Quadro de histórias de Brumadenses, que são ou foram  protagonistas do contexto histórico em Brumado. BA

 

O portal de noticia  A gente diz, veiculará uma série de micro biografias de história de vida de personagens, que são filhos nativos ou não, que contribuíram ou contribuem,  direta ou indiretamente, com a história da Cidade.

E para isso, teremos a participação e contribuição do historiador e escritor Antônio Torres, que é o autor de centenas de biografias,  de pessoas de praticamente todos os segmentos sociais e político e econômico do Município.

Minibiografia – JAIR COTRIM RIZÉRIO

 

JAIR COTRIM RIZÉRIO E ESPOSA NELCI AZEVEDO RIZÉRIO

Auditor Fiscal – aposentado

Nasceu 12/03/1933- Faleceu 14/05/2020

NELCI AZEVEDO RIZÉRIO N. 08/02/1940

Jair Cotrim Rizério, nasceu em Brumado, “Capital do Minério”, no dia 12 de março de 1933, filho de Guilherme Rizério Leite e de Guiomar Cotrim Leite.

Irmãos: Nélio, Benito, Guilmar, Sônia, Dino, Selma, Zênio, Márcia, Alda, Elda, e Rui Cotrim Rizério.

Avós Paternos: Pompílio Dias Leite (juiz de Direito) e Deolinda Rizério de Moura Leite.

Avós materno:  Sebastião dos Santos Leite e Maria Pia Cotrim dos Santos Leite

INFÃNCIA:  Grande parte de sua vida Jair passou em Brumado. Desde novo demonstrou as suas aptidões intelectuais e recebeu elogios de seus preceptores.

ESTUDO: Iniciou o curso primário em escola pública de Ituaçu (onde seu pai trabalhava) e concluiu em Brumado, na escola particular “Gregório de Matos Guerra”, do professor Hugo Meira, que ministrava também aulas de Latim e Francês.  Com o professor Lacerda, em curso particular, recebeu aulas de Contabilidade. Aprimorou o conhecimento da Língua Portuguesa, no dia a dia, com o pai, homem culto e grande conhecedor do idioma pátrio, como também, do Latim.

Mais tarde, prestou Exames Supletivos referentes aos cursos ginasial e colegial.

Seu conhecimento na área do Direito Tributário (Direito Fiscal) foi adquirido com o pai com quem trabalhou na Coletoria Estadual de Brumado.

Sempre atraído pela Ciência do Direito, em seus diversos ramos, foi aprimorando esses conhecimentos, que o fascinavam, através de leituras de artigos pertinentes, despachos de juristas renomados, consultas em livros das diversas áreas do Direito e conhecimento da Constituição Brasileira.

Casou-se com Nelci Santos Azevedo em 1964, filha de Agnelo dos Santos Azevedo e Celsina Santos Azevedo, filha de Augusto dos Santos e Cecília Arminda Lima Santos e passou a assinar Nelci Azevedo Rizério. Tiveram uma convivência de 56 anos, em completa harmonia e amor mútuo. Foram felizes na convivência amorosa com a família. Dessa união nasceram os filhos:  Lucas Azevedo Cotrim Rizério, Sara Azevedo Cotrim Rizério e Francisco de Assis Rizério, que lhes proporcionaram netos, os quais deram-lhe grandes alegrias tanto pessoal como profissional.

RELIGIÃO: Católico convicto, devoto de São Francisco de Assis que segundo suas palavras citava: “Santo de muita afinidade com Jesus, de fascínio extraordinários”, em quem Jair se inspirava. Deu ao filho caçula o nome de do Santo, escolhendo-o como padrinho.

Do seu compadre espiritual, Jair assumiu o lema:

“O que temer? Nada

A quem temer? Ninguém

Por que? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder, embriaguez sem vinho e vida sem morte”.

TRABALHO: Ingressou no Fisco, por concurso público, inicialmente no cargo de Exator de Coletoria e depois como  Coletor, em seguida Fiscal de Rendas, Auditor Fiscal, esses cargos  foram exercidos em Brumado (1952 a 1972), em Itapetinga (1972 a 1979) e em Salvador (1979 a 1986) época da sua aposentadoria profissional.

Em fevereiro de 1964, conseguiu a elevação de Brumado da 4ª e última para a primeira Sub-região do Salário Mínimo, subindo de 11 para 33 mil cruzeiros. Nessa luta, contou com o apoio do deputado Federal   Fernando Sant’Anna que abraçou essa justa reivindicação. Jair enfrentou os poderosos sem temê-los, pois segundo ele, “a omissão e o medo são transgressões da Lei divina”.

DECLARAÇÃO DE JAIR COTRIM RIZÉRIO:

Em 1969, no exercício de minhas funções fiscalizadoras estaduais, verificando o incalculável prejuízo da Bahia e de Brumado, com saídas de matérias-primas daqui produzidas, e empregadas na fabricação de tijolos refratários em outro Estado, onde o ICM era totalmente recolhido, decidi, com base em fundamentos técnicos, de transformação da substância mineral em matéria-prima após calcinação, lavrei o competente processo fiscal para salvaguarda dos interesses do nosso Estado e Município. Essa ação foi julgada procedente em primeira e segunda Instâncias Administrativas, […]. Com essa providência houve um aumento na arrecadação significativa do IUM – Imposto Único Sobre Minerais para o Município. […]”

Acompanhou o pai, Guilherme Rizério Leite, chefe político, e o tio Wenceslau Rizério de Carvalho (presidente da Câmara de vereadores em diversas legislaturas). Politicamente, exerceu grande liderança no município e contou com o apoio dos vereadores da sua corrente político-partidária e pessoas amigas que viam nele o candidato ideal.  Jair afirmava: “O município é o alicerce da Nação”.

Candidatou-se em 1962, aos 29 anos de idade, ao cargo de prefeito de Brumado, pela UDN – União Democrática Nacional, concorrendo com Dr. José Borges Sampaio (apoiado pelo prefeito Manoel Fernandes) e Armindo dos Santos Azevedo (PR – Partido Republicano), que foi eleito. O senhor Armindo, político experiente, já havia comandado os destinos do município nos mandatos de 1948/1950 e 1955/1959.

Após o Movimento Militar de 1964, a primeira eleição municipal ocorreu em 1966, com a candidatura única do Dr. Juracy Pires Gomes, indicado pela corrente política de Jair (ARENA-2) e apoiado pelo prefeito Armindo Azevedo (ARENA-1). Nesse pleito, a vitória foi da corrente política da ARENA-2, que elegeu 5 vereadores. A ARENA-1 que elegeu 3 e o MDB 4 edis.

“Daí para frente, o ambiente político local mudou muito, diferente dos velhos tempos da política civilizada, quando, passada a refrega, todos esqueciam as divergências partidárias, sem reflexos nas relações pessoais de amizade” (Jair Cotrim Rizério).

Em 1972, afastou-se da política local, motivado pela inconformação dos magnatas contrários à sua luta em favor do salário mínimo e da criação do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Brumado. Os magnatas e grileiros o denunciaram, e Jair foi indiciado em IPM (Inquérito Policial Militar) o qual foi arquivado, pela falta de provas convincentes, pela Auditoria da Guerra da VI Região Militar.

Foi para Itapetinga e assumiu a Inspetoria Fiscal onde permaneceu até 1979 e depois passou a servir em Salvador na Coordenação de Tributação (COTRI), na Secretaria da Fazenda do Estado. Contudo, como influente liderança política no município, manteve o seu domicilio eleitoral em Brumado e contou com o apoio dos vereadores sob a sua liderança.

Em 1976, a sua corrente política, já integrada ao MDB, por sua interferência, conseguiu viabilizar a candidatura de Agamenon Lima de Santana, que desistiu de disputar a vereança, para substituir Evan Santos Azevedo, impugnado pelo TSE que alegou a entrega de documentação fora do prazo.

Agamenon foi eleito para o mandato de 1977-1982, perfazendo seis anos de mandato, com prorrogação de mais dois anos pelo Regime Militar. Em seguida, apoiou a eleição de Edmundo Pereira Santos e do médico Geraldo Leite Azevedo (MDB/PMDB).

Jair, trabalhou incansavelmente em defesa dos interesses de Brumado e fez inúmeras ações e proposições, dentre elas, o salário mínimo, igualando-o ao salário da capital, com aumento significativo beneficiando os brumadenses. “Em função desse posicionamento sofreu um IPM, por denúncias de indivíduos poderosos e influentes que não concordaram com a essa reivindicação.  A Auditoria de Guerra da VI Região Militar arquivou o processo”.

Criação do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Brumado, reconhecido pelo MT em 29/12/1976 e instalado em 31/07/1977. Em reconhecimento, ao seu trabalho, recebeu Diploma de Honra ao Mérito – Fundador   uma homenagem dos trabalhadores em eleição realizada em 26/06/1977;

Foi eleito Conselheiro da Fundação Educacional de Brumado, que doou ao Estado o prédio do antigo Ginásio Industrial, sob condição da Instalação do Colégio Estadual de Brumado;

Conselheiro da Fundação Hospitalar de Brumado, que iniciou a construção do atual Hospital Professor Magalhães Neto, uma proposta de sua autoria aprovada pela diretoria;

Foi juntamente com o irmão Nélio, sócios fundadores da União Operaria Brumadense, entidade de cunho recreativo e cultural para os trabalhadores brumadenses;

Participou como sócio fundador da Lira Ceciliana Brumadense;

Foi secretário interino da Câmara de Vereadores de Brumado;

Publicou inúmeros artigos no Jornal ‘A TARDE”. Todos esses eventos tiveram a participação de Jair Rizério.

 

 

REIVINDICAÇÃO DA BANCADA POLÍTICA SOB A SUA ORIENTAÇÃO:

1) Agencia do Banco do Brasil, reivindicação do vereador Antonio Machado (Dep. Edvaldo Flores);

2) Região de Trânsito, para licenciamento de veículos (Dep. Aloysio Short – governo Juracy Magalhães);

3) Curso Pedagógico Dr. Pompílio Leite (Dep. Aloysio Short – (gov. Juracy Magalhães), posteriormente (1970) foi incorporado ao Colégio Estadual de Brumado;

4) Criação e construção da sede da Merenda Escolar, inaugurada pelo Gen. José Sombra (Dep. ACM);

5) Ação decisiva junto ao gov. Juracy Magalhães (compadre do meu pai Guilherme Rizério Leite) para construção da estrada Brumado-Livramento, com variante para o distrito de Itaquaraí;

6) Criação de dezenas de escolas estaduais na cidade, distrito e povoados (Dep. Aloysio Short) – gov. Juracy Magalhães.

JAIR RIZÉRIO professava a religião católica fervorosamente, venerava Nossa Senhora e tinha, por devoção, São Francisco de Assis. Citava a frase bíblica: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais virá por acréscimo” (Mt 6.33). Solidário, em suas orações, pedia a Deus misericórdia e proteção para os necessitados e carentes.

Depoimentos da família:

FALECIMENTO: “Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer” (Santo Agostinho).

Em 14 de maio de 2020, no Hospital da Bahia, em Salvador, Jair faleceu aos 87 anos, após complicações de saúde. Faleceu ao lado da família. “Não temamos a morte, pela certeza de que o espírito voltará à Eternidade” (Jair Cotrim Rizério).

Até o seu último momento não perdeu a fé. No estertor da morte disse aos familiares: “Jesus está aqui, se Ele quiser me levar, estou pronto”.  Foi exemplo de coragem, de fé inquebrantável, de confiança e de amor a Cristo.

Morreu como um justo, com o sentimento de dever cumprido. Sem temer a morte, na certeza que o espírito voltará a eternidade, dizia ele.

Partiu sereno, ao encontro do Pai. Sua ausência se tornou uma forte e saudosa presença, pois, como disse o poeta português, Fernando Pessoa: “Os mortos nascem. Não morrem”.

“As pessoas que amamos e perdemos já não estão onde estavam, mas onde estamos” (Dom Murilo Krieger, arcebispo emérito de Salvador-Bahia).

Sobre a morte disse Rui Barbosa: “A morte não extingue: transforma; e não aniquila: renova; não divorcia: aproxima”.

Jair fez sempre o bem, agindo com generosidade, sem esperar reconhecimento.

 

DEPOIMENTO DA FILHA SARA RIZÉRIO TAVARES:

“Na travessia para chegar a aceitação de tua perda, ainda estou caminhando. Tua ausência que é quase presença continua comigo todos os dias, e minha e minha admiração por teu exemplo de vida só cresce!

Foste um gigante na bondade, na honradez, na fé, no amor a Cristo e à família, ao próximo e ao trabalho. Combateste, diariamente, o bom combate, pois sempre viveste num plano mais elevado.

Nem acredito que já há um ano partiste, tenho certeza que és luz na eternidade.  Viveste uma vida plena de amor, e lembro-me demais da tua filosofia de vida: “Não ajunteis tesouros na terra, onde as traças e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem as traças nem a ferrugem consomem, onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus 6: 19-20).

“Não importa a distância que nos separa, se há um céu que nos une”. (Carlos Drummond de Andrade).

DEPOIMENTO DA IRMÃ MÁRCIA COTRIM RIZÉRIO:

Jair foi um orgulho para a nossa família.

Honradez, integridade, senso de justiça, ética, desprendimento, inteligência, sabedoria, fé, coragem, preocupação com o próximo, amor ao trabalho, à família e à Pátria. Amigo leal! Ele foi a personificação dessas qualidades raras no ser humano. Uma pessoa abençoada, de espírito elevado.

Um guerreiro que nunca desistiu da luta, guiado por elevados propósitos, pela força da fé e da confiança em Deus.

Jair sempre semeou a boa semente, alegrando-se com a felicidade dos seus semelhantes. Com esses, dividiu sua riqueza espiritual, sem olhar a quem, sem almejar recompensa.

Um irmão pai, de todos os momentos, alegres ou tristes. Ele continua e continuará em nossas vidas, pelo exemplo e legado que nos deixou.

Ele partiu, mas muito dele ficou em nós.

Nosso irmão acreditou, em toda a sua existência, no Deus da Vida, no Deus da Ressurreição. Retornou à Casa Paterna – a morada dos justos e dos limpos de coração!

Ele se foi em paz! Silenciosamente! Tranquilo! Confiante!

A você, Jair, muito obrigada pela sua vida cheia de exemplos e ações dignificantes, que são um luzeiro para nós.

Muito obrigada pelo que você fez por nós, sua família, abrindo mão de muitos sonhos para que os nossos fossem realizados. E com que alegria você os celebrava!

Você sempre fez jus ao seu nome: Jair, “aquele que ilumina”, “ele brilha”.

Pois foi iluminando o nosso caminho e de muitos que você viveu.

Descanse em paz, inesquecível irmão e amigo!

NOTAS DE PESAR:

É com profundo pesar que a Diretoria Executiva da Força Invicta lamenta a falecimento do Sr. Jair Cotrim Rizério, pai do TC PM RR Lucas Azevedo Cotrim Rizério, ocorrido em 14/05/2020. Manifestamos o mais profundo sentimento de solidariedade à família e amigos.

Ass. Força Invicta.

Com profundo pesar comunicamos o falecimento do Auditor Fiscal Jair Cotrim Rizério, ocorrido em 14 de maio de 2020. Os nossos mais sentidos Pêsames para toda a família pela perda do seu ente querido, em especial ao filho também Auditor Fiscal, Francisco Rizério. IAF – Instituto dos Auditores Fiscais. Faleceu em 14 de maio de 2020.

Os dados para composição dessa biografia resumida, foram fornecidas pelos familiares: Sara de Azevedo Rizério Tavares (filha) e Márcia Cotrim Rizério (irmã) aos quais agradecemos pela disposição e colaboração de assim o fazer.

 

 

Antonio Novais Torres

[email protected]

Brumado-Bahia em 02/08/2022.