EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO DAS MULHERES

 

COMEMORAÇÃO DO DIA  8 DE MARÇO

 

 

Desde os primórdios dos tempos, nas mais antigas civilizações, a mulher foi tratada como objeto, unicamente como espécie procriadora para a perpetuação da raça, era tratada com desprezo e humilhação pelo espírito dominador do homem.  Assim era vista e tratada a mulher nas antigas civilizações, sem nenhum afeto, amor e carinho, um ser à mercê da manipulação machista. Em alguns países essa submissão culturalmente ainda existe.

 

A história nos revela que a mulher sempre foi tratada com crueldade, desprezo e humilhação. Aparecia sempre nas obras de artes como instrumento na mão do homem. Ela obedecia sempre. Sem altivez, não tinha autonomia e autoridade, a única liberdade que tinha era a de chorar na clausura do recinto familiar.

 

As leis que tratavam dela eram sempre para pô-la sob a  tutela, quer da autoridade dos pais enquanto vivia subordinada ao seu jugo, quer sob a do esposo quando se casava. Além disso, sofria a censura dos parentes e da sociedade quando viúva. O casamento não era uma escolha  do seu livre arbítrio e sim das conveniências das famílias envolvidas, em que prevaleciam os interesses sociais e econômicos. Casavam-se sem amar, em muitos casos sem conhecer, sequer, o futuro esposo. Eram submetidas a um martírio que contrariava a razão dos seus sentimentos humanos, não tendo o direito de escolher o seu parceiro que lhe era imposto sem nenhuma consulta.

 

Era excluída dos mais elementares direitos da cidadania. No passado, não muito distante, a mulher casada não podia se deslocar de um município ou de um estado para outro sem autorização, por escrito, do marido. Não tinha o direito de voto, era submissa aos caprichos patriarcais e das leis discriminatórias. Enfim, todo tipo de agressão e violência à sua individualidade era praticado com ausência de respeito e solidariedade. Foi-lhe impingido pela sociedade parcial e cega, todo tipo de segregação fundamentada em conceitos infames, medíocres, desumanos e bárbaros. Hitler, ditador da Alemanha, sustentava em seu regime discriminatório que a mulher deveria conformar-se com os três K: kindder, küche, kirche (crianças, cozinha e igreja).

 

Essa situação, em tempos da atualidade modificou-se quando a mulher resolveu proclamar a sua independência. Rompeu os grilhões da submissão e pleiteou a igualdade, a equidade dos direitos e prerrogativas civis e sociais, sem perder a condição mais preciosa e sagrada de ser mãe, esposa, profissional e, sobretudo, construindo a sua dignidade de pessoa humana.

 

Decidindo-se livremente sobre sua racionalidade, resgatou sua identidade feminina, competindo em igualdade de condições, propugnando pelo reconhecimento de seus direitos conquistados com muito sacrifício, persistência e determinação. Direitos que se fizeram assegurados pela legislação pertinente, consignados no novo Código Civil Brasileiro. Há de se registrar que todas essas conquistas das mulheres têm deixado os empedernidos machistas, frustrados e inconformados. Daí os muitos desentendimentos que levam os casais à separação, pela falta do respeito às individualidades pessoais e dos exageros cometidos em nome da modernidade.

 

As conquistas das mulheres  estendem-se a todos os campos, desde os do trabalho, socioeconômicos, culturais, políticos até os comportamentais da liberdade sexual, esses deflagrados, principalmente, nas últimas décadas com o advento da pílula anticoncepcional que lhes deu maior liberdade de afirmação pessoal e de exercitarem o amor sem medo e receios.

 

Entretanto, a licenciosidade, muitas vezes, tem-se descambado para a libertinagem e banalização do sexo, que merecem censura e reprovação. É verdade que, em muitos países, particularmente, os da Ásia oriental, de religião islâmica e tribal africana, as condições das mulheres ainda se encontram no regime da barbárie. São  tratadas como objetos pela ignorância e intolerância da manipulação do regime estatal e teológico, em condições degradantes de uma cultura milenar de subjugação e tirania que lhes impõe a submissão e obediência sob a égide dos preceitos filosóficos de dogmas e doutrinas religiosas.

 

Apesar dos indiscutíveis avanços alcançados pela mulher moderna, há de se avaliar a assertiva da constituição de que todos são iguais perante a lei. Entretanto existe uma abissal diferença entre as mulheres das classes mais abastadas e as desafortunadas. Há aí uma segregação social, econômica e cultural que precisa ser trabalhada pelo Estado e pela elite privilegiada no sentido de que esse fosso seja eliminado, ou minimizado, dando oportunidade a todos de serem equânimes enquanto cidadãos. Esse é um trabalho sociológico que precisa ter prioridade. As feministas não devem abrir mão desta missão, pleiteando junto aos poderes constituídos, políticas públicas que também beneficiem e atendam às necessidades básicas e essenciais para as mulheres pobres que vivem na indigência familiar pela exclusão social e omissão dos governos. Há muito ainda o que se conquistar nessa esfera.

 

Particularmente, quero parabenizar as mulheres, especialmente as brumadenses, pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado em  8/3,  aduzindo-lhes que, com as vaidades e o orgulho do momento privilegiado de marcante definição de suas conquistas e avanços pelas suas lutas, capacidades e determinação, não excluam, pela competição e a radicalização feminista, o homem, criando-se o estigma da confrontação e disputa. Pois é salutar essa parceria simbiótica que Deus achou conveniente,  dar ao homem uma companheira para sua convivência, a qual deve ser valorizada e respeitada na constituição da família – a célula mater da sociedade – assim definida por Rui Barbosa.

 

Finalizo esta mensagem, conclamando para nos unirmos no objetivo comum de vivermos em paz, em harmonia, com justiça social, sem egoísmos e preconceitos, como irmãos, filho do mesmo Pai, em liberdade democrática – uma necessidade suprema da natureza humana.

 

 

Antonio Novais Torres

[email protected]

Brumado em, 04/03/2004.