Vereadores governistas estão aplicando “rolo compressor” para eleição da mesa. É o que afirma o vereador Fernando Jacaré

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Sempre predisposto ao diálogo, Jacaré reclama de processo de exclusão e quer mesa mista.

Em pronunciamento na sessão da Câmara de Vereadores nesta quarta-feira (21), Fernando Jacaré manifestou sua preocupação com a condução do processo de eleição da futura Mesa Diretora, afirmando que “lamentavelmente”, sua sensação é de que “se pretende voltar a implantar nessa Casa, infelizmente, o chamado rolo compressor, pelo qual a maioria acaba por atropelar a minoria, sufocando a articulação política”. Ex-presidente da Casa, ele realçou a esperança de que esteja enganado. “Espero, ao final, no dia 1º, que a democracia prevaleça, que o isolamento da maioria não aconteça nesse parlamento”.

Fernando Jacaré lembrou aos pares que em quase todas as últimas eleições da mesa foi respeitada a representatividade partidária, inclusive sem a necessidade de disputa entre chapas. “Isso sempre foi feito respeitando diferenças político-partidárias, tão naturais do parlamento, sem que, em instante algum, qualquer vereador tivesse que abrir mão de suas convicções, sobretudo no que diz respeito compor bancada de Situação e Oposição”. Para ele, essa prática contribuiu para a convivência civilizada, fraterna e harmoniosa entre os vereadores, fundamental para a aprovação de matérias para o desenvolvimento do município.

PARA ENTENDER

Os processos de eleições das mesas diretoras da Câmara Municipal de Vitória da Conquista – como de resto em todos os municípios Brasil afora – são marcados geralmente por intensos debates e episódios que nem sempre devem ou podem vir à luz. Mesmo em circunstâncias como as atuais, em que os vereadores governistas esbanjam maioria, as costuras nunca são automáticas, muito menos harmoniosas. O vereador Hermínio Oliveira, do Solidariedade, é o provável futuro presidente da mesa para o biênio 2017-2018.

Prudente, apesar de ungido por meio de votação de sua bancada, mediada pelo prefeito eleitor Herzem Gusmão, Hermínio correu trecho em busca dos votos necessários à sua eleição, encontrando abrigo no colo do PCdoB, partido com o qual sempre manteve estreita relação, inclusive fazendo campanha para então candidato a deputado Fabrício Falcão nas eleições de 2014. Os futuros vereadores Danilo Kiribamba e Nildma Ribeiro já asseguraram o voto.

Ocorre que vereadores da base de oposição do futuro prefeito Herzem Gusmão, -à frente Fernando Jacaré, do PT, e Luciano Gomes, do PR – desprezados no processo de construção da chapa, estão angustiados ante a possibilidade de não serem convidados a compor a futura mesa. A gulodice da bancada de sustentação ao governo, ávida por assumir o controle político e administrativo da Câmara Municipal, já havia decidido pela lógica do “tudo nosso nada deles” logo que divulgado o resultado do primeiro turno das eleições municipais. Mais que isso, o “depois de nós é nós de novo” também já havia virado lei.

Assim, ficou pactuado Hermínio como candidato único, tendo o vereador eleito Gilmar Ferraz (PMDB) como candidato a primeiro-secretario e o pastor Sidnei Oliveira (PRB) como primeiro ou segundo vice-presidente. Um documento – Carta de Compromisso –em nome da unidade foi subscrito pelos onze vereadores, ficando praticamente selada a vitória de Hermínio Oliveira, já que os governistas detém maioria. Restam apenas duas vagas na mesa, uma das quais, por óbvio, já foi entregue ao PCdoB. Ter direito a abocanhar esta última vaga é o que está movimentando os que foram desprezados.Por Fabio Sena |