Excesso de regras engessa debate entre candidatos ao governo


  • Paulo Souto (DEM), Marcos Mendes (Psol) Lídice da Mata (PSB), Rogério da Luz (PRTB) e Rui Costa (PT)

O último debate entre os candidatos ao governo estadual, realizado nesta terça-feira, 30, à noite pela TV Bahia, repetiu os embates anteriores: o candidato que, segundo o Ibope, lidera as pesquisas de intenção de voto Paulo Souto (DEM), foi o principal alvo de ataques.

O ex-governador até arriscou uma linguagem mais jovial para descrever o cenário: “Tão querendo me bater de galera, de turma. Mas tudo bem, estou acostumado com isso”.

Embora engessado pelas regras, o debate foi também marcado por momentos tensos, notadamente quando houve pedidos de direito de resposta. Termos como “leviano”, “testa de ferro” e “candidato da casa” foram usados.

O candidato Rogério da Luz (PRTB) acusou Souto de não querer pagar a URV aos funcionários públicos, ao que o candidato do DEM respondeu: “Sua irreverência é suportável, mas de maneira nenhuma a leviandade”. Souto afirmou que já tinha se comprometido a pagar este benefício aos servidores.

Ao ser chamado de leviano, Da Luz pediu o direito de resposta, que foi negado pelo jornalista Willian Waack, mediado do debate.

Na rodada de questões seguinte, quando debatiam Lídice da Mata (PSB) e Marcos Mendes (PSOL) sobre gastos públicos, o psolista disse que Souto não assinou documento no qual se comprometeria com pagamento por determinação de ACM Neto, prefeito de Salvador e principal cabo eleitoral do demista, a quem chamou de “testa de ferro”

Neste caso, Waack concedeu o direito de resposta a Souto, o que causou protesto de Da Luz. “Chamar de testa de ferro merece direito de resposta, mas leviano, não? (Isto porque) a casa (a emissora na qual ocorreu o debate) é do ACM, o Neto”, ironizou Da Luz.

Estratégias

Enquanto Souto e Rui Costa, candidato do PT, tentavam mostrar quem fez mais ou menos em áreas como segurança, saúde, educação, Lídice disse que os candidatos que lideram as pesquisas (segundo o Ibope e o Babesp) repetiam estratégias utilizadas no horário eleitoral gratuito.

Segundo a socialista, Rui e Souto só fizeram atacar-se mutuamente, enquanto deixavam de lado a apresentação de propostas para o estado. Mas Lídice, por sua vez, atacava aos dois.

Rui e Lídice mencionam presidenciáveis; Souto cita Neto

O debate teve quatro blocos de perguntas entre os candidatos, dos quais dois foram de temas previamente determinados. Para fugir do engessamento, os candidatos, em alguns momentos, ignoraram o tema estabelecido.

O candidato Rui Costa deve ria discutir com Da Luz sobre programas sociais, mas aproveitou para falar dos 2,1 milhões de pessoas que eram analfabetas no final do último governo de Paulo Souto, terminado em 2006.

O petista apontou que foram alfabetizadas 1,3 milhão de pessoas no governo Jaques Wagner e que Souto deveria receber medalha de ouro em crescimento de homicídios. Da Luz, após repetir neste bloco que leviandade era prometer pagar a URV e não cumprir, saiu-se com esta: “Meu programa social é a geração de emprego”

Sem Aécio

Lídice citou a presidenciável Marina Silva, Rui citou Dilma Roussef e Marcos Mendes citou Luciana Genro. Mas Paulo Souto citou somente seu principal cabo eleitoral, ACM Neto, sem falar de Aécio Neves.

Ao final, Rui Costa recomendou ao seu eleitorado, que votasse nele e na presidente Dilma. Nas despedidas, Souto disse que esta imposição já havia sido rejeitada pela população de Salvador, que elegeu ACM Neto, em 2012, e não Nelson Pelegrino, candidato de Wagner.