Mobilidade Urbana – As influência de trasportes alternativos fragilizam o transporte coletivo  e pode levar  a falência

 

 

A revolta dos ônibus

 Porque cada vez mais gente deixa de andar de ônibus para andar de Uber. Com menos passageiros e, portanto, menos receita, as concessionárias aumentam o valor da passagem – o que faz mais gente deixar de andar de ônibus para andar de Uber, e assim por diante. (Em primeiro lugar, se seguir como está, o sistema de transporte coletivo  vai acabar.)!?A falência do sistema pode ser irrelevante para quem vive nos bairros centrais, mas e para quem mora nas periferias? Uma corrida de aplicativo da Restinga ao Centro custa R$ 40. O grosso dos trabalhadores sempre vai precisar de transporte coletivo – e nenhuma metrópole do mundo suportaria um sistema baseado somente em aplicativos como o Uber: o trânsito, só com carros, entraria em colapso.Existe apenas um jeito de reverter esse quadro. Tornando os ônibus atrativos. Entre 1977 e 2019, Porto Alegre implantou míseros 17 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. Agora, em seis meses, a prefeitura promete demarcar mais 22 quilômetros – o que é um ótimo começo, já perceptível na Independência, na Mostardeiro e na Goethe.O resultado mais óbvio dessas faixas é a fuga do engarrafamento – e a redução do tempo de viagem. Aí, claro, talvez o motorista de automóvel, preso no trânsito das 18h, enxergue o ônibus passando livre ao seu lado e comece a pensar que, se estivesse lá dentro, poderia chegar mais cedo em casa.- O que queremos é dar competitividade ao transporte coletivo – diz o secretário municipal extraordinário de Mobilidade Urbana, Rodrigo Mata Tortoriello.Com o tempo de viagem mais curto, o custo para sustentar o transporte coletivo também tende a baixar. Primeiro, porque se gasta menos combustível. Segundo, porque, com o deslocamento mais rápido, são necessários menos ônibus para que todos cheguem às paradas no horário correto.

– A ideia, a médio prazo, é que isso possa contribuir inclusive para a queda no valor da tarifa – afirma Tortoriello, que é presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana.

Nesse fórum, aliás, ele lidera um debate que o grupo pretende levar ao Congresso: alternativas para financiar o transporte coletivo sem depender apenas da passagem. Hoje, por exemplo, a sociedade banca a iluminação pública com uma taxa na conta de luz. Banca a coleta de lixo com uma taxa no IPTU. Não é hora de encontrar formas para subsidiar também o transporte público?

– Em Londres, a chamada taxa de congestionamento financia o metrô. Na França, empresas com mais de 10 funcionários ajudam a manter os ônibus. Se a sociedade paga pela oferta de vagas em escolas públicas, por que a mesma lógica não pode ocorrer no transporte? – questiona Tortoriello.

É uma busca oportuna – e urgente – pelo célebre bordão de autoria desconhecida: “Cidade desenvolvida não é onde pobre anda de carro, mas onde rico anda de ônibus”. 23,5% é a queda no número de passageiros de ônibus em Porto Alegre entre 2013 e 2019, conforme projeção da Associação dos Transportadores de Passageiros.

Obs. outros setores como o moto taxi e as vans também soma a eta realidade, em quase todas as cidades brasileiras.

 

 

 

ZERO HORA – RS

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Autor(a): PAULO GERMANO
Veiculação: 16/10/2019
 MOBILIDADE URBANA, TRANSPORTE PÚBLICO