Paladino da moral fica com 30% dos jogos ilegais de Carlinhos Cachoeira



A verdade pode demorar mas aparece
senador goiano recebia 30% do faturamento de Cachoeira
Ligação entre o senador Demóstenes Torres e o empresário Carlinhos Cachoeira é escancarada por publicações nacionais
A semana promete ser de mais desgastes para o senador Demóstenes Torres. Líder do DEM no Senado, o goiano é novamente alvo de reportagens nas principais revistas e portais do País sobre seu envolvimento com o empresário Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, e apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como o chefe da “máfia da jogatina” em Goiás e outros Estados. A principal acusação, mostrada pela revista Carta Capital, é de que o senador goiano recebia 30% do faturamento de Cachoeira com jogos ilegais.
A última sexta-feira, 23, foi marcada por revelações de diálogos entre Demóstenes e Cachoeira gravados pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo. Na página da revista Veja na internet, novos trechos das gravações mostram o nível de intimidade que o senador estabelecia com o chefe da organização criminosa que teve 81 pessoas denunciadas pelo MPF na semana passada.
Os diálogos revelam novos favores de Cachoeira a Demóstenes Torres. Em um deles, gravado em maio do ano passado, Cachoeira avisa ao senador: “Não esquece do avião, não, tá aí esperando, tá?”. O diálogo refere-se a um avião emprestado pelo empresário para transportar o senador. Em outro telefonema, também do ano passado, ao ouvir de Demóstenes a queixa de que seu tablet iPad acabara de quebrar, Cachoeira diz que vai mandar alguém entregar um aparelho novo ao senador.
Um dia antes do texto publicado pela Veja com a descrição das conversas, o jornal O Globo publicou outra reportagem na qual gravações da Polícia Federal, de 2009, e encaminhadas à Procuradoria Geral da República (PGR), revelam que Demóstenes Torres pediu dinheiro a Cachoeira e vazou informações de reuniões oficiais ao amigo.
O texto de O Globo revela que o relatório com as gravações e outros graves indícios foi enviado à PGR em 2009, mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso. Numa das gravações, feitas com autorização judicial, Demóstenes pede para Cachoeira “pagar uma despesa dele com táxi-aéreo no valor de R$ 3 mil”.
Em outro trecho do relatório, elaborado com base nas gravações, os investigadores informam que o senador fez “confidências” a Cachoeira sobre reuniões reservadas que teve no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. O relatório revela ainda que desde 2009 Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) “habilitado nos Estados Unidos” para manter conversas secretas com Carlinhos Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram “frequentes”. A informação reapareceu nas investigações da Operação Monte Carlo.
O documento aponta ainda ligações comprometedoras entre os deputados Carlos Leréia (PSDB) e Sandes Júnior (PP) com Cachoeira. Em entrevista à Tribuna há três semanas, Leréia disse que é amigo do empresário e que só não havia ido visitá-lo na cadeia porque não é permitido. Leréia também mostrou-se um entusiasta da liberação dos jogos no País.
Carta Capital
Também na sexta-feira, Demóstenes foi manchete em outra revista nacional. A Carta Capital revelou, com base em dados da Polícia Federal, que o senador goiano recebia 30% dos lucros do negócio de jogos comandado por Carlinhos Cachoeira, com movimentação de R$ 170 milhões por ano. De acordo com a reportagem, a Polícia Federal tem conhecimento, desde 2006, das ligações de Cachoeira com o senador.
Segundo a revista, três relatórios assinados pelo delegado Deuse­lino Valadares dos Santos, então chefe da Dele­gacia de Repressão a Crimes Financeiros (DRCOR), da Superintendência da PF em Goi­ânia, revelam que Demó­stenes tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogos clandestinos.
A publicação revela que as contas apresentadas pela PF demonstram que a parte do senador aproxima-se de R$ 50 milhões. O dinheiro, segundo a PF, estava sendo direcionado para a futura candidatura de Demóstenes ao governo de Goiás, via caixa dois. A informação consta de um Relatório Sigiloso de Análise da Ope­ração Monte Carlo, sob os cuidados do Núcleo de Inteli­gência Policial da Superinte­ndência da PF em Brasília ao qual a revista teve acesso.
Deuselino Valadares foi um dos 35 presos pela Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro. Nas intercepções telefônicas feitas pela PF, com autorização da Justiça, ele é chamado de “Neguinho” pelo bicheiro. Por estar lotado na DRCOR, era responsável pelas operações policiais da Superintendência da PF em todo o Estado.
Segundo a revista, o delegado foi cooptado para a quadrilha logo depois de descobrir os esquemas de Cachoeira, Demóstenes e mais três políticos goianos também citados por ele na investigação: os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT), que também aparecem nas escutas da Operação Monte Carlo.
A revista revela que o primeiro relatório do delegado Deuselino Valadares foi feito em 7 de abril de 2006 e encaminhado à Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (Delepat) da PF na capital. Valadares investigava, na época, o escândalo da Avestruz Master, empresa que fraudou milhares de investidores, quando conheceu o advogado Ruy Cruvinel.
Cruvinel chamou Valadares para formar uma parceria a fim de criar “uma organização paralela” à de Carlinhos Ca­choeira. O suborno, segundo o delegado, seria uma quantia inicial de R$ 200 mil. Ele, ao que tudo indica, não aceitou e decidiu denunciar o crime.
Segundo a revista, em 26 de abril de 2006, o relatório circunstanciado parcial 001/06, assinado por Deuselino Vala­dares, revelou uma ação da PF para estourar o cassino de Ruy Cruvinel, no Setor Oeste de Goiânia. Preso, Cruvinel confessou que, dos 200 mil reais semanais auferidos pelo esquema (Goiás e entorno de Brasília), 50%, ou seja, R$ 100 mil, iam diretamente para os cofres de Cachoeira.
Outros 30% eram destinados ao senador Demóstenes Torres, cuja responsabilidade era a de remunerar também o então superintende de Lote­rias da Agência Goiânia de Administração (Aganp), Marce­lo Si­queira. Ex-procurador, Siqueira foi indicação de De­mó­stenes e do deputado Leréia. Na época, ao assumir a função, um ano antes, ele havia anunciado que iria “jogar duro” contra o jogo ilegal em Goiás.

Senador se defende falando em Deus e se diz inocente
Na noite de sexta-feira, 23, depois de ser alvo de muitas reportagens em veículos de repercussão nacional, o senador Demóstenes Torres (DEM) se manifestou sobre as denúncias divulgadas sobre seu suposto envolvimento com o esquema de exploração de jogos ilegais do contraventor Carlinhos Cachoeira. Por meio do microblog Twitter, o senador referiu-se apenas à denuncia da Carta Capital, negando as acusações.
“De todos os absurdos publicados contra mim, os mais danosos estão no site da Carta Capital. Os informantes da revista estão enganados. Não faço parte nem compactuo com qualquer esquema ilícito, não integro organização ilegal, nem componho algo do gênero”, rebateu.
Demóstenes ainda fez apelos a fé e a família, ao tentar se explicar. “Desmi­nto essas inverdades em respeito a minha família, aos meus amigos, às minhas colegas e meus colegas senadores, a Goiás e ao Brasil. O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a minha honra são difíceis de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência. As injúrias, as calúnias e as difamações minam a resistência até de quem nada teme, mas permaneço firme na fé de que a verdade triunfará”, reforçou.
Ele ainda completou a defesa garantindo a sua inocência. “Dói enfrentar o olhar sofrido de familiares torcendo para o tormento passar logo. Mas as inverdades chegam açodadas; a reparação, lentamente. Para tripudiar sobre mim e o mandato que o povo me confiou, desrespeitam os mais elementares princípios constitucionais. A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil. Essa é a verdade que, ao final, prevalecerá”. (Eduardo Sartorato).

MPF-GO denuncia 81 por “Máfia da Jogatina”
O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) ofereceu na última segunda-feira, 19, denúncia à Justiça Federal contra a máfia dos caça-níqueis, desarticulada pela Operação Monte Carlo. Ao todo, 81 pessoas são acusadas de participar da organização criminosa que explorava a jogatina em Goiás há mais de dez anos, sendo 79 membros efetivos do grupo criminoso.
“Esses agentes organizavam pseudo atuações, simulações de trabalhos policiais, tudo para conferir impressão de enfrentamento ao crime, ou, em outros casos, eram utilizados para eliminação de concorrentes e desarticulação de pessoas que se afastavam do controle e orientação do grupo, viabilizando um domínio territorial rígido, de longo prazo e cartelizado da atividade, monopolizando-a em todo o estado”, detalha a denúncia.
Em 205 páginas, a peça acusatória do MPF/GO é a primeira de algumas denúncias que serão ofertadas contra o grupo criminoso organizado e está centrada na formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.
Nas próximas denúncias do MPF/GO, a quadrilha será enquadrada nos crimes financeiros, contrabando (artigo 334 do Código Pe­nal), crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro. Para combater a prática da jogatina, em âmbito federal, busca-se esse caminho por existir, normalmente, nas máquinas de caça-níqueis mecanismos e equipamentos importados clandestinamente.
Nove deputados goianos assinam CPI
No total, nove dos 17 deputados goianos assinaram o requerimento para abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa apurar as relações entre políticos e o empresário Carlinhos Cachoeira. Todos os deputados do PT e PMDB assinaram o documento e apenas um deputado do PSD e do PSDB fizeram o mesmo.
Iria Araújo Iris (PMDB), Flávia Morais (PDT), Heuler Cruvinel (PSD), João Campos (PSDB),  Leandro Vilela (PMDB), Marina Sant´Anna (PT), Pedro Chaves (PMDB), Rubens Otoni (PT) e Sandro Mabel (PMDB) assinaram o requerimento. Os outros oito deputados goianos não assinaram o pedido, segundo os registros da Câmara: Armando Vergílio (PSD), Carlos Alberto Lereia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Magda Mofatto (PTB), Roberto Balestra (PP), Ronaldo Caiado (DEM), Sandes Júnior (PP) e Valdivino Oliveira (PSDB).
O requerimento para a abertura da CPI é de autoria do deputado federal Protó­genes Queiroz (PCdo­B-SP), que entregou as assinaturas na terça-feira, 20, ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). De acordo com a assessoria do deputado, mais de 200 dos 513 deputados assinaram o requerimento.
O objetivo de Protógenes é investigar a suposta ligação de parlamentares com campanhas eleitorais e patrimônios relacionados a Carli­nhos Cachoeira, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal em Goiás por liderar quadrilha de jogos desarticulada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Gurgel na Mira
Em reportagem da revista Época, o deputado Protógenes Queiroz encaminhou ofício ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em que solicita informações sobre a existência de “deputados, senadores, ministros e autoridades” na quebra de sigilo telefônico de um processo originado na Vara Federal de Anápolis, em 2008. Queiroz também questiona Gurgel se o processo foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), casos em que senadores, deputados e ministros são investigados em função da prerrogativa de foro privilegiado.
Relatório da Polícia Federal foi encaminhado à PGR em setembro de 2009. Desde então, Roberto Gurgel não tomou nenhuma providência. É responsabilidade de Gurgel decidir se pede ao STF a abertura de inquérito contra Demóstenes Torres e os outros parlamentares citados no processo.
Segundo a revista, o procurador Roberto Gurgel afirmou, por meio da assessoria, que o processo “ficou sobrestado, pois havia uma relação com outra investigação ainda em curso”. Ainda de acordo com a PGR, o material que chegou em 2009 foi juntado ao material relativo à Operação Monte Carlo. Quanto aos pedidos de informações provenientes de parlamentares, a PGR não deverá atendê-los. “São informações cobertas pelo sigilo e, portanto, não temos como informar o conteúdo desse material”, afirmou a assessoria de imprensa da PGR.
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