Filosofia – DA SÉRIE: AMENIDADES PARA O QUE A GENTE DIZ – UMA ENFÁTICA E REAL VISÃO ESPIRITUAL DO “SER”

DA SÉRIE: AMENIDADES PARA O QUE A GENTE DIZ phpThumb_generated_thumbnailjpgCAULOV70

UMA ENFÁTICA E REAL VISÃO ESPIRITUAL DO “SER”

Este é o quarto ensaio da obra “21”

Estudo filosófico/metafísico da essência dos dois “Seres”, numa abordagem heurística.

Aqui chamo a atenção daquele que se dispuser a ler estes escritos, que esta linha de raciocínio está desligada de qualquer linha de postura filosófica definitiva, tendo e sendo somente uma divagação metafísica e um singelo estudo filosófico/metafísico, alheia a todo questionamento teleológico, teológico e filosófico, sendo fruto do livre pensar do autor. Quanto ao assunto teológico, respeito os teólogos e seus princípios, mas desprezo por princípio os posicionamentos e as questões teológicas.

Dei et Hominis

Fica estabelecido que, neste ensaio, não discuto a existência do “SER” maior. Este assunto já foi dissecado por demais pelos filósofos, e dou ênfase aos trabalhos de Baruch de Espinoza, Immanuel Kant e Martin Heidegger.

O princípio de “tudo” reside na essência do “primeiro” “SER”, que transcende ao próprio Universo. Esta faculdade de transcender ao próprio Universo leva este “SER “Transcendente” a tornar-se “Impessoal”, “Inominável”, “inalcançável” e “incognoscível”. Já a essência do “segundo Ser” como “Ser senciente” está presente somente na sua relação com o “Ser” material”, que faz e permite a sua interação com o Universo em que vive!  Esta essência está intimamente relacionada e condicionada à sua própria natureza imaterial, isto a “priori” por ser um “Ser” senciente, e que está, enquanto encarnado, ou vivo, ou presente na matéria, inexoravelmente ligado ao seu outro lado, ou “Ser” material. Quando cessa esta dualidade, este liame, este “Ser” deixa de existir, (morte), como “Ser” dual e volta imediatamente à sua existência de “Ser” uno e imaterial, desaparece a organização do ser material dual, mas não sua existência como matéria. Nisto está sua própria essência como “Ser” inseparável que é deste Universo em que vive! Pois, nem o corpo nem o espírito desaparece. É, portanto, uma qualidade inerente e natural do “Ser” dual imaterial/material a sua indestrutibilidade, como átomo ou como energia que é. O “Ser” senciente, como uma partícula componente do “SER” Transcendente, herda e possui a mesma impessoalidade e “inominalidade” inerente ao “SER” Transcendente. O que impede o “Ser” senciente de tomar conhecimento da essência do “SER” Transcendente, é que o “Ser” senciente (por uma condicionante natural), como “partícula” que é,  nunca abarcará o “todo”. O “SER” Transcendente é nominado pelos “Seres” sencientes de DEUS, MAHATMA, BRAHMMÃ, JEOVAH, ALLAH, TAO, IAVHÉ, CONSCIÊNCIA CÓSMICA. O chamemos do que quisermos e pudermos, em nada mudará a nossa relação com este “SER”, e nunca conseguiremos nominar o inominável, ou tornar pessoal o impessoal. Por sermos partícula desta IMPESSOALIDADE e desta INOMINALIDADE, nunca conheceremos na acepção do termo a nós mesmos. Eis porque o segredo do existir é justamente procurarmos conhecer a nós mesmos, ou seja, a essência do nosso “Ser”. Assim, o “Ser” senciente no seu alvorecer como homo sapiens sapiens, possuidor de consciência analítica, deve ter enfrentado tremenda dificuldade de se autoanalisar ou de se auto-reconhecer. Esta dificuldade se originava na complexidade do “Ser” senciente, como “Ser” espiritual em sua interação quântica com o “Ser” material. É de se esperar que nos primeiros vislumbres do reconhecimento de si mesmo, o homo sapiens tenha tido dificuldade de compreender, mesmo de forma simples, qual era a sua real essência! Passados tantos milênios deste alvorecer, esta dificuldade é mais atual que nunca! À medida que pensamos que compreendemos e entendemos a complexidade do “Ser” senciente, mais difícil se torna compreender e analisar até mesmo a simplicidade deste mesmo “Ser”. O primeiro paradoxo que enfrentamos ao analisar o “Ser” senciente é que quanto mais o estudamos, mais incompreensível ele se torna. Constata-se lamentavelmente que só possuímos registros escritos de analises da essência do “Ser” a partir dos pré-socráticos, fato que só dificulta esta mesma análise. Outros pensadores que antecederam os pré-socráticos conheciam a escrita e, com certeza, fizeram e registraram suas analises da essência deste “Ser”. Deixo bem claro que não compreendo uma análise do “Ser” como uma análise distinta da análise da existencialidade deste “Ser”. Em se tratando da impessoalidade e da “inominalidade” do “Ser” dual, a meu ver, os dois “Seres” se confundem em sua indistinta essência. Tentaremos de forma bastante simples demonstrar, sem requintes, sem aprofundamentos analíticos filosóficos, que o Ser imaterial é impessoal e inominável. Os espíritos ou enteléquias como partículas do “SER” maior “inominável e impessoal” herdaram estas qualidades e particularidades deste mesmo “SER MAIOR”, causa da sua origem e da sua ancestralidade. A pessoalidade de um espírito é temporária e dura somente enquanto dura sua relação com o “Ser” material ou seja, com sua vida “DUAL”. O processo da formação da sua pessoalidade ou (personalidade) é lenta e gradual, parece até que foi autorizada pelo Figueiredo! Da mesma maneira que se formou, ela termina, lenta e gradualmente, durando a maioria das vezes até atingir sua maioridade material. E a fragmentação desta “pessoalidade” ou personalidade se desfaz no sentido inverso de sua formação dentro do tempo. Desde quando o “Ser” atinja o máximo permitido pela matéria para sua existência relacional com o ambiente em que vive. O “Ser” que chegar a uma idade avançada perderá sua (personalidade) lenta e gradualmente. A exceção só se torna presente quando o “Ser” sofre algum acidente de percurso. Observe bem que o “Ser” imaterial ou espírito sai ileso de uma passagem pela vida material. Assim, a senilidade natural ou mesmo provocada por doenças como o Alzheimer não afeta o “Ser” imaterial. Há casos de seres que desencarnaram completamente senis, sem nenhum entendimento do existir e suas declarações ou pensamentos já logo após a morte, já como espíritos são de uma sapiência inominável, o que comprova que a pessoalidade ou personalidade é completamente desligada do Ser imaterial, enteléquia ou alma, portanto o espírito também é impessoal. (Aqui estou concorde com os filósofos pensadores Vedas denominados de “mãyãvãdis”, o Bhagavad Gita na tradução de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, os declara infiéis). O certo é que perdemos nossa personalidade ao morrermos. No caso da nominalidade, por ser esta um processo externo ao “Ser”, esta possui uma característica distinta da personalidade do “Ser” imaterial, não tendo nenhum vínculo, liame ou ligação maior com o seu nome, a despeito do que digam os psicólogos e os místicos! Nossos nomes são referências vagas e temporárias do nosso “Ser”. Isto é fácil de comprovar, não possuímos nenhuma característica nominal que nos ligue aos nossos ascendentes ou descendentes, à medida que essa ascendência ou descendência se torna mais tênue e distante, mais ficamos esquecidos como seres nominais – eis a prova! Qual dos ilustres leitores sabe quem foi! Ou o que fez na vida um seu tetraavô, ou mesmo um trisavô qualquer! A maioria dos “Seres” não sabe nem mesmo o nome de seus oito bisavôs, Quer saber de uma verdade? A maioria de nós não sabemos nem os nomes completos de nossos quatro avós. O nome não nos marca, o que nos marca são os nossos feitos! São os nossos feitos que perpetuam nossos nomes, e não os nossos nomes que perpetuam nossos feitos. Nossos espíritos são inomináveis tal qual o “SER” de que se originaram, embora nominemos os espíritos em suas diversas encarnações, estas são nominações que não perduram em seu existir como espíritos. Disto vem a certeza de que podemos deduzir que os espíritos são inomináveis, assim como já deduzimos que os espíritos são também impessoais. Há de se compreender que esta impessoalidade e “inominalidade” próprias dos espíritos diferem enormemente da impessoalidade e da ”inominalidade” do “SER” Transcendente. Estas diferenças se fazem notar e estão assentes no “grau” de diferença da grandeza dos dois “Seres”. Estabelecidas estas qualidades dos espíritos, veremos o quanto diferem “as vidas” dos espíritos quando encarnados e quando desencarnados. Estas duas condições por que passam todos os espíritos ou enteléquias levam-nos a considerá-los sob estas duas facetas. Mas só o faremos no que diz respeito aos espíritos encarnados, ainda mais porque o assunto “ESPÍRITO” está magistralmente dissecado por Hippolyte-Leon-Denizard Rivail em sua obra, “O Livro dos Espíritos”. Aqui trataremos (com certa dificuldade) do espírito quando encarnado!

Primeiro, o espírito encarnado torna-se um “ser” praticamente inalcançável para o comum dos mortais, mas para uma boa parte da humanidade isto é corriqueiro não só nos centros espíritas, mas também nos consultórios dos psicanalistas e psicólogos e pelos iogues hindus. Já aqui no mundo ocidental, fora dos ambientes religiosos, os espíritos estão ao alcance dos psicólogos que adotam a psicologia transpessoal de Istanislav Groof, nos processos de regressão às vidas passadas. Estes processos são praticados pelas maiores universidades do mundo, em suas aulas de psicologia transpessoal, embora o seja em algumas, a título de “estudos científicos”, simples eufemismos e nada mais. Alguns seres humanos especiais têm acesso aos espíritos encarnados, como os que praticam as tão discutidas saídas astrais. É o caso de ter acesso a si próprio! A saída astral nos faz compreender melhor nossa essência como seres espirituais e um mais relevante conhecimento do mundo material que nos cerca, e nada mais! Na realidade, nós todos temos acesso a estes “splenns” que são estados melancólicos espirituais, pois nada mais somos que espíritos. Os espíritos são energias que transcendem o nosso próprio existir. Nossa fisiologia está adaptada aos períodos alternados de vigília e de sono, a formação do Ser material deu-se neste ambiente de alternância luminosa, no entanto o Ser imaterial ou nosso espírito, não! Assim todos os espíritos, quando o Ser material entra em estado de repouso ou “sono”, têm a liberdade para sair para perto ou longe, conforme o seu grau de evolução ou desenvolvimento espiritual. Conforme o grau de evolução de nosso Ser imaterial, nós temos ou não, lembranças do que faz o nosso Ser imaterial “espírito” quando no estado de sono. Quanto mais evolução ele possua menos lembranças nós temos dos nossos sonhos; quanto menos lembranças temos de nossos sonhos, mais evolução possui nosso espírito, é que o espírito mais evoluído é menos apegado à matéria e menos nos transmite seus pensares e andares, e quando menos evoluído nosso espírito é mais apegado à matéria e mais nos transmite o que faz lá fora, ou seja, seus pensares e falares. A priori, somos pura energia, e isso nós não podemos mudar ou negar! Mesmo a matéria de que se compõe ou se constitui nosso “Ser” material e nosso mundo sensível, nada mais é que energia! Sendo, portanto, o Universo inteiro feito de energia, de que seriamos feitos então? Veja a abordagem moveriana no 3º ensaio UMA PÁLIDA E SURREAL VISÃO QUÂNTICA DO “SER”. A moderna visão do “ser” tem características holísticas. Alguns povos orientais sempre tiveram esta visão. Hoje parece ser uma visão universal, à exceção, naturalmente, das religiões que preferem a cegueira, isto é, as fundamentalistas, o que no ocidente é a grande maioria.

O HOLISMO

Enquanto a visão de “MUNDO” for a visão laplaciana, determinista,  reducionista, atomista e individualista e não conseguirmos ver o “Ser” integrado ao Universo como um todo, dificilmente conseguiremos percebermo-nos como “espíritos” integrados que somos indiscutivelmente à vida universal… E a isto não podemos fugir ou negar. O pensamento sistêmico ou holístico se opõe ao reducionismo cartesiano. Sempre preferi ver a vida no planeta como um único organismo, desde os meus tempos de rapaz que penso assim e, na época, não conhecia a proposição do pensamento sistêmico do Bertalanffy. Considero o reducionismo cartesiano válido apenas para o estudo e avanço científico, inda mais num tempo pretérito! Mas o que penso não vem ao caso. O que importa é que a visão holística da vida nos leva a entendê-la como um todo, fazendo-nos perder a visão individualista, que, pelo menos, nos faz menos egoístas e mais humanistas se nos virmos como partícipes de um todo! Vemos que nossos espíritos têm uma única e mesma origem e que não temos o direito de, por termos mais ou menos posses materiais ou maiores ou menores dotes em uma área do saber humano, acharmos que, por isso, sejamos melhores ou piores que outros nossos semelhantes. Isso nos remeteria à questão anterior do homem egoísta e não nos deixaria perder a visão individualista com as consequências já citadas, levando-nos tão somente à estultícia.

A primeira visão de todos os seres humanos quando ainda na infância é a visão de quando se encontram ainda como seres espirituais. A perda desta visão se dá entre os quatro e os sete anos quando é comum a pergunta “O que faço aqui?” É mais ou menos nesta época que a reencarnação está se completando. Este é o nosso primeiro encontro com nosso “eu”, com nossa nova personalidade e nosso novo mundo material! Naturalmente é um choque, pela primeira vez, reconhecermo-nos como seres que vivem em um mundo material!  Ou seja, com nossa individualidade espiritual, totalmente ligada ao mundo material! A partir daí passamos a ter uma personalidade com capacidade de autoanálise. Em outras palavras: nesta hora, passamos a ser um “Ser” dual completo! Completamente independente do mundo espiritual. Nem todos os seres se recordam deste fato singular, mas todos nós passamos por isso!

Não aprendi esses fatos com o Codificador; quem me fez ver e relembrar estas coisas da minha infância foi um indiano que encontrei a solfejar um mantra numa praia chamada de “prainha”, próxima a um Resort em Itacaré, aqui na Bahia. Na época, eu estava lendo um livro sobre o avatar indiano, SAI BABA, e praticamente forcei uma aproximação com este “Ser”. Na primeira tentativa de aproximação, senti alguma resistência por parte do hindu, embora ele fosse educadíssimo. Quase desisti. Na segunda conversa, fiz de forma muito sutil uma análise do “Ser” como um ser material, numa abordagem quântica, acho que foi o suficiente para conseguir sua confiança! Tive poucos encontros com este “Ser”; não me recordo de quantos, talvez não passassem dos seis. De outra vez, demonstrei para ele que a cor abóbora de seu manto, que ele chamava de kasaya, não existia como uma cor real e que poderia ser de qualquer cor.

Ele passou pouco tempo em Itacaré, para onde tinha ido ajudar uns judeus que tiveram um problema por lá. Nada mais soube dele! Era impressionante sua postura como “Ser”! Trajava sempre uma bermuda e camiseta comuns, usava óculos escuros e alpercatas de tiras de amarrar sem fivelas, carregava o manto e um livro numa sacola a tiracolo. Ao inquirir qual escrita era aquela do livro, ele me disse estar escrito em sânscrito. Contei-lhe como tinha tentado fazer uma e feito algumas saídas astrais, quando ainda rapaz, ao que ele sorriu e ensinou-me a fazer uns exercícios respiratórios. No dia seguinte ainda na praia, desta vez sob uma árvore onde o vigilante do Resort às vezes se abrigava do sol do meio-dia, ele me pediu para sentar em um tronco de coqueiro, relaxar, fechar os olhos, pôs a palma da mão em minha testa, ao que senti um grande calor em minha testa, falou-me numa língua estranha, que eu compreendia perfeitamente e mandou-me pensar em minha terra natal. E, estranho, de súbito, me vi a sobrevoar um rio meu conhecido. A princípio não sabia onde estava, depois tive a plena certeza de que sobrevoava a casa de meu avô materno numa região da Bahia chamada Catolezinho. Vi claramente a casa antiga, um novo curral e uma chácara nos fundos da casa, umas pessoas montadas, gado no pasto, e, de súbito, lá estava na minha postura iogue a falar com o hindu. A coisa foi tão rápida e tão clara que me recusava a acreditar que aquilo tivesse acontecido.

Este fato que passo a relatar agora já o fiz a um amigo e primo, e é muito interessante. Eis o fato: eu sempre evitava entabular conversações demoradas com este meu novo amigo, para não ser inconveniente e atrapalhá-lo. De certa feita, eu falava sobre a minha ideia acerca do aparecimento do homem no planeta, e ele parecia absorto em minha explanação. Notei, então, que ele, distraidamente, passava a mão aberta a um palmo de altura da areia da praia e sua mão ficava impregnada de grãos de areia e, distraidamente, passava uma mão sobre a outra o os grãos voltavam para a praia. Não sei como ele fazia aquilo, mas estava fazendo e parecia que não notava minha presença. Fiz de conta que não estava notando o que ele fazia, então, ele mudou de posição no sentar e entabulamos um diálogo sobre o assunto que eu discorria já por muito tempo. Sua maneira de ver o assunto, na verdade, não correspondia com o meu ponto de vista! Ele cria que por nosso planeta já passara muitas humanidades, antes de surgir a humanidade atual. E o que eu expunha para ele era uma visão fundamentada na paleontologia a na antropologia. Foi quando o meu amigo me deu uma notícia que me deixou triste, me disse que não era aconselhável que eu continuasse a fazer o que eu chamava de saída astral, mas, se quisesse poderia tentar praticar as regressões, e disse procure alguém versado na área, e não quis me dizer por quê. Assim, não insisti mais.

Como apareceu, ele desapareceu repentinamente. Alguns dias depois quando o procurei na cidade, me disseram que tinha partido. Para meu desalento, perdi o contato com o mais singular ser humano que já conheci. Aqueles poucos encontros marcaram profundamente minha visão da real natureza do existir humano. Em um de nossos últimos encontros, levei-o de carro para conhecer parte da área do Resort, quando perguntei onde ele tinha aprendido o português. Ele me disse que alguns membros de sua família falavam esta língua porque mantinham desde muito tempo estreitas relações comerciais com Portugal. Eu já tinha percebido seu pronunciado sotaque lusitano. Não gravei na mente a grafia correta de seu nome, mas a pronúncia era algo como Pongiab Shaori. Perguntei-lhe se conhecia a obra de Lobsang Rampa, ele me respondeu que sim, e disse que nós, os ocidentais, tínhamos o hábito de confundir as obras de ficção de escritores de outros povos com a realidade, talvez por desconhecer o modo de viver desses povos! No que concordei com ele, pois o sentido de “realidade do existir” de cada sociedade está intimamente relacionado com as crenças existenciais desta sociedade. Sua mão impregnada de areia me marcou profundamente e nunca mais me saiu da memória. Um amigo arquiteto de Itacaré um dia me perguntou o que eu tinha aprendido com o hindu! Respondi-lhe que “muito e pouco”, pois se um “Ser” adquirir todo o conhecimento do mundo, assim mesmo não saberá tudo, pois, na introdução do Bhavadad-Gita com tradução e comentário de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, está escrito que as pessoas humanas (e portanto também seu conhecimento) estão infectadas por quatro defeitos: (1) na certa comete erros, (2) está invariavelmente iludida, (3) tem a tendência de enganar os outros, (4) é limitada por sentidos imperfeitos. O pensador inglês Bertrand Russel era da mesma opinião; para ele o que nós tomamos ou temos como conhecimento possui três defeitos capitais: é convencido, é incerto e, sobretudo, o conhecimento por si mesmo é contraditório. Portanto, tudo que aprendemos como humanos está sujeito a estas imperfeições; assim o que aprendemos com os humanos pode ser “muito”, pode ser “pouco”, pode ser “tudo” e pode ser “nada”, pois, na vida, nunca existirá perfeição! Nem somente, um único caminho a trilhar. E assim caminha e se desenvolve a humanidade.

Esta, por ser uma visão espiritualista, metafísica e sobretudo heurística do Ser, está isenta de críticas… Assim espera esta minha ínfima e desprezível enteléquia…

Vitória da Conquista, Bahia, 3 de outubro de 2007.

Ensaio revisado e atualizado em novembro de 2010

Edimilson Santos Silva Movér