O caminho é este, aponta Aercio Neves e, José Serra confirma:”Ninguém deve esperar que joguemos estados do Norte contra o Sul, urbano contra rural, azuis contra vermelhos, indústria contra serviço, comércio contra agricultura. É deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o Brasil.”

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– Adriano Ceolin e Marcelo Diego

O ex-governador José Serra (SP) se lançou neste sábado pré-candidato a presidente da República batendo na tecla da união, tanto a partidária como a dos eleitores. Seu discurso, que não citou diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi permeado pelo bordão de que o País “pode mais”. “Quero ser o presidente da união”, declarou o tucano.

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Serra durante lançamento de candidatura em Brasília

Em 59 minutos de fala, Serra disse que o “governo deve servir ao povo, não a partido, não a corporações que não representam o interesse público”.

“Ninguém deve esperar de mim disputa de ricos e pobres. Quero todos lado a lado na construção de um país justo. Ninguém deve esperar que joguemos estados do Norte contra o Sul, urbano contra rural, azuis contra vermelhos, indústria contra serviço, comércio contra agricultura. É deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o Brasil. O nós contra eles não cabe numa nação. Lutamos pela união dos brasileiros, não pela divisão. Vamos trabalhar somando, nunca dividindo, nunca excluindo”, afirmou o tucano.

José Serra, 68, se lançou pré-candidato em evento realizado pelo PSDB em um centro de convenções em Brasília. O encontro teve a presença de governadores tucanos e parlamentares de diversas siglas. Discursaram o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o presidente do PPS, Roberto Freire, o ex-governador de Minas Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Estratégia de Lula

Serra não citou o PT, nem diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência. Suas declarações foram entendidas como uma contraposição ao discurso petista, que tem por estratégia comparar gestão de FHC com a de Lula, presidente com altos índices de popularidade, e que recentemente expôs a tese da divisão do país devido as duas candidaturas.

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Aécio durante lançamento da candidatura de Serra

“Governo deve servir ao povo, não a partido, não a corporações que não representam o interesse público. Deve unir sempre a união. Ninguém deve esperar de mim disputa de ricos e pobres. Quero todos lado a lado na construção de um país justo.”

“Se o povo permitir, vamos governar com todos e todas. Chamar ao diálogo. Valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo, ao invés de indagar o partidarismo. Minhas convicções partidárias sempre estiveram comprometidas com a unidade do país”, reafirmou.

Serra ainda procurou exaltar a unidade do partido em torno de um projeto nacional. O tucano foi candidato a presidente em 2002, quando acabou derrotado por Lula em segundo turno. Na ocasião, o partido rachou e mesmo membros de partidos aliados desembarcaram da sua candidatura.

“Não temos problema com passado”

Dizendo que iria fazer um discurso mais emocional, Serra elencou suas realizações na vida pública e denotou que irá priorizar investimentos em educação, saúde e infraestrutura, caso seja eleito presidente.

O tucano também defendeu, por diversas vezes, o legado de FHC. “Não temos problemas com nosso passado, não temos mal-entendido com nosso passado”, disse.

Na sua fala, também, citou possíveis contraposições em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Democracia e estado de direito são valores universais, inegociáveis. Honestidade, caráter, verdade, coerência, brio profissional, perseverança, soa essenciais no exercício do poder. Que ninguém se engane sobre minhas crenças e meus valores.”

Serra voltou a comentar ataques de adversários como “falanges do ódio” e disse que na campanha a cada mentira será devolvida uma verdade.

O discurso do tucano relembrou seu passado, exaltou a memória de seu pai, sua trajetória na vida pública e ainda listou exemplos de, segundo ele, quais mudanças deveriam ocorrer no país. Citou necessidade de mais investimentos em educação, de mais ênfase na segurança pública, no reposicionamento do Brasil na diplomacia internacional – criticando veladamente o apoio do Brasil a países com regime não-democrático. “Não tem operário morrendo de fome por greve de discorrer do regime”.

Durante suas palavras, Serra citou o escritor Guimarães Rosa e o poeta, músico e escritor Vinicius de Moraes. O encontro do PSDB reuniu cerca de 4.000 pessoas e terminou ao som do jingle de campanha cujo refrão era “Serra é do bem”.

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