Artigo: TUDO NA BAHIA É ALEGRIA

ANIVERSÁRIO BRUMADO E ALAB 153[1]

Na Pauliceia, amigos e colegas de trabalho um baiano e um paulista, conversavam. O paulista se interessou pelas coisas da “boa terra” e se encantou com as descrições do carnaval baiano, considerado o melhor carnaval de rua do mundo e as demais atrações da terra.

O carnaval é tão importante para a Bahia que o governador Antonio Carlos Magalhães assinou um decreto aumentando a duração do período carnavalesco, visando à exploração sócio-econômica, política e cultural dos palanques e camarotes.

O baiano mostrava seus conhecimentos e falava do trio elétrico, uma invenção de Dodô e Osmar que em uma fobica com alto-falante e guitarras baianas incendiava o povo. Hoje, o trio elétrico está modernizado com carros de luxo bastante sofisticados.

Falou dos músicos Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethania, Morais Moreira, Pepeu Gomes, Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Daniela Mercury, Netinho, Carlinhos Brown e muitos outros que prestigiam o carnaval de Salvador.

Disse também da beleza dos blocos indígenas, dos afrodescendentes, dos Afoxés, destacando, Os Filhos de Ghandi, do espetáculo do Olodum. Comentou sobre a dança, música e indumentária, os hits baianos que negros, brancos e mestiços se reúnem para curtir o som da Bahia sem preconceitos. Tudo na Bahia, terra do axé e da musicalidade é alegria, afirmou entusiasmado.

Discorreu sobre as festas de largos, as festas de verão, o sincretismo religioso entre o catolicismo e candomblé com seus orixás. A Bahia tem aproximadamente 2.300 terreiros, citando o Gantoi de Mãe Menininha e o Ilê Axé Opô Afonjá que significa “A Casa da Força Sustentada por Xangô” um dos mais antigos e tradicionais terreiros de Candomblé da Bahia, hoje, comandado por Mãe Stella de Oxóssi. Das diversas igrejas com destaque para a do Senhor do Bonfim, evidenciando o Hino e a tradicional festa da Lavagem do Senhor do Bonfim, a igreja de São Francisco, internamente toda decorada em ouro, e a de Nossa Senhora da Conceição da Praia, fundada em 1549, muito conhecidas, dentre outras. Falou da fé dos baianos e da procissão do Senhor dos Navegantes.

Fez apologia aos diversos escritores: Anísio Teixeira, o educador que dizia: “A educação é não somente a base da democracia, mas a própria Justiça social”.
Jorge Amado, regionalista; Antonio Torres, nosso homônimo, Castro Alves, o Poeta dos Escravos; Rui Barbosa, o Águia de Haia; João Ubaldo Ribeiro e demais que glorificam a Bahia. Do economista Rômulo Almeida. Do cineasta Glauber Rocha. Mencionou Bule Bule, Cuíca de Santo Amaro, famosos cordelistas e outros.

Comentou sobre dançarinos, pintores e escultores da Bahia: Jorge Watusi, Tati Moreno, Carybé que ilustrou os livros de Jorge Amado, Argentino naturalizado brasileiro; Mario Cravo Junior e Mario Cravo Neto, o fotógrafo Pierre Verger e demais artistas de nomeada.

Do Teatro Castro Alves. Da Orquestra Sinfônica da Bahia. De Mãe Menininha do Cantois, Olga de Araketu, Mãe Stella e outras. Tudo sobre o folclore e monumentos históricos destacando o envolvimento da comunidade artística e intelectual da Bahia (Salvador) que empolgou ainda mais o paulista.

Esclareceu que a Bahia foi o “berço” do Brasil descoberto em Porto Seguro e Salvador a primeira capital do País. A festa ao 2 de julho em comemoração a Independência da Bahia e da heroína soldado Maria Quitéria integrante do batalhão Periquito. Festa muito concorrida pela classe política por interesses eleitorais, mas sem o compromisso que deveria caracterizar o ato.

Discorreu sobre a culinária Afro-baiana: moqueca com dendê, abará, acarajé, xinxim, vatapá, caruru e outras comidas tradicionais da culinária baiana. As praias paradisíacas. Água de coco, uma delícia que hidrata e combate a ressaca. E por falar em coco, ressaltou a Estrada do Coco e a Linha Verde, lugares bucólicos.
A cidade alta e a baixa, e o símbolo mais conhecido da Bahia, o Elevador Lacerda. Os planos inclinados. O mercado Modelo. O Centro Histórico de Salvador e seus casarões tombados pelo IPHAN. O farol da Barra. O Pelourinho e o casario – sua história. A Fundação Casa de Jorge Amado. O comércio de suvenir. O gingado da capoeira com o toque do berimbau e cantigas próprias enaltecendo mestre Bimba e Pastinha. O Dique do Tororó e as oito esculturas de orixás de Tati Moreno, um dos cartões postais de Salvador.
A Salvador antiga e a nova, contrastes arquitetônicos que deslumbram os turistas pela dicotomia das construções. O Farol da Barra e o de Itapuã, majestosos, imponentes, atrações dos turistas. A Fonte Nova que será demolida para construção de um novo estádio para a copa de 2014. A lagoa de Abaeté e seus encantos. A feira livre de São Joaquim, onde se encontra de tudo com fartura, a preços módicos.

Diante de todas essas informações assertivas, o paulista, em férias, foi curtir o carnaval de Salvador e gostou tanto do acolhimento de seu povo, do requebrado da baiana que por lá ficou, se casou e teve filhos. Aprovou essa dimensão política, cultural, econômica e social que a cidade de Salvador lhe proporcionou.

Tempos depois os amigos se encontraram em Salvador. O paulista conduzia duas meninas de cor negra e penteado africano característico, suas filhas, felicidades que Deus lhe proporcionou. Afirmou estar contente com a sua família e que Salvador o havia deslumbrado e conquistado com a magia encantadora do lugar e de sua gente.

Em sua homenagem dedico-lhe estes versos:

O que você foi fazer na Bahia.

O que você foi fazer na Bahia/Meu Senhor!/Beber água de coco/Saborear acarajé/Tomar banho de mar.
Visitar o Pelourinho,/Ver a baiana requebrar./Comer moqueca de peixe e/No carnaval me esbaldar.
Conheci meu amor/Sim senhor!/Cor da terra e/Fetiche da Bahia.
Por aqui vou ficar,/Não volto mais pra lá,/Aqui é meu lugar.
Encontrei felicidade/Nesta terra de orixás/Eu quero mais é ser feliz/Com a morena que eu sempre quis.
Ela é meu quindim/Meu céu, meu luar./De outro alguém não preciso/Pra minha felicidade completar.

Apaixonei-me pelos encantos da terra!

Aqui é meu lugar,/Por aqui vou ficar./Não volto mais pra lá.
(Antorres)

Para complementar transcrevo os versos do poema “B de Bahia” da escritora Sílvia Spínola Magnavita:

Bahia, berço do Brasil. Baluarte da bandeira brasileira./Bahia bela, bendita, benquista./Bahia barroca, dos balcões, dos belvederes, das balaustradas, brindando com as belezas da Bahia./Bahia das basílicas, do Bonfim. Das baianas de branco e babados bordados./Bahia dos babalorixás, babalaôs, babaloxás, das batas, dos batuques, das benzedeiras./Bahia da baía, das barras, do brilho, da brisa, das barracas, dos barraqueiros, das bebidas. Dos biquínis de bumbuns bamboleantes./Dos barcos, barcaças, bordejando… E a borda bonita beirando, banhando, bordando a Bahia…/ Bahia dos bantos, dos bronzeados, dos brancos-da-Bahia, dos branqueados, dos brancos/Bahia Bilíngue – do baianês./Bahia dos blocos, das bandas, das batucadas, das baladas, badaladas, do berimbau./Bahia da bagunça, das baianadas, das barafundas… e bem bonita a Bahia…/Bahia de baianos brilhantes, beletristas, bem-amados, bem-aventurados, bem falantes, bem-querentes./Bahia de baianos belisários aos borbotões, borbulhando nos becos, nos bairros, nos barracos…/Bahia do bem-querer, benfazeja./ Benção Bahia!

Antonio Novais Torres
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Brumado em 19/7/2010.
Revisado NDL