repassado para a população. Uma lei não pode prejudicar o principal usuário, que é o grande público”, criticou.

O major Genésio Luide reconheceu que o custo vai aumentar para quem quiser tirar a habilitação, mas destaca que a formação dos condutores será melhor.

“Fazendo uma analogia, é como um piloto de avião. Ele não vai direto para o avião durante a formação, mas passa por simuladores. O condutor vai para a rua mais seguro”, disse Luide.

Teste

Na manhã da última sexta-feira, 3, a equipe de reportagem de A TARDE testou o equipamento com o acompanhamento do instrutor prático Mário Cachoeira e do coordenador teórico Tiago Andrade, ambos da escola pública do Detran.

O simulador utiliza três telas de televisão para simular a frente e os lados do veículo. Todos os elementos do painel de um carro comum estão presentes no aparelho, além dos três pedais.

A cada aula, o nível de dificuldade é elevado. Chuva, neblina e animais na pista são alguns elementos que podem ser controlados pelo instrutor, que fica com um teclado ao lado do condutor.

“A aluno deveria fazer a simulação depois das aulas práticas, para ver se está apto para o teste”, opinou Mário.

Para Andrade, a simulação permite que muitas pessoas conheçam o funcionamento de um carro: “É bem complicado para quem pega um carro pela primeira vez. O aparelho diminui esse medo”.

Luan Santos

 

 

  • Mila Cordeiro/ Ag. A TARDE