O peculiar mundo das redes

Os limites entre o público e o privado, dentro
do universo da convivência em rede, tema sugerido para a prova de redação do
Enem desse ano, não podia ter exemplo mais prático durante a aplicação das
provas. Refiro-me às notícias de jovens estudantes que foram eliminados do
processo ao serem flagrados usando o celular para acessar as redes sociais nos
dois dias de prova, em regiões diferentes do país.
As redes sociais têm se
transformado numa espécie de prisão digital

Embora a
ideia proposta pelo MEC com o termo “público” não se refira necessariamente a
espaço geográfico, a exemplo de uma sala de aula, e sim à perspectiva de quebra
de privacidade, esses casos de desclassificação nos levam a refletir um pouco
sobre a proporção e a forma com que as redes sociais têm crescido. Um espaço
primordialmente sem regras, que confina milhões de pessoas por segundo, movidas
por interesses variados, e que tem se transformado, em muitos casos, numa
espécie de “prisão digital”.

Os sintomas dessa nova febre, que tem,
surpreendentemente, superado o poder atrativo da televisão entre o público
infanto-juvenil com acesso à internet, podem se manifestar das formas mais
esdrúxulas.  Tentar twittar durante uma prova, em um ambiente em que aparelhos
eletrônicos de qualquer espécie são proibidos, é um caso emblemático e não pode
ser interpretado apenas como uma demonstração de ingenuidade.

Com a
popularização dos preços de aparelhos eletrônicos de última geração, o que
significa possibilidade de realização de sonhos de muitos adolescentes e jovens,
como iPads, iPhones, tablets, smartphones e notes, dentre tantos outros, a vida
em rede tem se tornado cada vez mais habitual. Ter um perfil hoje no Facebook ou
dizer what’s happening no Twitter tornou-se uma questão de identidade, de
não apenas dizer o que você pensa, mas que você existe.