Destaques: PEQUENAS NOTAS

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Paulo Pires

Dilma Rousseff e a grande Mídia

A grande Mídia brasileira está perplexa. Nada ou quase nada que informa e/ou propõe parece influir nas decisões e capacidade crítica do Povão. O que está havendo? Será que só na cabeça dos conservadores nossa grande mídia funciona? Parece que sim. A grande massa, com o advento das Redes Sociais e o uso pantagruélico de celulares e Internet dá a entender que faz ouvidos de mercador para os nossos maiores veículos de comunicação. Os jornais perderam o fio da História ou a credibilidade deles acabou porque as pessoas perderam confiança em quem os dirige? Ou será que evoluímos ao ponto de entender que a Mídia Impressa, principalmente esta, não passa de um Instrumento ultrapassado de destruição de nossas matas? Se esta última proposição for válida, do ponto de vista ecológico, é um entendimento saudável. Mas há outras hipóteses a serem levantadas, claro.

O fato é que, embora não pareçam, as pessoas estão ligadíssimas. Não existem à nossa disposição indicadores mensurando o interesse dos cidadãos sobre a realidade política do País. Mas há dois fatos recentes que não podem ser deixado para trás: 1º) A demissão do senhor Antônio Palocci. O ex-ministro da Casa Civil, depois de um bombardeio midiático (o homem parecia um soldado dos aliados diante de uma Divisão Panzer – Panzerkampfwagen) que o detonou sem piedade (dizem os inimigos que ele teve o que mereceu); 2º) A Folha de São Paulo resolveu fazer, por intermédio do Instituto Datafolha uma pesquisa para ver o estrago da demissão do Palocci no Governo.

No primeiro caso, o senhor Antônio Palocci teve que pedir o boné e deixar a Casa Civil. Ninguém sabe com inteireza o que se passa na cabeça de outrem, mas em tom de desabafo ele afirmou: “Deixo o governo com a consciência tranqüila”. Segundo nossa tradição cristã Satanás também ferra as pessoas com o mesmo sentimento, ou seja, dizendo-se sempre tranquilo. Talvez ele, Satanás, se sinta tranquilo porque sabe que quem ele espeta mereça o que está recebendo. O fato é que o Palocci caiu e cabe agora à nossa Oposição contribuir para que as coisas no Brasil andem. O senador Aécio Neves chegou a incluir em seu discurso uma Agenda Positiva. Ou seja, movimentos da Oposição com base em ações concretas e idéias propositivas objetivando melhorar nossa Política.  Paradoxal e contraditoriamente  há um grupo de colegas seus na Oposição que pretende continuar com o ataque ao Palocci. Como dizia o senhor FHC em momentos de dificuldade: “Assim não dá, assim não dá!”.

No segundo caso, Pesquisa Datafolha, ocorreu um fenômeno que intriga ao mais ambicioso dos pesquisadores e analistas do nosso ethos político-social: Dilma cresceu na Pesquisa. Sim senhor. Quem pensava – e aí se inclui a própria Folha – que Dilma ia despencar por causa da suposta roubalheira do Palocci (ninguém provou de onde e de quem ele roubou), quebrou a cara. Dilma subiu na avaliação das Massas. Pode uma coisa dessas? Dona Dilma tá lá em cima e o pessoal que queria (e quer) ver a caveira dela e do Palocci está cá embaixo.

Para aumentar a perplexidade da Grande Mídia brasileira, o Datafolha resolveu perguntar – em tom de reprovação – o que as pessoas pensavam sobre o ex-presidente Lula ficar dando pitacos no Governo da senhora Rousseff (o Instituto esperava que o Povão repudiasse). Para tristeza do Jeca a plebe ignara (no entendimento de nossa elite midiática) respondeu que considerava isso – os pitacos de Lula – muito positivos. Ah, ah, ah, ah, essa é boa não?

Quem não entende de Política (meu caso) a cada dia se intriga com a movimentação envolvendo Políticos, Grande Mídia e o Povo. Estamos criando um cenário embaraçoso para os Historiadores. Para o Povo o Brasil está melhor (muito melhor).  Para a maioria dos Políticos o Brasil está ótimo (principalmente os da situação). Para nossa Grande Mídia o País acabou moralmente (apesar de as oligarquias midiáticas ignorarem que para o Povão elas também não são lá essa coca cola toda). O fato é que apesar de tudo, o Brasil de hoje é [está] muito melhor do que o de cinquenta anos passados. Concordo com doutor Delfim Neto: “Se o Brasil de hoje for avaliado com isenção chega-se a conclusão que vivemos em um País muito melhor”.  E é mesmo!  Apesar de tudo!