Na euforia da ilusão

ELVA E DINO –:

NA EUFORIA DA ILUSÃO

Na euforia de ilusão,
pierrôs e colombinas se entrelaçam,
derramando mágoas em formas de confetes.
Retrocesso? Frustração? Que nome se dá
às chagas que dilaceram o corpo
e faz a alma sangrar?
É carnaval! É a hora e a vez das máscaras.
Que importa o que pensam,
olhos sem o brilho natural
Copos nas mãos, sorriso falso nos lábios.
O eterno fingidor. Sufoca o amor que lhe eleva,
Derrama risos sem o brilho acetinado.
Estampa o olhar desesperado,
Buscando forças na ilusão do entardecer.
É carnaval! Hora de postar a fantasia
e encouraçar a beleza do real.
A quarta feira vai chegar. Vem o vazio,
A solidão. Eterno fingidor.
Foi-se o amor pregado… Evaporou.
Caiu na lama da folia.
Sujou a alma, sujou o corpo.
Dos beijos movediços
sobrou apenas a marca do baton
É carnaval… Felicidade fugidia.
E de tudo que se foi
Vem com a quarta-feira de… Só cinzas.

Elvarlinda Jardim,
Cantatas de Palavras.