Burocracia burra faz Brasil importar seu próprio café

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País subdesenvolvido é , entre outras coisas, aquele que exporta matéria-prima e importa produtos industrializados — muitas vezes, produtos feitos com a própria matéria-prima que exportou, não é mesmo?

O Brasil, felizmente, já deixou de ser subdesenvolvido, não é mesmo?

Mas, não fosse séria, a gritaria da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) seria para rir: os industriais brasileiros estão chiando porque sobem vertiginosamente as importações brasileiras de… café. Bem, café processado, mas café, de que o país é o maior produtor do mundo.

Só no primeiro semestre, as importações subiram 114% em relação ao primeiro semestre de 2010.

O Brasil importa café processado, vejam vocês, principalmente de 3 países ricos que não produzem um só grão: Suíça, Grã-Bretanha e Itália. O pior é que esse café importado pelo país é, em boa parte, café… brasileiro.

O rolo se explica: os 3 países europeus compram café do Brasil, da Colômbia, da Jamaica (produtora de cafés finíssimos) e de produtores africanos para misturá-lo em diferentes proporções, conforme a procedência, torrá-lo, moê-lo e processá-lo como artigo de luxo, de grife — e é assim que ele volta a “este país”.

A chiadeira dos industriais brasileiros de café é inteiramente procedente. As indústrias do país dispõem de tecnologia de ponta e podem fazer produtos de altíssima qualidade, mas são impedidas por uma medida burocrática burra — para variar, o governo atrapalha quem quer trabalhar: elas são proibidas de importar cafés finos em grãos, para misturá-los com diferentes tipos de café brasileiros e transformá-los em produtos de grife, exportáveis e passíveis de gerarem divisas.

É que os doutores do Ministério da Agricultura não fazem análise de “risco de praga” sobre o chamado café “verde”. Como não fazem, não deixam importar.

A Abic diz que o café processado importado faz concorrência desleal com produtos brasileiros, e tem razão.

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