Reajuste de combustíveis ameniza rombo bilionário na Petrobrás

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JORGE SERRÃOA ganância imediatista dos donos de posto de combustíveis já provoca desde ontem uma dorzinha no bolso de quem vai abastecer. Trata-se de uma postura nada ética nos negócios contra o interesse público. O reajuste de preços de gasolina e do diesel nas distribuidoras não deveria ter impacto direto e imediato para o consumidor na bomba de abastecimento. O problema é que teve! No Rio de Janeiro ocorreram altas absurdas de até 10%. Um assalto a bomba armada!Mais infeliz que tal jogada oportunista é a declaração do ministro Guido Mantega. O apadrinhado de Lula (que mais nada manda na Fazenda) cometeu a burra ousadia de opinar que o aumento “é uma pequena correção que não vai atrapalhar ninguém”. Como de costume, Mantega está erradíssimo. Se a nova alta terá um impacto de 0,16 ponto percentual na inflação, como ele mesmo admitiu, claro que o cidadão-consumidor contribuinte terá alguma perda – por menor que seja.Leia também:

Além disso, qualquer idiota sabe que o reajuste de combustíveis detona “uma onda psicológica” de aumentos de outros produtos e serviços. Custo de fretes e passagens de ônibus terão de acompanhar a subida. Na prática, o reajuste de 6,6% para a gasolina e 5,4% para o diesel nas refinarias – promovido pela deficitária Petrobras – deveria ter um impacto de 4% a 5% nas bombas, só a partir do mês que vem, de acordo com a área econômica do governo.

A Petrobrás paga caro por subsidiar o preço da gasolina – que é turbinado pela alta carga tributária no Brasil. A numerologia é cruel com a empresa que vende combustível mais barato do que paga pela importação. O aumento anunciado dará um reforço mínimo de R$ 540 milhões e máximo de R$ 650 milhões por mês no caixa da companhia. Mas a estatal capimunista continuará perdendo cerca de R$ 1,2 bilhão mensais. Antes do reajuste, o rombo mensal era de R$ 2 bilhões.

Como a Petrobrás não pode desinvestir, a previsão real é que ocorram novos aumentos. Afinal, a defasagem da gasolina está em 11,2% e a do diesel, em 19,7%. Complicado é que qualquer reajuste (sempre inflacionário dos combustíveis) não resolverá os rombos gerados pela má gestão de projetos ambiciosos e metas irreais da Petrobrás – tudo produzido na gestão do baiano José Sérgio Gabrielli, um dos homens da máxima confiança do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outro apontado pelos investidores como o grande responsável pela incompetente gestão de caixa da Petrobrás é seu diretor financeiro Almir Barbassa. O dirigente é o rolador diário das dívidas junto a grandes bancos internacionais para segurar o tsunami deficitário no caixa da companhia. Todas as principais decisões táticas e estratégicas dos “planos de investimento” empresa passam por ele. Barbassa é imexível porque é aliado da turma de Guido Mantega e do chefão Lula.

O poder de Barbassa é tanto que alguns o consideram o “presidente paralelo” da Petrobrás. Maria das Graças Foster, amiga da Presidenta Dilma Rousseff, é considerada uma técnica competente que herdou uma herança maldita” da má gestão de Gabrielli. Nem Dilma (que presidia, na gestão Lula, o Conselho de Administração da Petrobrás) teve como mexer com o poderoso Barbassa. Nem Graça se engraça com ele. E ainda padece da desgraça de ser atropelada por decisões financeiras dele.

Na gestão (?) Barbassa, a Petrobras opera no vermelho do PT. Gera cerca de US$ 30 bilhões, mas gasta US$ 42 bilhões (nas contas do Credit Suisse First Boston, em projeção para o resultado fechado de 2012). Até setembro, as dívidas somam R$ 133,9 bilhões, valor que é 2,5 vezes a sua geração de caixa. Entre 2009 e 2012, o rombo no caixa da estatal pode ter chegado a US$ 54 bilhões.

Em síntese, a estatal de economia mista tem gasto sistematicamente bem mais do que consegue gerar de receitas. Assim, seu endividamento cresce de forma preocupante. O Citibank prevê que, até o final deste ano, a relação entre a dívida e o patrimônio líquido da Petrobras deve subir para 33,2%. O número chega próximo ao limite de 35%. Se passar disto, a Petrobrás perde seu grau de investimento (investment grade). O desafio é a energia para impedir que tal desgraça aconteça.

O mais grave problema prático da empresa hoje é sua queda de produção – justamente no momento em que o consumo de combustíveis cresce. O mais danoso efeito psicológico contra a Petrobrás, no mercado, é a constante desvalorização de suas ações ordinárias e preferenciais. Os prejuízos irritam investidores estrangeiros e acionistas minoritários brasileiros. No segundo trimestre do ano passado, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,3 bilhão. O susto foi o primeiro resultado negativo desde 1999.

Ontem, a Petrobrás perdeu nada menos que R$ 12,5 bilhões em valor de mercado. Mas o número tende a ficar menos feio em médio prazo. Até porque o mercado trabalha com a projeção de que o recente reajuste dos combustíveis vai elevar em R$ 4,3 bilhões o lucro da Petrobras em 2013. Na próxima segunda-feira, para alegria dos grandes jornais que faturam alto com a publicação de cadernos especiais de balanços, a Petrobras vai divulgar os resultados do quarto trimestre de 2012. A previsão é de lucro entre R$ 4,5 e R$ 5 (bilhões). (Alerta Total)