Artigo: OS CAMBALACHOS DO REI PAGOS PELO POVO VIOLENTADO EM SEUS DIREITOS

Neste bafafá da cadeia dos amigos do mordomo de Drácula e da prisão desobediente de Lula, esqueceram de vez da execução da ex-vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, e assim a mídia (nem lembram mais do dia do jornalista -7 de abril) vai navegando nas águas turvas lamacentas do caldo grosso do caos dos escândalos, das tragédias e dos horrores da política. Poucos deram atenção ao aviso intimidador à Justiça e à democracia vindo lá do quartel do general.

Enquanto a caravana passa, o povo, dividido em suas torcidas de ódio e rancor, paga os cambalachos do rei Drácula e é diariamente violentado em seus direitos. Hipnotizado pelos espetáculos macabros, a tudo assiste de suas arquibancadas e contenta-se apenas com seus deveres. Os cães ferozes continuam a ladrar e estão na espreita para atacar a carniça na hora certa da confusão dos desesperados.

A democracia virou saco de pancada e cada um aproveita para dar o seu soco de misericórdia. Não dá para apoiar e defender as bandeiras vermelhas do PT que se aliou em passado recente com gente da pior espécie e deu no que deu, nem seguir de longe os camisas amarelas da seleção brasileira, a maioria composta de uma elite retrógrada e fascista. O lamentável é que não existe, no momento, uma terceira via para marchar ao lado dela.

NAS CONTAS DE ENERGIA

Sem rodeios, vamos ao que nos interessa. Neste país tudo sempre sobra para os consumidores e a população em geral que custeiam as trambicagens do rei e da sua tropa de sanguessugas. Os saques diretos aos cofres públicos deixam um rastro de mortes na educação e na saúde nos sujos corredores dos hospitais, piores que nos campos de concentração em tempos de guerra.

Entre os auxílios-moradias dos juízes e as mordomias dos políticos, quase ninguém se atenta para a lista dos “penduricalhos” cobrados na conta de luz, que inclui desde ações para beneficiar produtores rurais até subsídios concedidos aos prestadores de serviços públicos de água, esgoto e saneamento.

Pouco noticiado pela imprensa, o golpe dos salteadores cafajestes passa despercebido do povo. Não há informação sobre os programas, e o que aparece na fatura da conta é apenas a cobrança de “encargos”. Além do imposto que você paga no ato da aquisição do seu alimento, ou outro produto qualquer, tem uma outra taxa disfarçada na sua utilização de  energia.

O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que, além do custeio indevido dos subsídios, o rei utiliza ilegalmente a via regulatória para embutir na tarifa de luz ações sem relação com o setor, criando um orçamento paralelo que ninguém sabe para aonde vai. É coisa mesmo de bandidagem.

Pelas suas características continentais naturais, com um leque de alternativas (solar, eólica e hídrica), o Brasil tem condições suficientes para oferecer uma energia barata e estender benefícios para milhões que não podem pagar. No lugar disso, o rei prefere roubar descaradamente o povo.

Bem, aqui é sobre o caso escabroso da energia, mas veja outras situações em que a nação pobre é escancaradamente ludibriada, muito também por conta do nosso individualismo. Com meu dinheiro no bolso, os outros que se lasquem. O negócio é levar vantagem em tudo. Ser malandro e esperto.

Cada categoria, cada setor e segmento da sociedade procura salvar seu quinhão, para não pagar débitos vencidos; parcelar em prestações a perder de vista; anistiar dívidas; sonegar e continuar mamando nas tetas do povo. Pensar no coletivo não faz parte da cultura brasileira desde a era colonial.

É esse o nosso Brasil dos Refis (em dez anos teve 17) das pequenas e médias empresas, dos produtores rurais, das safadezas dos portos (Rodrimar e companhia), das construtoras e empreiteiras e de outros grandes empreendimentos. Ninguém quer pagar a conta e o prejuízo sobra para o povo. Cada um procura, de unhas e dentes, preservar seus privilégios  indecentes.

TRÂNSITO SEM DEVERES IGUAIS

Outra questão, por exemplo, acontece no trânsito onde é muito clara a omissão do poder público e do órgão controlador (Detran ou Siretrans). Em muitas cidades, como aqui em Vitória da Conquista, a prefeitura municipal não deveria multar motoristas infratores onde as faixas de pedestres e dos quebra-molas sumiram (estes deveriam ser destruídos), bem como ruas e avenidas sem semáforos e sem sinalização horizontal e vertical.

Se é que existe, a norma da lei deveria ser rígida para os dois lados, punindo o prestador de serviço e o usuário. O poder público não tem nenhuma moral de multar onde não cumpre com seu dever de manter as ruas bem sinalizadas. Serve também para quem tem a obrigação e a responsabilidade de cuidar das estradas esburacadas, inseguras e sem sinalização.

Mesmo sem os serviços recomendados pela legislação, usam todo tipo de dispositivo e artifícios para arrecadar com pesadas multas. Tem que punir quem está errado, mas antes tem que investir no trânsito e deixar tudo de acordo como manda a lei. Em Salvador, por exemplo, as grades de proteção são verdadeiras armas mortais contra os condutores, sem contar outras inúmeras irregularidades. Fala-se quando alguém morre e depois fica tudo como está.

Conquista virou a capital dos quebra-molas apagados, principalmente nas avenidas Integração, Pará, Maranhão, Olívia Flores, Frei Benjamim, Juracy Magalhães e Luis Eduardo Magalhães. As faixas de pedestres sumiram e coisa difícil é encontrar um fiscal fora do centro. Nessas áreas motoristas e, principalmente, motociclistas invadem sinais e rodam nas ciclovias.

Se para os moradores é um transtorno, imagine para os visitantes. Se houvesse coerência e transparência neste país, qualquer multa nesses locais deveria ser imediatamente anulada, como forma de punição do órgão público que não fez seu dever de casa.

Outra grande injustiça é cometida contra os trabalhadores e a nação. Falo das estatais, inclusive do sistema financeiro, que são sucateadas, saqueadas e usadas como cabide de emprego do rei. Quando o bicho pega é só demitir funcionários, ou vender ao setor privado por preço de banana para pagar dívida pública e para manter as benesses da corte dos três poderes.

Jeremias Macário é escritor.,  jornalista e historiador