ARTIGO: O Partido dos Trabalhadores e a Unidade como ponto de partida


Joilson Bergher

 

Será a unidade partidária um problema relevante no mundo político? Em outras palavras, as divergências internas de um partido, acompanhadas da possibilidade de cisão inerente a situações de desacordo, produzem efeitos importantes nos processos políticos? No caso específico de Jequié, me alegra o nosso companheiro Marcelo Aguiar, presidente do Partido dos Trabalhadores, o não menos companheiro de caminhada e ex-Deputado Estadual, Isaac Cunha do Nascimento, o militante Paulo Souza e o ex-candidato a Deputado Federal, Sérgio Gameleira, objetivando uma maior aproximação com as bases e fortalecer a unidade, o Partido dos Trabalhadores de Jequié, tem dado sinais de maturidade política, inclusive com  participação de seus filiados, militantes, simpatizantes par dar conta dos desafios que estão colocados, e, que certamente não serão fáceis. Um dos pontos fundamental que o PT tem debatido é sobre aquilo que eu chamo de  “Pacto de Geração”, como forma de renovação de lideranças política. A unidade é primordial para o futuro. O PT tem dialogado bastante com os partidos historicamente ligados ao campo da esquerda, e, sobretudo com os  que compõem o espectro de alianças do arco do governo federal e estadual, buscando o entendimento e o melhor para o Projeto. Nosso projeto político e de desenvolvimento para todos e de inclusão social em seus diversos campos  deve ser o ponto inicial dos debates. Não podemos perder de vista que o Partido dos Trabalhadores se notabiliza por ser de  tipo inclusivo-competitivo, e, que apresenta alta inclusão dos filiados no processo decisório interno e alta institucionalização da competição pelos postos de direção partidária. Portanto, é o que realiza substancialmente as duas dimensões de democracia interna, conformando uma arena tanto ampliada quanto competitiva. É curioso notar que o funcionamento de um partido assim estruturado se assemelha em certa medida ao da democracia global: líderes de tendências competem entre si pelos votos livres dos filiados, apresentando suas convicções ideológicas e propostas de condução partidária. Partidos deste tipo também sustentam uma ampla liberdade de criação de novas tendências, e em geral possuem métodos de representação proporcional  no que concerne à eleição da direções partidárias. É bom que fique claro, todo esse movimento revigorante no Partido dos Trabalhadores se garante e está normatizado em regulamento interno, ganhando força agora no seu último congresso. Em particular, partidos precisam tomar decisões difíceis sobre a perseguição de três objetivos distintos: obtenção de cargos governamentais, a maximização de votos e a implementação de políticas públicas que se aproximem de suas preferências ideológicas. A busca de um objetivo pode conflitar com a busca de outro, gerando situações dilemáticas nas quais os partidos ou os líderes partidários têm que escolher atingir um deles, a expensas de outro, por isso, apostamos no diálogo propositivo permanente. Mas afinal, como classificar o PT? Seria o partido uma frente? Uma coalizão? Tais expressões são usadas corriqueiramente quando se discute o partido, até mesmo pelos próprios petistas. Discordo de ambas, por considerar que refletem preconceitos em relação a partidos com estruturas inclusivo-competitivas (no caso da adoção do termo frente) e um uso demasiado elástico do conceito de coalizão. A nosso ver, o PT é um partido político que desenvolveu historicamente estruturas internas permeáveis à atuação de tendências internas e uma particular distribuição de preferências ideológicas entre seus filiados. A interação de ambas define o caráter e a intensidade da luta interna petista. Outros partidos políticos brasileiros se desenvolveram de outras maneiras, considerando-se as circunstâncias com que se defrontaram e as escolhas que fizeram. Devemos sim  a cada dia renovar nossos sonhos, muitos já foram realizados, outros serão possíveis se todos tiverem os mesmos objetivos. Esse é o ponto inicial dos debates. É fundamental, nesse momento, construirmos um novo tempo para Jequié, conversando bastante e ouvindo os partidos, lideranças e o povo. Como diz o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, “Temos ótimos candidatos aqui e sinto que há unidade. Assim que o nome do candidato petista for definido, quero vir para a cidade militar, amassar barro, subir no palanque e pedir votos”.

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Joilson Bergher. Professor de História, Especialista em Metodologia do Ensino Superior/ Uesb. Pesquisador independente do Negro no Brasil, Graduando em Filosofia/Uesb