DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR – DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR

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Antes de tudo! Entendam que este ensaio não trata, e nada tem a ver com as ciências da neurologia, psiquiatria, psicologia e psicanálise. Aqui trato da essência do “Ser” e não das suas criações.

 

Uma rápida abordagem das relações do Ser” dito “são” e seu entendimento do que seja a loucura! Na realidade! A humanidade sempre foi, e sempre será composta por três tipos de seres! 1º) – Por aqueles que julgam tudo saber, 2º) – Por aqueles que nada sabem, e 3º) – Por aqueles que descobriram assustados, que só sabem um bilionésimo por cento das coisas que deveriam saber! As porcentagens destas classes em relação ao todo! São irrelevantes, estes números nada representariam, pois, ninguém sabe de nada.

O certo, é que faço parte desta última corja, isto mesmo, “corja”. Pois nenhum “enchedor de latrina” merece outro epíteto, a não ser este dado por Da Vinci. Deste meu ponto de vista! Deduz-se que, minha busca pela essência da humanidade está se aprimorando…

 

Vamos ao ensaio:                    

Quem leu e se recorda do ensaio onde enfeitei a “ficção” de Correinha e de Tristeza, postado neste blog, entenderá perfeitamente a “história real” que segue, naturalmente, à exceção do comentarista d`antanho…

Hoje à tarde, (dia 11/05/2015, uma segunda-feira), lá no beco, participei de duas histórias singulares! Uma corre a bytes soltos, pela rede, (não sei se no WhatsApp, no Facebook ou no twitter). Pois, já me chegou como arquivo doc. anexo num e-mail.

Esta é a história do índio Bah e do Pedro Álvares Cabral, esta estória, será abordada por último. Pois, pretendo obedecer ao axioma do Humberto de Campos. A outra história refere-se a uma conversa que ouvimos, (eu e o Professor Osvaldo Ribeiro), de um cidadão conquistense, conhecido de todos os frequentadores do beco, pelo nome de Vavá, antigo mecânico e funcionário da “Comveima”, este nobre e inteligente cidadão na atualidade passa por problemas com suas conexões neuronais, problemas estes, provocados por deficiências de suas células gliais, pois, segundo a moderna neurologia, o nosso córtex cerebral com uma espessura de três a quatro milímetros, possui cem bilhões de neurônios, todo nosso córtex representa somente dez por cento da nossa massa encefálica, e os restantes noventa por cento compõem-se de células gliais ou (glias), e estão localizadas no que chamamos de massa cinzenta.

Sendo comum ouvir dizer, que só utilizamos dez por cento de nosso cérebro, o que num certo sentido é uma verdade e noutro sentido, é ao mesmo tempo uma não verdade.

Os humanos normais utilizam cem por cento de seus neurônios, o que representa dez por cento de sua massa encefálica. (Como já disse), o restante, noventa por cento é a massa cinzenta que por sua vez, é cem por cento, composta de células gliais ou (glias). No meu parco entendimento, não existem doidos no planeta azul. Mas, tão somente pessoas com deficiências em suas glias!

Células Gliais estas, que segundo a moderna neurologia possuem basicamente duas funções, a de fazer a interconexão entre os cem bilhões de neurônios do nosso córtex cerebral e a de fazer a manutenção das extremidades dos neurônios, pondo em perfeito funcionamento estas extremidades, chamadas de sinapses, axônios e dendritos e outras lagartixas que nós desconhecemos. Em função do que, sempre tratei e mantive, (quando possível), conversações com os doidos “pacíficos”, como se o fizesse com pessoas comuns e normais. Se, se considerar que sou da família Correia, este comportamento torna-se normalíssimo.

O que me levou a estudar o que chamamos de “loucura”. Não foi uma curiosidade mórbida pelo desvio comportamental do “doido”, mas sim, um modelo que adotei para a minha busca pelo meu “eu interior”, pela minha essência como “Ser”. Nesta busca tento alcançar o entendimento do que seria nossa chama interior, nossa enteléquia, fonte de nossos raciocínios, nosso espírito, nosso pensamento, ou nossa “ânima”. Neste tipo de pesquisa, por si mesma, diferenciada da maioria das buscas, eu tento alcançar somente através da observação do comportamento livre e natural da pessoa, que chamam erroneamente de “doido”. Pois os chamados de “doidos” não utilizam máscaras como as pessoas ditas “normais”; é mil vezes mais fácil fazer a leitura de uma pessoa com deficiência em suas células gliaiss, que numa pessoa normal. Na realidade o que este tipo de pessoa sofre é  insuficiência de conexão neuronal, provocada por deficiência de suas 900 bilhões de células gliais. Confesso que este tipo de análise e busca, realmente, não me levou ao autoconhecimento, (o que nessa altura julgo ser impossível alcançar).

No entanto, melhorou enormemente meu entendimento de como o “Homo sapiens sapiens” se relaciona e interage com o universo que o cerca. Principalmente, julgo ser este, o início do entendimento de como nossa consciência (algo sabidamente imaterial), interconecta-se e interage com nosso corpo físico, cérebro, (algo material). Deduzo eu, que este é o processo através do qual, nosso sistema neuronal através da interação com nossa “essência interior” ou talvez, nem tão interior assim, essência esta, que põe em funcionamento nossos cinco sentidos normais. E Mais os três outros, reconhecidos como existentes  pelos grandes laboratórios de pesquisa  da consciência humana, nas maiores universidades do planeta. Sentidos estes, que são conhecidos como: “Intuição”, “Premonição” e “Telepatia”.

Só, que neste tipo de busca podemos dispensar os conhecimentos científicos sobre o funcionamento do cérebro, pois, neste tipo de busca cria-se uma profunda inter-relação entre nossos “eus” imateriais, do “pesquisador e do pesquisado”, e não entre nossos cérebros, notadamente materiais.

Quem quiser ler mais sobre o nosso cérebro, busque neste blog na área de [ARTIGOS] o meu ensaio: SINGELO ANTITRATADO DO CÉREBRO.  

 

Vamos agora ao fato ou à história que tem como principal personagem, o meu amigo Vavá!

Há alguns dias, conversei rapidamente com o Vavá, bem em frente da Starcell, hoje (segunda-feira), ele parou diante de nós, (de mim e do Osvaldo), no mesmo local, e disse, dirigindo-se a mim. – Você sumiu! Desapareceu, faz um tempo que você sumiu! – (realmente, ele tinha razão, passei mais de um mês em Salvador). Ao que respondi: – Já estou aqui! Oi! Vavá! Como vai o Dedéu? – Ele também sumiu, – Então perguntei em voz alta, pois, (uma loja ao lado fazia muito barulho), – Onde você está morando? – Em frente do Albatroz, lá é o meu gabinete civil, onde tomo conta do gado.

– Ora! (Se crermos no que o holismo científico atual nos propõe e no que as religiões orientais e a teosofia sempre nos propuseram, de que a realidade dentro do nosso universo é criada por nossas mentes!). E o que vemos é Maya! Depois então comentamos! Eu e o Professor Osvaldo, que: Em frente ao Albatroz, existe uma boiada pastando, vacas mugindo, bezerros dando cabriolas, currais e suas costumeiras lagartixas, etc. etc.). Pelo menos na mente de Vavá!!!… Sim, ele disse mais algumas palavras que não consegui compreender. Depois de algum tempo olhando para o oeste, para o lado da Insinuante, Apontando para a bomba atômica em seu braço esquerdo, Vavá disse: – Se este relógio parar, todos os relógios do mundo vão parar, e acrescentou com veemência, apontando para a ainda pequena bomba atômica do braço direito, – se este relógio daqui parar! Vai parar o metrô de Jundiaí.

Vavá cofiou a barba longamente, ensimesmando-se como se estivesse noutro mundo, e apontando para o seu Chakra Sushumna no centro do alto da sua cabeça, disse: “Aqui há uma filmadora que registra tudo que ocorre ao meu redor, e o registro é feito nos seus mínimos detalhes”! Olhou pra gente demoradamente, fez um aceno com a cabeça, deu um até logo quase inaudível, e saiu andando, apontando com o indicador para o seu relógio maior no braço esquerdo.

Aos que não sabem! O Vavá tem o estranho costume de colecionar restos de materiais metálicos miúdos, principalmente, sobras descartadas de material eletrônico e juntá-las, até tornar-se bastante volumoso e pesado, a que todos chamam de “bomba atômica”. O inteligente Vavá em defesa de sua obra de arte, que sempre é descartada pelo pessoal da instituição que cuida dele; desta vez Vavá está montando sua criação em torno de seus dois pulsos.

Uma explicação necessária:

Meu primeiro contato com Vavá deu-se no ano de 2006. Já no início de 2007 fiz uma singela poesia em homenagem ao meu amigo e doido predileto, Vavá. Minha relação com Vavá nunca passa de rápidas interlocuções, e sempre no beco. Nunca me dirijo ao Vavá, sempre deixei a iniciativa de tais interlóquios com ele, sempre o escuto mais que falo. Tenho notado a existência de uma terceira pessoa com a qual ele conversa mais que comigo. Deve ser uma válvula de escape da permanente solidão em que vive; pois, as pessoas “Gliásticas”, vivem quase sempre em completo isolamento. Poucas pessoas que se julgam normais, encetam ou aceitam uma conversa com um “doido”, principalmente em plena via pública. A burrice e a presunção humana não têm limites…

Não sei se julgo acertadamente! Talvez devido aos remédios que os médicos psi, da instituição que cuida de Vavá lhe administram, tem momentos em que sua lucidez é deveras impressionante…

Nesses momentos, sempre consigo manter um diálogo coerente com o meu velho amigo e irmão Vavá.

Não sei, (com absoluta certeza), onde o Vavá pernoita. Certa vez, encontrei o Vavá, ainda cedo, dormindo enroscado, na reentrância existente no Cairo Center; devia estar fugindo do frio do passeio do Albatroz.

Eis a poesia que fiz em 2007 para meu amigo Vavá,

 

 

DESESPERO                                                              

Ao meu amigo e louco predileto, Vavá.

Quantos dão bom dia ao mendigo? 

 

Lancinante sentimento de abandono,

Caos no entendimento do existir,

Falência de si mesmo

Ao tentar ter um nadinha! E não ter nada,

Só ver em torno de si a escuridão.

Sentir dentro de si

A morte da última esperança,

Sem entender o que se passa,

Não reconhecer um rosto amigo

Ver em sua volta só estranhos!

Todos com cara de inimigos,

Todos fogem do passeio por onde pisas,

Viraste um leproso?

Creem que estás condenado à morte!

Ou te consideram um canceroso!

Maldita vida incongruente,

Feita de desamor e da vã maldade

Dos humanos, e a sua visão inconsequente.

O pior mesmo é não encontrar um semelhante

Em que possa se apoiar.

Desespero de ser gente,

Viver na multidão e se achar só!

Absurdo de só ver o vazio!

Não recebendo a simples esmola de um olhar!

Ninguém se aproxima, todos se afastam,

Desespero e incapacidade total do Ser

Não ter com quem se socorrer!

Há muito tempo sem ouvir um bom dia, boa tarde

E mesmo, uma boa noite!

Tristeza infinita… Ao notar o seu desmoronar!

Sentiu…

A fome a corroer-lhe as vísceras,

Viu…

Aproximar-se afinal, a última visão do mundo,

Deu…

O último suspiro como mendigo imundo… E adormeceu,

Com seu único bem…

Que era o odor fétido da pobreza a lhe acompanhar!…

 

Vitória da Conquista, Ba. – 21 de janeiro de 2007

Edimilson Santos Silva Movér

 

Bom! Vejamos agora, (com alguns retoques), a “estória”, (como arcaísmo mesmo), que corre nestes dias nas redes sociais sobre o índio “Bah” e sobre o nosso provável e pretenso descobridor, Pedro Álvares Cabral de Gouveia.

(Sempre tive admiração pela criatividade do brasileiro) Veja isto!

 

A VERDADEIRA ESTÓRIA DA DESCOBERTA DO BRASIL NA BAHIA NOS IDOS DE 1500

Chegando a Porto Seguro, no dia 22 de Abril de 1500 – Pedro Álvares Cabral por puro arroubo e talvez, por pura coragem, Foi sozinho num pequeno bote a vela, até a terra avistada e recém-descoberta, chegando à praia encontrou um índio, que descansava placidamente sob a sombra de uma frondosa árvore. Cabral fez uma fidalga mesura e manteve o seguinte diálogo com o índio:

– Ora, pois, pois, nativo desta terra tão bela… Como te chamas?

Respondeu ele, indolentemente.

– Meu Rei! Índio chamar Bah!

Perguntou o português, surpreso!

 – Bah? Tudo bem, tudo bem! Na verdade! Cuido que preciso de teus favores, senhor Bah!

– Meu Rei bigodudo falar, Bah escutar…

– A vela do meu pequeno barco rasgou! Sabes como é, há muito vento por aqui… Preciso que você vá nadando até aquelas caravelas ao largo, e avise aos meus companheiros que venham cá! Pois, descobrimos uma nova terra! Com muitos índios e índias saudáveis.

Sem toscanejar, inquiriu o índio Bah:

– O que Bah ganhar com isso?

– Como homenagem a vossa senhoria e para que todos se lembrem que Bah foi até o outro lado da arrebentação buscar socorro  ajudando o Reino de Portugal a descobrir a terra que em se plantando, tudo dá com fartura, principalmente corruptos, e para oficializar esta esplendorosa descoberta, esta terra se chamará Bahfoi.

Ao que ponderou o índio Bah!

– Ah! Não, Bah não poder ir… Bah ter muita preguiça… pois, Bah está com a virose dorivalcaymmite, e também  por que  Bah espantou três muriçocas e está com os braços muito cansados para nadar!!!.  Ahhhh!!!  Melhor o meu Rei não chamar esta terra de Bahfoi, mas sim, de Bahia.

 

Fecha-se o pano mui lentamente…

 

Edimilson Santos Silva Movér

Vitória da Conquista, 12 de maio de 2015