Artigo: EU TAMBÉM ODEIO O DIVÓRCIO

O divórcio é
ruim, é melhor falar em morte do que falar em divórcio, esse é um tema
extremamente desagradável, nem Deus queria tratar a respeito desse assunto,
fomos nós com a dureza de nossos corações que forçamos este assunto, mas agente
sente que Deus jamais gostaria de tratar dessa tragédia.

Eu também
odeio o divórcio. Mas não tenho outra alternativa senão tratar de tal assunto.
Durante muito tempo do meu ministério nunca aconselhei ninguém a divorciar-se
até que este dia chegou. Foi difícil pra mim, sempre aprendi que o pastor nunca
deve aconselhar o divórcio mas auxiliar aqueles que se divorciam. Hoje creio
que devemos aconselhar a reconciliação de forma perseverante, mas não havendo
resultado positivo, aconselho o divórcio.

A
experiência pastoral me fez mudar de ideia e creio que não estou distante das
Escrituras por ter mudado de opinião. O divórcio é ruim, mas serve pra alguma
coisa, pois se Deus permitiu nas Escrituras é sinal que em alguns casos
especiais era aconselhável e prudente fazê-lo e essa não é uma tarefa fácil.

Não
aconselho o divórcio em muitos casos, na sua maioria, já vi pessoas se
divorciarem por coisa pequenas, por problemas corriqueiros que acontecem em
nossos lares. Divórcio nestes casos é pecado e portanto ninguém poderá extrair
dele beneficio algum, somente males.

O divórcio é
aconselhável quando alguém impotente sexualmente se casa sem que o outro saiba
de tal situação. Conheço uma irmã que casou com um homem impotente devido ao
uso excessivo das drogas. Depois de dois anos de tentativas sem sucesso, esta
irmã me procurou para falar do problema, e eu aconselhei o divórcio depois dela
ter me dito que não suportava mais viver com ele naquela condição. Se ela
soubesse não teria se casado. Se este problema acontecesse durante o casamento,
por causa de uma acidente ou por causa de um
problema de saúde, eu não aconselharia o divórcio.  Creio que o casamento é feito diante da lei,
diante dos homens e diante de Deus. O casamento diante da lei é o civil, o
casamento diante dos homens é o religioso, e a relação sexual é o casamento
diante de Deus, não havendo esta última parte não houve casamento no seu
sentido mais profundo.

O divórcio é
na verdade uma amputação, o membro gangrenado precisa ser extirpado para não
destruir toda a família. É o caso do cônjuge que vive em adultério e não se
arrepende e procura manter o casamento e um envolvimento com uma amante ou se
prostitui com várias pessoas. Tenho um amigo pastor que viveu dezessete anos de
sua vida sendo traído pela esposa, ele se divorciou e está hoje novamente
casado. Hoje eu também aconselharia qualquer um nesta condição a se divorciar e
em havendo oportunidade contrair novas núpcias. As pessoas demoram a tomar a
decisão do divórcio por muitas razões, vou citar somente duas; medo de estar
fazendo algo contrário aos ensinamentos das Escrituras e falsa esperança de que
o outro regressará a qualquer momento da sua loucura. No caso daquele meu amigo
pastor foi a primeira opção. Foram dezessete anos de muito sofrimento
desnecessário.

Este meu
amigo era muito tradicional, um homem doutrinariamente fechado e passivo, a
passividade e a dureza doutrinária contribuíram para o calvário prolongado, a
passividade é também um outro motivo que leva as pessoas a se acomodarem.

As pessoas
neste estagio de acomodação ficam também esperançosas de que Deus mudará a
situação, de fato isso pode acontecer mas é raro, na verdade Deus está
esperando que esta pessoa se posicione e não o contrário.

Neste caso o
cônjuge que não se divorcia do adúltero permanece ligado a ele, se tornando
herdeiro e sócio de seus pecados, sem falar que contribui para manter a
situação num estado que irá durar durante anos e que afetará sensivelmente a
sua vida espiritual de todos. Percebo que as mulheres tem muita dificuldade de
dar este passo final, os maridos as enganam dizendo que não sabem o que dá na
cabeça, que estão errados, mas que vão sair dessa um dia. E a mulher geralmente
cede e passa muito tempo com falsas esperanças, confusa se enganando e sendo
engananda.

Divórcio não
é uma decisão legal, a legalidade do divórcio
é apenas o último passo, o passo difícil porém necessário, o adultério
como estilo de vida é o divórcio em si, o resto é mera formalidade da lei. O
cônjuge que se mantem emocionalmente ligado a uma amante já se divorciou da
esposa a muito tempo e não por um ponto final a esta relação doentia é que de
fato é pecado, o divórcio nestes casos é um mal necessário, um mal menor, um
livramento.

 

Divórcio é
disciplina para o traidor e para a para o traído, uma medida dolorosa mas
necessária, como eu disse uma amputação de uma relacionamento apodrecido pelo
adultério.

O adultério
é a base válida para o divórcio, para Deus o casamento pode ser desfeito porque
houve adultério, conforme Mateus 19.9.

No sermão da
montanha Jesus não condenou o divórcio mas  o repudio, uma espécie de desquite pois este
não permitia que a mulher se casasse novamente e não se divorciando a mulher se
tornava adúltera perante a lei se tivesse um caso. A lei de Moisés garantia o
divórcio e o segundo casamento.

Existem
outras formas nas quais eu creio em que o divórcio se aplica, como o estado
permanente de agressão física, mas eu encerro tentando mostrar os benefícios do
divórcio para aquele que lutou muito para que este não acontecesse.

Primeiro,
depois do divórcio vem um retornou ao eixo espiritual, durante todo o processo
que culmina o divórcio a tentativa de resgatá-lo tira, quase sempre a pessoa do
foco principal da vida que é buscar as coisas lá do alto e não nas que são aqui
da terra. É melhor ter paz com Deus do que manter um casamento que morreu. A
vida espiritual é muito mais importante do que o casamento.

O descanso
emocional, a alma estava a todo momento aflita, confusa e perturbada, a decisão
do divorcio trás a calmaria necessário ao mundo interior. A pessoa dá nova
direção a vida e volta a assumir as responsabilidas deixadas de lado durante a
via crucis.

Outro
aspecto positivo é que os filhos não recebem a atenção devida de nenhum de seus
pais até o divórcio. Creio até que manter as crianças numa espera infinita é
pior do que o divórcio, elas não descançam e não recebem o cuidado adequado. O
divórcio pelo menos trás de volta um dos pais.

O benefício
financeiro pode também ser mencionado, a pessoa que está apaixonado por uma
amante pode dilapidar o patrimônio conquistado durante anos prejudicando ainda
mais o seu cônjuge.

Encerro
reconhecendo toda a complexidade do divórcio e aceitando o fato de que depois
do divórcio Deus pode restaurar o casamento, talvez nestes casos o divórcio
seja a disciplina que faltava ao cônjuge faltoso, para que este retorne ao seu
lar e seja novamente restaurado a comunhão com Deus.

Pr. Stênio
de Araújo Verde