Artigo: NÃO É DECRETO DE ARMAMENTO QUE VAI ACABAR COM O BANDITISMO

 Pode ser engano, ou ainda é muito cedo para se definir conceitos, mas os primeiros sinais dão conta de que o nosso país vai mesmo entrar na bolha do retrocesso no campo das ideias no âmbito interno e externo. As posições e os comportamentos do novo governo do capitão nos levam nesta direção. O tempo dirá se tudo isso não passa de um equivoco, ou, se lamentavelmente, é o que irá acontecer.

   Seguindo a trajetória da bala, o capitão vai assinar um decreto para facilitar a posse de arma para que os cidadãos tenham o legítimo direito de defesa de suas vidas e de suas propriedades, especialmente daquelas situadas no meio rural. Não está se arguindo aqui se a medida é ou não constitucional, mas não é com mais armas nas mãos que se vai combater a onda de criminalidade que tomou conta do Brasil.

  Mais uma vez, as pessoas estão sendo iludidas por uma falsa segurança, ou solução do problema, quando a questão do país é muito mais profunda, de ordem econômica e social, que vem se arrastando ao longo dos anos, principalmente com a usurpação do poder pelos mais fortes esmagando os mais fracos. Quem mais ganha com isso é a indústria do armamento, obedecendo a um novo consenso da bandeira norte-americano.

  A não ser os pés de chinelos, que estão fora desse esquema, os bandidos hoje atuam em quadrilhas organizadas, como os corruptos, e têm suas estratégias do chamado elemento surpresa para atacar. Além de bens e objetos, vão ter mais armas para roubar, com esquemas mais ousados como fazem nas cidades nos assaltos contra caixas bancários.

  Glória à liberdade de expressão que ainda gozamos nesses novos tempos, não é somente sobre este decreto que quero expor minha opinião. As primeiras trombadas do presidente-capitão, que sempre está perambulando pelos quartéis-generais, já eram esperadas pelo seu despreparo, mas não nos assusta tanto como os comentários fundamentalistas da sua ministra Damares, e as indicações de privilegiados políticos, coisa que tanto condenou com veemência. A política externa vai isolando o Brasil que lá fora está sendo vista como fascista.

   Primeiro vamos ao caso de que menino veste azul e menina veste rosa, que é menos ofensivo que pretender expurgar das escolas o estudo da evolução dos seres, e confundir ciência com fé religiosa. Será que vem por aí uma inquisição à brasileira em pleno século XXI? Vai haver uma depuração do que se pode ou não se aproveitar da ciência nas salas de aula? A teoria da evolução nada tem a ver com a fé, nem com ateísmo ou monoteísmo.

  E quanto a posição retrógrada da ministra de que estudante não deve fazer curso em outra cidade ou estado, e sim onde vivem seus país? Só faltou ela dizer que somente ao homem é permitido, porque era assim nos tempos coloniais e do coronelismo quando o pai mandava o filho para Coimbra (Portugal) ou para a Sorbone, na França. Com toda esta evolução tecnológica (olha aí a palavra evolução!) e a aspiração do jovem em crescer e se amadurecer lá fora, o Estado vai criar a figura do fiscal da família?

  Pelo panorama que se apresenta, nada muda no campo dos privilégios dos poderes, e as promoções de amigos vão continuar, como ficaram evidentes as indicações do filho do vice- presidente general para o Banco do Brasil e do queridinho do capitão para uma gerência da Petrobrás. Logo a coitada da Petrobrás que tanto foi bombardeada no governo do PT!

Outros sanguessugas da nação vão se apoderar e se incorporar aos já existentes. O pasto vai ficar mais verde para os militares que já exigem privilégios na decantada reforma da previdência social. O problema do Brasil vai muito além da corrupção, que já transformou o Brasil numa terra arrasada. O miolo das frutas para as castas, e as cascas para o povo. Mudam-se apenas os bois…