Artigo: SABEDORIA POPULAR


 

 

Em época de eleições, certos candidatos dizem o que devem e o que não devem. Fazem promessas de todo tipo, até as impossíveis de se  realizarem para ludibriar e conquistar os votos dos eleitores, especialmente, os incautos e menos atentos para as questões políticas e eleitorais. Desafiam o código e leis eleitorais, sem nenhum constrangimento, na quase certeza de que não serão punidos. As leis são até severas, mas perdem a eficácia por não serem aplicadas devidamente, com raras exceções, por um ou outro operador do direito e aplicador da legislação, mais atento, que põe fim ao abuso dos infratores, ao cumprir a legislação pertinente.

 

Em Brumado, o Senhor Deoclides Ferreira das Neves, mais conhecido como Dió da pensão, um analfabeto inteligente com  grande sabedoria  acumulada pela experiência com a vida e a convivência com pessoas ilustres e instruídas (o homem é o produto do meio) que frequentavam a sua pensão. Era uma pessoa de memória privilegiada, que compensava a falta de instrução.

 

Exercia o ofício de  ‘repórter itinerante’, transmitindo as informações recebidas, levando-as em suas andanças aos locais que frequentava. Assimilava tudo que ouvia dos seus hóspedes, dentre eles, pessoas  expressivas da política estadual, nacional e local, viajantes e profissionais liberais, homens de cultura  e conhecimentos, seus hóspedes, aos quais dedicava sua melhor atenção e era indagador curioso das notícias, principalmente das  políticas da Bahia, para bem se informar. Confessava-se grande admirador de Juracy Magalhães (interventor e governador da Bahia).

 

 

Seu Dió divulgava  o que lhe era transmitido. Quando solicitadas maiores explicações sobre as notícias que divulgava, muitas vezes absurdas e deturpadas, lidas propositalmente nos jornais, por  hóspedes (viajantes) que o faziam por  brincadeira. Notando a pilhéria  e  para  desvencilhar-se  do interlocutor, como desculpa dizia: “papel aceita tudo, e rádio fala o que quer (na época não havia televisão), não se comprometendo com as informações prestadas, alegava constar nas gazetas da Bahia, trazidas pelos viajantes.

 

Nesse contexto, ouvem-se muitas incoerências de políticos pelos rádios e TVs e lêem-se nos jornais e revistas os absurdos da propaganda de certos candidatos, verdadeiros prestidigitadores das palavras e de textos pré-elaborados, fazendo promessas e propostas irrealizáveis, para a conquista do voto e concretização de seus objetivos.

 

Daí a necessidade de os eleitores serem escrupulosos e cautelosos na escolha dos indivíduos que irão decidir os  destinos da coletividade e consequentemente o seu futuro. Parodiando  o nosso folclórico Dió: “papel aceita tudo e rádio, televisão e jornais  falam o que querem”.  Regina Duarte (atriz global), em época eleitoral  induzia o eleitor a temer a administração Lula (PT). Que decepção! Quem diria!  A “namoradinha do Brasil” se prestar a  papel tão ridículo.

 

Portanto, é bom ficar-se atento para a sabedoria popular, conforme a visão e o entendimento de seu Dió, para não se cair na lábia dos profissionais da política que têm  discurso apropriado para iludir o povo. É imperioso conhecer o passado e a vida pregressa de cada postulante e não se cometer o erro de passar procuração a vigaristas que não têm nenhum compromisso com as políticas públicas de interesse coletivo.

 

Finalizando esta análise, com a certeza da vitória de LULA, fica a reflexão de que o Estadista FHC deixa o governo  para o ex-operário Lula a esperança de dias melhores para milhões de brasileiros que acreditam ser Lula o salvador da pátria. Nesse contexto, vale transcrever a seguinte citação: “Jamais prive uma pessoa de esperança. Pode ser que ela só tenha isso”, (Luiz Marins Filho). O povo sustenta que está confiando na mudança, nas transformações sociais, que dignifiquem o brasileiro.

 

Queira Deus que a Nação não seja decepcionada pela falta de apoio dos partidos e do radicalismo político dos que não têm compromisso com o povo, inviabilizando a governabilidade. Existe uma distância abissal entre o que se diz e promete e o que se quer e  pode realmente realizar. Acreditemos no adágio de que “querer é poder”.

 

Salve a democracia! Salve o povo brasileiro! Que nunca perde a fé e a esperança e sempre acredita e confia nos que prometem as transformações para realizar suas esperanças.

 

Antonio Novais Torres

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Brumado/BA em 27/10/2002.