Repaginando a história da Brumado. Por Antônio Torres

CONSTITUIÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E FAMILIAR.

 RELATÓRIO SOBRE BRUMADO

 

HISTORIOGRAFIA

 

A história do município de Brumado tem início na Fazenda Campo Seco, localizada às margens do Rio do Antonio, terras pertencentes ao português Mestre de Campo, Antonio Guedes de Brito. A fazenda Campo Seco desde 1681, fazia parte do   município de Rio de Contas e depois ao município de Caetité que se emancipou em 1810.

As terras da fazenda Campo Seco, depois Brejo do Campo Seco, foram arrendadas por João Antunes Moreira e transferida por herança ao filho, padre André Antunes de Maia que a vendeu por um conto e 462 mil reis em 30/06/1749 para José de Souza Meira, morador em Santo Antônio do Urubu, que em 1938 passou a chamar-se Paratinga.   Desloucou-se com sua mulher Micaela Maria de Jesus (grávida) que deu à luz a Francisco de Souza Meira, na fazenda Campo Seco do Rio do Antonio (Brumado) e faleceu   no mesmo ano, possivelmente de complicações pós-parto.  Micaela fora antes casada com José da Silva Ferreira com o qual teve a filha Ana Francisca da Silva que viria a se casar com Miguel Lourenço de Almeida.

José de Souza Meira fixou-se na fazenda até sua morte, provavelmente em 1755, morreu sem, no entanto, quitar o débito da fazenda Campo Seco. Possivelmente as terras ainda pertenciam à viúva Isabel Guedes de Brito, de quem foi procurador nessa região, Estevão Pinheiro de Azevedo, proprietário de parte da Serra do Campo Seco.

 

Com a morte de José de Souza Meira, abriu-se o inventário em 18/02/1755, No inventário consta que o filho Francisco de Souza Meira, nasceu em 1749 na fazenda Campo Seco, fruto do relacionamento com Micaela Maria de Jesus que faleceu no mesmo ano na fazenda Bom Jesus do Campo Seco. A fazenda ficou, por herança, para o Capitão Francisco de Souza Meira, equivocadamente reconhecido como fidalgo português, bandeirante e desbravador do sertão das Gerais. Nem como fundador de Brumado. (Não há comprovação desse fato).

Ao partilhar os bens do espólio de José de Souza Meira, o juiz de órfãos de Rio de Contas nomeou como tutor dos menores o fazendeiro Francisco de Brito Gondim. Francisco de Souza Meira órfão de pai e mãe, tinha 5/6 anos, filho legítimo, nascido em 1749, e Bernardo (de Souza Meira) filho Bastardo, de 14 anos, nascido em 1741. Em 1773, o tutelado Bernardo tornou-se genro do tutor ao casar-se com a sua filha Ana Guedes nascida em 1745, também filha de um relacionamento extraconjugal.

 

O domínio da propriedade passou para o sogro Miguel Lourenço de Almeida, que viria se casar com a filha do primeiro casamento de Micaela Maria de Jesus, Ana Francisca da Silva que   morreu octogenária no Sobrado do Brejo por volta 1838/1839.

 

 

Francisco de Souza Meira, nascido em 1749, casou-se com Ana Xavier da Silva, jovem adolescente, barranqueira do Rio São Francisco, natural de Urubu, atual Paratinga, filha do Capitão Antonio Xavier de Carvalho Cotrim e de Joana Fagundes da Silva.     Tiveram  onze filhos:  José de Souza Meira nascido  em 1777, casado com Ana Maria de Souza Meira; Antonio de Souza Meira nascido  em 1780; Maria de Souza Meira nascida em  1782; Francisco de Souza Meira (Chichi) nascido  em 1785; Rodrigo de Souza Meira nascido em 1788; Joaquim de Souza Meira nascido em 1789; Ana Joaquina de Santo Antonio, casada com Venceslau José da Silva Leite; Inácia Angélica de Santo Antonio nascida em 1799 casada com Alexandre José Pinheiro Pinto; Prudência Rosa de Santo Eduvirges, nascida  em 1802, Casada com Inocêncio José  Pinheiro Canguçu; Genoveva Maria de Jesus, casada com Manoel Inácio da Silva Leite; Lizarda Rita de Santo Antonio nascida em 1793.

 

Prosperou e adquiriu fortuna. A sua fazenda Bom Jesus era vizinha da fazenda Campo Seco, pertencente ao cunhado Miguel Lourenço de Almeida. Em torno da fazenda Bom Jesus,  formou-se, o povoado Bom Jesus, que com o seu desenvolvimento passou a chamar-se Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado.  O povoado pertenceu à vila de Nossa Senhora do Livramento de Minas do Rio de Contas, atual Rio de Contas, e depois ao município de Caetité, emancipado em 1810

 

Francisco de Souza Meira, morreu em 1814, deixou um patrimônio significativo. Além da fazenda Bom Jesus, possuía as terras da Serra das Bestas, Canabrava, Santo Amaro e as fazendas Aguilhadas, Dourados, Gameleira e Pedras, criatório de gado bovino, equino e 100 escravos. Conta-se que em 1812 libertou uma escrava de nome Teresa, pois desconfiava que fosse sua filha.

 

(Não existe nenhuma comprovação documental referente ao capitão-mor de Ordenanças Francisco de Souza Meira, relatando que foi bandeirante, ou fundador de Brumado).

 

Miguel Lourenço de Almeida, português de Camarões, freguesia de São Pedro do Almargem do Bispo, conselho de Sintra distrito de Lisboa, nasceu em 14 de outubro de 1708, filho de José Lourenço e Domingas João. Posteriormente acrescentou ao seu nome o termo “de Almeida” do padrinho de Batismo, Lupo de Almeida de ascendência nobre. Era negociante, agiota e serventuário do Tribunal dos Ausentes em Portugal. No interior baiano construiu uma   sólida fortuna.

 

Os historiadores descobriram, mais tarde, que Miguel Lourenço de Almeida não descendia de família nobre, como se intitulava. O padrinho, senhor das terras da freguesia era protetor da sua família.

 

Em 1742/1743 Miguel Lourenço de Almeida, residia em Barra, Médio São Francisco, ainda sob a Jurisdição pernambucana, onde fora “contador” de processos judiciais que envolviam interesses de defuntos e ausentes.

 

No ano seguinte declarou-se “homem de Negócios”, solteiro, residindo à Rua Calafates, no Bairro Alto, em Lisboa e requereu habilitação do “Santo Ofício” – Tribunal Cristão Medieval, na península Ibérica e, em 1744 no Governo de D. João V -1706-1750, tornou-se “familiar do Santo Ofício” do Tribunal da Inquisição, como intermediário entre o sertão e a Metrópole em Portugal.

 

Miguel Lourenço de Almeida e Ana Francisca da Silva tiveram oito filhos:  Manoel Loureço de Almeida; José Lourenço de Almeida; Micaela Maria de Jesus casada com Joaquim da Rocha; Maria Francisca D’Assunção; Bibiana Maria de Jesus casada com o cap. Antonio Pinheiro Pinto que  tiveram os filhos Inocêncio José Pinheiro Pinto (Canguçú) e Zeferina Maria de Santo Antonio; Antonia Maria de Jesus casada com Joaquim Pinheiro Pinto; Ana Francisca da Silva casada com José Pinheiro Pinto e Lauriana Maria de Santo Antonio.  Três de suas filhas se casaram com três irmãos descendentes de portugueses e oriundos de Caetité: Antonio, Joaquim e José Pinheiro Pinto.

 

A Fazenda Campo Seco incorporou o topônimo Brejo, passando a chamar-se Fazenda Brejo do Campo Seco, hoje a propriedade localizada na vila de Catiboaba, pertence a empresa Magnesita S.A.

 

Ele e o seu genro e sucessor, Antônio Pinheiro Pinto, deram origem às gerações que iriam constituir a base e o perfil dos ancestrais da comunidade dentro da formação social da atual Brumado. Miguel Lourenço de Almeida em Campo Seco e Francisco de Souza Meira em Bom Jesus, se fizeram patriarcas de duas grandes proles, que se entrelaçaram como matrizes da formação social da região.

 

Miguel Lourenço de Almeida faleceu na fazenda Brejo do Campo Seco em 1785 e Ana Francisca da Silva faleceu em 1839.  Foi sucedido na administração da fazenda, pelo genro Antonio Pinheiro Pinto. Depois, pelo neto Inocêncio Pinheiro Pinto, que em 1830, após a Guerra da Independência, alterou o sobrenome, substituiu o Pinto por Canguçu, em rejeição as raízes portuguesas ou por conveniência, pois o nome Pinto não exprimia a altivez senhorial que desejavam.  Mediante esse sentimento de recusa, que então nutria pelos portugueses, adota o sobrenome Canguçu, nome de uma onça feroz e valente da região e passou a assinar Inocêncio José Pinheiro Canguçu, daí em diante todos os membros passaram a assinar com o sobrenome Canguçu. Finalmente a fazenda foi administrada pelo bisneto Exupério Pinheiro Canguçu.

 

Antônio Pinheiro Pinto (Canguçu) se casou com Bibiana Maria de Jesus e teve dois filhos: Inocêncio Pinheiro Pinto e Zeferina Maria de Santo Antonio, que se casa com o primo Antonio de Souza Meira, filho de Francisco de Souza Meira e Substituiu o sogro na gerência da fazenda.  Adquiriu outras terras além das herdadas do sogro.  Conviveu bem com os indígenas e com os fazendeiros da região.  Fez fortuna com o algodão, gado, fábrica de aguardente, rapadura e outros produtos.

 

Mantinha numerosa escravaria que alugava, e fez transações de empréstimos a juros. Segundo os historiadores, Antônio Pinheiro Pinto foi uma espécie de primitivo agente bancário do sertão. Ele deixou para as gerações futuras, entre outras realizações, o famoso Sobrado do Brejo, de dois andares, construído entre julho de 1808 e junho de 1812.

 

Esse sobrado tinha características defensivas contra ataques dos índios e inimigos.  Posteriormente, numa atitude reprovável, foi derrubado pela Magnesita S.A. proprietária do imóvel. Contribuiu na construção da Capela Bom Jesus com doação de diversos materiais e serviços de escravos e do mestre Vitorino. Assentamento registrado no livro razão em 1815 conforme informa Lycurgo Santos Filho.

 

Em Caetité, sede, Antonio Pinheiro Pinto, ocupou posição de relevo. Dedicou-se a várias atividades econômicas que lhe proporcionou riqueza, tornando-se um dos homens mais rico da região.  Comandou a companhia do corpo colonial de Milícias. Tenente de Milícias, foi promovido ao posto de capitão da “Companhia do Arraial do Caetité do Regimento de Milícias da Cavalaria das Minas de N. Senhora do Livramento de Rio de Contas”, ocorrido em 1799.  O povoado cresceu e foi elevado a freguesia em 1754. O Arraial foi elevado à vila em 1810 com o nome de “Vila Nova do Príncipe” em homenagem ao Regente D. João.

 

Antonio Pinheiro Pinto teve dois filhos: Inocêncio José Pinheiro Pinto (Canguçu), nascido no ano de 1795 e Zeferina Maria de Santo Antonio.  Inocêncio casou-se na propriedade de seus pais, Antonio Pinheiro Pinto e Bibiana Maria de Jesus, no ano de 1817, com sua prima Prudência Rosa de Santa Eduwirges, nascida na fazenda Bom Jesus, com quem teve dez filhos: Leolino, Francisco, Lívio, Geraldina, Exupério, Zeferino, Ermelindra, Bibiana, Pedro Ulisses, José Ignácio, Adolfo e Jesuíno Pinheiro Cangussu. Ela faleceu em 1848. Inocêncio foi pai de mais dez filhos com outras mulheres.  Inocêncio morreu aos 66 anos, em setembro de 1861 na fazenda Ilha do Pão em Minas Gerais.   Teve papel importante no ciclo de ascensão econômica da região.

 

Antonio Pinheiro Pinto sofreu um atentado, com arma branca, perpetrado por um escravo, provavelmente tenha sido esse o motivo da sua morte ocorrido 29/11/1822 após onze meses do atentado.  Após seu falecimento, com a divisão dos bens, a parte do Campo Seco onde situava o sobrado, coube à viúva, e por morte dela o domínio passou para Inocêncio José Pinheiro Pinto que aos 27 anos de idade, passando a ser o novo administrador da propriedade. Com a dispersão familiar, rompeu-se a tradição patriarcal.

 

Inocêncio Pinheiro Canguçu, nascido em 1795, neto do familiar, foi um homem violento, por conta do que, agregou muitas terras às suas. Devido ao assassinato cometido por ele, se afastou da fazenda para residir em suas terras no Grão Mongol/MG.

 

Exupério Pinheiro Canguçu nasceu no sobrado do Brejo em 24/09/1820, onde cresceu e passou a maior parte de sua infância. Aos 15 anos foi estudar em Salvador destacando-se em latim e francês, onde se preparava para um curso jurídico na Academia Pernambucana, em Olinda.  A Sabinada (1837) (Revolução separatista ocorrida na Bahia, durante o período regencial, a qual tinha por objetivo desligar o governo provincial do da Regência) interrompeu definitivamente seus estudos.

 

Retornou ao Brejo em 1837. Em 1838 Exupério Pinheiro Canguçu, assume o comando da fazenda, a pedido do pai. Casou-se com Umbelina Bárbara Meira, nascida em 04/12/1819, no sobrado do Brejo, em 16 de julho de 1938, com sua prima-irmã, que após o casamento acrescentou o sobrenome Canguçu ao nome de batismo. Natural de Bom Jesus dos Meiras, filha de Antonio de Souza Meira e Zeferina Maria de Santo Antonio.  (Umbelina era irmã de Auta Rosa, esposa de Manoel Justino de Moura Albuquerque, atuante na guerra entre as famílias). Com ela teve os seguintes filhos: Prudência Pinheiro Canguçu, Iria Pinheiro Canguçu, Zeferina Canguçu Mirante, Maria da Conceição Canguçu Cotrim, Umbelina Pinheiro Canguçu, Antonio Pinheiro Canguçu, Joaquim Pinheiro Canguçu, Exupério Pinheiro Canguçu Filho e Inocêncio Pinheiro Canguçu.  Umbelina faleceu em 17/03/1903 no Sobrado do Brejo.

 

Era uma pessoa de grande prestígio, Intelectual respeitado, diziam dele “O sertão conheceu Exupério Canguçu como um homem que sabia latim e não errava um tiro” (Lycurgo 1956). Transformou um dos quartos do sobrado em sala de aulas para os nove filhos.

 

Vereador em Caetité, foi um dos fundadores da Irmandade de Santa Casa de Misericórdia na Vila de Caetité, debaixo da invocação de Nossa Senhora da Saudade e Glória, Protetora da Casa, conforme Lei Provincial nº 93, de 25 de fevereiro de 1839.

 

Em 1856 foi nomeado Oficial da Guerra Nacional pelo Governador da Bahia, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu. Em 1857 D. Pedro II o nomeou Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional do Município de Caetité da Província da Bahia, pela qual pagou a quantia de 133$600.

 

Envolveu-se com política administrativa em quatro vilas: Santo Antonio da Barra (atual Condeúba), Partido Liberal em Brejo Grande (Ituaçu), vereador em Caetité por varias legislaturas. Presidiu em 1878 a primeira Câmara Municipal, Intendente, e primeiro suplemente Municipal e de Órfão, em Bom Jesus dos Meiras.  Consta nas atas em Caetité que Exupério Canguçu aparece como candidato a vereador em 1844 e não foi eleito. Em 1848 foi eleito para período de 1849-1852. Em 1878 é nomeado intendente de Bom Jesus dos Meiras com mandato até 1882 e reeleito para o período de 1887/1889

 

Com a emancipação de Caetité em 1810, Bom Jesus dos Meiras foi elevado a distrito em 1869; em 1877 a vila e sede do município Lei 1756 de 11/06/1877.  Em 1878 efetivou-se o Termo de instalação da Vila de Bom Jesus dos Meiras e posse da primeira câmara no Paço Municipal, sendo presidente Exupério Pinheiro Canguçú e vereadores Horácio Guanaes Simões, José Germano Alves, Rodrigo de Souza Brito, Sebastião da Silva Leite, Deolino de Souza Meira e Aurelino José Pinheiro. Nessa oportunidade foram nomeados como secretário Belarmino Jacundes Lobo, procurador Rufino de Moura Amorim, fiscal Placidio Gomes d’Oliveira, porteiro Francisco Alves Piranha que prestaram juramento a fim de exercerem as respectivas funções.

 

No Sobrado, havia mais de 300 volumes de literatura francesa, inglesa, portuguesa e nacional, além de livros especializados em história natural, química, física, e obras religiosas, cultivava a leitura, que lhe proporcionava cultura diversificada.

 

Em 1868, o coronel Exupério Pinheiro Canguçu instalou uma fundição no sopé das Serras das Éguas, um investimento de 100 contos de reis, com o minério de ferro extraído no local, produziu diversas ferramentas e utensílios para a lavoura e para outras utilidades.  Na amostra enviada para a Alemanha para ser examinado o teor de ferro, constatou-se 85% do minério, além de ocorrências de ametista, esmeralda, turmalina, mármore e cristal de rocha. A primeira siderúrgica da Província, além de se envolver com a mineração de ouro, não conseguiu êxito nesses empreendimentos. Outros fatores de ordem econômica contribuíram para a decadência do empreendimento.

 

Seus últimos dias, segundo os historiadores, foram trágicos, além dos problemas familiares com o filho débil mental, e os fracassos em investimentos e negócios, morreu caduco, devaneando com assaltos e tiroteios, imaginando-se cercado por inimigos.

 

A morte ocorreu em 08/02/1900, aos 80 anos, pobre. Estava presente o sobrinho Marcolino Rizério Moura Albuquerque, outrora rival. Os filhos deixaram que se perdessem valiosos documentos que contavam a história detalhada. O período Republicano também marca o fim da tradição patriarcal na família, visto que os Canguçus se desfizeram da fazenda nas décadas de 1930-1940, quando faleceram as filhas de Exupério.

 

A família Souza Meira doou uma gleba de terra com meio quarto de légua de comprimento e 100 braças de largura para a construção de um templo. Essa Capela foi construída em 1815 com a participação de escravos e do carpina conhecido como Vitorino, patrocinado por Antonio Pinheiro Pinto, conforme consta no livro razão da Fazenda Brejo do Campo Seco.  A Diocese de Caetité registra a data de fundação da igreja o ano de 1861, e Dom Jerônimo Tomé da Silva, arcebispo de Salvador, em 1869. Segundo Monsenhor Antonio Fagundes a criação da Igreja data de 1873.

 

O primeiro censo geral da população brasileira ocorreu em 24 de novembro de 1872, e constou que na fazenda Brejo do Campo Seco, freguesia de Bom Jesus dos Meiras, município de Caetité, a existência de 25 pessoas.

 

O Condado onde se encontra todo o acervo imobiliário, bens diversos e fardas do coronel Exupério Canguçu, até o momento, não há notícias do tombamento do imóvel para a preservação da história. José Walter Pires, escritor e poeta, empenhou-se para o tombamento do imóvel como preservação da história brumadense, para tanto acionou a Câmara Municipal de Vereadores de Brumado, mas não obteve êxito em sua proposição.

 

A partir da instituição da igreja, criada em 1873, em seu entorno, se desenvolveu a povoação de Bom Jesus, sendo procurador da capela do Bom Jesus o padre Marciano José da Silva Rocha, considerado o primeiro padre local, falecido em 1876 e sepultado no corpo da Igreja Matriz. Em 1873, foi seu sucessor padre Jayme Oliva.  Antes de se tornar padre, Jayme Oliva se formou em medicina em 1869 pela Faculdade de Medicina da Bahia – UFBA.  Em dezembro de 1912 foi nomeado para a Igreja Bom Jesus, o padre português José Dias Ribeiro da Silva.

 

Exupério Canguçu tinha no Sobrado desde 1815, uma Capela/Oratório, particular, onde se faziam as celebrações religiosas da Igreja.

 

A instalação da Comarca de Bom Jesus dos Meiras ocorreu em 15/01/1883 criada pela lei Provincial número 1.997 de 9 de julho de 1880 e declarada de 1ª instância pelo Dec.8.760 de 18 de novembro de 1882.  Bom Jesus dos Meiras passa a comarca unida com a do Brejo Grande conforme resolução nº 2.378 de 9 de julho de 1883, passando a ter a denominação de comarca do Brejo Grande. Pelo Ato de 31/12/1891, o Dr. Jovino Batista Leitão, Juiz Municipal e de Órfãos, foi transferido do Termo de Bom Jesus dos Meiras para Brumado.

 

Em 1931 no governo do padre José Dias Ribeiro da Silva, por determinação e livre arbítrio do Dr. Bernardino Souza, Secretário da Justiça do Estado, conforme Dec. 7479 de 8 de julho de 1932, Bom Jesus dos Meiras, recebeu a denominação de Brumado.  Provavelmente o nome Brumado foi colocado em alusão ao Rio Brumado que banha parte do município. Em 16 de junho de 1945, foi nomeado o Dr. Duarte Moniz Barreto de Aragão para reimplantar e organizar a Comarca com sede no município, já com o nome de Brumado, sendo o primeiro juiz togado de Brumado.

 

CONFLITO ENTRE AS FAMÍLIAS CANGUÇUS, CASTROS E MOURAS:

 

A comitiva da família Castro em viagem para Curralinho parou no Brejo, em Bom Jesus dos Meira, lugar pertencente à Caetité e propriedade do Capitão Inocêncio José Pinheiro Canguçu, para descanso. As famílias tinham relações de amizade. Aí transcorreu a história de amor entre Pórcia e Leolino.

 

Em 1844 teve início uma luta travada entre as famílias Canguçus, Castros e Mouras em consequência do idílio entre Carolina da Silva Castro, Pórcia, de 16 anos de idade, filha do tenente-coronel José Antonio da Silva Castro, o periquitão, com Leolino Pinheiro Canguçu, o Lô, filho de Inocêncio José Pinheiro Canguçu, do Campo Seco, e casado com sua prima Rita Angélica de Souza Meira, foi a causa do conflito.

 

O poeta e cordelista José Walter em uma estrofe do seu Cordel sobre o conflito disse: “Sem entrar nos pormenores/Da conquista do sertão/Vou narrar neste cordel/ Uma sangrenta paixão/Entre Pórcia e Leonino/Que por obra do destino/Caíram na tentação”.

 

O fato não foi aceito pelos Castros que concluiu ser uma afronta e violência contra a sua família. O episódio tomou proporções desastrosas de ódio.  Nesse entrevero os Castros contaram com o apoio dos Mouras, para combater os Canguçus, o que acirrou ainda mais a contenda.  Já havia antecedentes de desavenças entre Mouras e os Canguçus.

 

Campo Seco, cuja memória revela ter sido também palco de violentas guerras intestinas dos sertões, rixas entre clãs locais: Canguçus, Castros e Mouras. Um dos motivos desse episódio tem como causa determinante, Leolino Canguçu, que se apaixonou por Pórcia.

 

Em 16 de Dezembro de 1844 o Sobrado do Brejo foi atacado pelos Castros e seus jagunços e, Pórcia foi resgatada.  Em seguida o sitio Condado, localizado nas terras do Brejo do Campo Seco, lugar de descanso da família Canguçu, foi assaltada na noite de 29 para 30 de agosto de 1847 e o morador Exupério Canguçu, resistiu bravamente aos ataques dos Castros. Houve vítimas e o caso foi parar no tribunal de Caetité, onde Exupério fez a sua própria defesa.

 

Leolino era famoso pela violência praticada contra os inimigos, fez muitas vítimas, foi morto no ano de 1846 no Grão Mogol/MG, a mando dos Mouras, revidando os atentados e morte praticados por Leolino e seu bando.

 

 

EVOLUÇÃO POLÍTICA:

Município pertencente à Comarca de Caetité compreendendo os distritos sede (vila) e São Pedro. Foi elevado a Distrito de paz em 1832.

 

Lei 1.091 de 17 de junho de 1869, o povoado passa à condição de distrito, com a instituição da freguesia de Bom Jesus dos Meiras. O nome BJM originou-se do proprietário da Fazenda Bom Jesus, Francisco de Souza Meira.  Nessa época, 1873, foi construída a Igreja de Bom Jesus, tendo como primeiro vigário,  o padre José Mariano Meira Rocha.

 

Em 11 de junho de l877, por força da Lei Estadual nº 1.756, o povoado passa à condição de vila e sede do Senhor Bom Jesus dos Meiras desmembrado de Caetité e foi instalada em 11 de fevereiro do ano seguinte e é realizada a primeira ata da sessão ordinária da Vila do Bom Jesus dos Meiras.

 

Pelos Decretos Estaduais 7.455 de 23 de junho de 1931 e 7.479 de 08 de julho do mesmo ano, no governo do intendente padre José Dias Ribeiro da Silva, o município passou a denominar-se BRUMADO e o Juiz de direito foi o bacharel Pompílio Dias Leite que anteriormente exercia o cargo de juiz preparador. Pelo Decreto 10.724 de 30 de março de 1938 o município de Brumado é termo judiciário da comarca de Ituaçu.

 

Em 19 de julho de 1945, pelo Dec. Lei Estadual nº 512, foi criado a Comarca de Brumado e instalada em 17/01/1946, e o seu primeiro Juiz de Direito foi o bacharel Duarte Moniz Barreto Aragão.

 

Entre 1878 e 1948 Brumado teve vários intendentes e mandatários, entretanto depende de confirmação porquanto datas divergentes e os livros referentes a esse período encontram-se dilacerados, carcomidos pelas traças ou desaparecidos.

 

INTENDENTES:

 

1878-1882 – Coronel Exupério Pinheiro Canguçu; 1882-1883 – Horácio Guanaes Simões; 1883–1885 – Lupério de Souza Meira; 1885-1886 – Coronel Manoel Joaquim Alves dos Santos (Cel. Santos); 1887 -1889 – Coronel Exupério Pinheiro Canguçu.

 

 PERÍO REPUBLICANO:

 No período Republicano foi fundado na Vila Bom Jesus dos Meira, em 15/11/1889, o Clube Republicano.

 

1890–1892 – Policarpo Pereira Costa; 1892–1895 – Bernardino Gonçalves Aguiar; 1895–1900 – Manoel Joaquim Alves dos Santos (Cel. Santos); 1900-1904 – Aureliano Alves da Silva; 1904-1908 – Marcolino Rizério de Carvalho; 1908-1912 – Aureliano Alves de Carvalho; 1912-1916–Amâncio da Silva Leite; 1916-1920 – Aureliano Meira; 1920-1922 Aureliano Alves de Carvalho; 1922-1923 – Fidelcino Augusto dos Santos; 1923-1926 – José Alvino Machado; 1926-1927 – Cândido da Silveira Santos; 1928-1930 – Marcolino Rizério de Moura.

 

ERA VARGAS 1930-1945:

 

1930-1932 – Padre José Dias Ribeiro da Silva; 1932-1934 – Fidelcino Augusto dos Santos; 1934-1938 – Padre José Dias Ribeiro da Silva; 1939-1944 – Marcolino Rizério de Moura.

 

O Estado Novo De 1937 – 1945 e a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

 

PREFEITOS NOMEADOS PELO GOVERNO VARGAS:

TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA

01/02/1944 – 22/11/1944 – Dr. Oldack de Carvalho Neves (Médico); 23/11/1945 – 02/12/1945 – Dr. Délio Gondim Meira (advogado); 03/12/1945-09/05/1946 Dr. Duarte Moniz Barreto de Aragão (Juiz). Dr. Antonio Rizério Leite 1947-1948, nomeado pelo Governador Otávio Mangabeira. Risério sucedeu ao cel. Marcolino Rizério de Moura, já doente e que o indicou para o cargo, depois transmitido para Armindo dos Santos Azevedo (informações de Jair Rizério).

 

 Consta no livro Tombo da Igreja Católica que o Padre Zé Dias exerceu o mandato de 1931 até 1936, (data da sua morte). Em 1931, em seu governo, o nome Bom Jesus dos Meiras foi mudado para Brumado.

 

Após a queda da ditadura Vargas em 1945, a primeira eleição ocorreu em 1947, pleito com voto popular elegendo prefeito Armindo dos Santos Azevedo (UDN) para o período 1948/1950, visando a coincidência dos mandatos a partir dessa data.

 

PREFEITOS ELEITOS PELO VOTO DIRETO: Pesquisas do autor Antonio Novais Torres, nas atas da Câmara Municipal de Vereadores de Brumado, e informações de Jair Rizério.

 

Armindo Santos Azevedo – 1948/1950; Manoel Joaquim dos Santos Carvalho, PDS,  (Dr. Nezinho) – (1951/1955); Armindo dos Santos Azevedo (UDN/PR) – (1955/1959); Manoel Fernandes dos Santos (PR) – (1959/1963); Armindo dos Santos Azevedo (PR) – (1963/1967) Dr. Juracy Pires Gomes – (1967/1971); Prof. Miguel Lima Dias – (1971/1973); Dr. Juracy Pires Gomes – (1973/1977); Agamenon Lima de Santana (MDB) – (1977/1983); Dr. Juracy Pires Gomes – (1983-1988); Edmundo Pereira Santos – (1989-1992); Geraldo Leite Azevedo (PMDB) – (1993/1996); – Edmundo Pereira Santos – (1997-2000); Edmundo Pereira Santos – (2001- 2004); Eduardo Lima Vasconcelos – (2005-2008); Eduardo Lima Vasconcelos – (2009-2012); Aguiberto Lima Dias – (2013-2016); Eduardo Lima Vasconcelos –(2017/2020).

 

COMENTARIOS:

 

Manoel Joaquim Alves Santos (Cel. Santos) nasceu em 12/08/1843 e faleceu em 26/04/1924. Casou-se com Idalina Alves dos Santos e teve duas filhas: Maria do Carmo Santos, casada com Aureliano Alves de Carvalho, e Placídia Santos Moura Rizério, casada com Coronel Marcolino Moura e não teve filhos. O Cel. Santos foi líder político de Bom Jesus dos Meiras por mais ou menos 50 anos e com o seu falecimento o genro Marcolino Rizério de Moura assumiu a liderança política.

 

Dr. Délio Gondim Meira foi cassado como interventor sob a alegação de simpatia ao Comunismo.

 

No aniversário, dos 137 anos da cidade, várias pessoas e personalidades que contribuíram de alguma forma, para o progresso e o desenvolvimento econômico, político, social, religioso e cultural do município, foram homenageadas pelo Jornal do Sudoeste.  Não podendo mencionar todos, far-se-á menção às seguintes pessoas:

 

Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes, que no dia 21 de maio completou 87 anos de vida dedicados ao sacerdócio evangelizador, à educação na qualidade de emérito e proficiente professor. Foi mentor e idealizador juntamente com outros abnegados da educação, a criação do Ginásio General Nelson de Melo, administrador do Ginásio Industrial, fundação do Curso Normal, do Posto de Puericultura, e da criação do Aéreo Clube. Esteve presente em todas as iniciativas relacionadas ao progresso e desenvolvimento cultural, social político e evangelizador, merecendo, pois, as honras e lauréis pela sua atuação e pelo exercício da cidadania plena em favor dos mais carentes, além das qualidades morais irrepreensíveis, exemplos de dignidade e postura ética.

 

Professora Maria Iranilde Lôbo (1921/1999), uma vida dedicada à educação, foi luminar de várias gerações de jovens, destacando-se pela competência e humildade, incentivadora e difusora do aprendizado do vernáculo nacional, preocupada com a perfeição e aplicação do português escorreito. Fidelíssima ao magistério exigia de os alunos lerem os escritores pátrios como Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos e outros. Na sala de aula, fazia a dissecação do conteúdo multidisciplinar quanto à parte gramatical, histórica, geográfica, costumes etc. Não abria mão da utilização do dicionário para o enriquecimento do vocabulário do aluno. Muitos de seus alunos são hoje, profissionais bem-sucedidos e certamente têm gravado em suas memórias indeléveis recordações dessa figura extraordinária que temos a certeza da missão cumprida, tendo contribuído decisivamente para o engrandecimento cultural e histórico da nossa urbe.

 

Ao lado da professora Maria Iranilde destaca-se também a professora Miriam Azevedo Gondim Meira, igualmente, uma vocacionada para a educação, criou a Escola Maria Nilza Azevedo Silva (CEMNAS), portanto baluarte do ensino. Aliás, é uma tônica das mulheres da família Azevedo.

 

Louvor para a professora Nice Publio da Silva Leite que exerceu as funções didáticas com absoluta competência e rigidez, num paciente trabalho de catequização cultural dos alunos. Elas (professoras) iniciaram suas carreiras, época em que os pais davam pouca importância ao estudo profissional. Daí, merecerem as homenagens dos brumadenses pelo seu pioneirismo no trabalho educacional e cultural.

 

A professora Maria José Meirelles, soteropolitana e, brumadense por adoção, educadora empolgada com a qualidade do ensino, gere a sua escola Nossa Senhora de Fátima (ENSF), com perfeccionismo e bastante competência. Casada com o promotor público Sydney Joaquim Meirelles, também educador, com o qual fundou a ENSF em 1975 com o objetivo e a proposta de uma educação inovadora e didática moderna. Delineou o seu objetivo determinado por uma ação corajosa para a época em que Brumado carecia dessa iniciativa.

 

Dr. Mário Meira, médico competente, estudioso e pesquisador que, por sua fama, tornou-se clínico de referência regional, virtuoso pela competência e vasto conhecimento da doutrina de Hipócrates, era preciso nos diagnósticos e prescrições acertadas. De grande cultura intelectual e literária, fluente em francês, ganhou bolsa de estudos para especialização na Europa, abriu mão do mérito para um colega, preferindo cuidar da sua clientela sertaneja.

 

Manoel Joaquim dos Santos Carvalho Dr. Nezinho (11/07/1905-02/01/1993): Outra figura de grande expressão cultural. Farmacêutico, implantou o primeiro laboratório de análises clínicas em Brumado, bem como a primeira farmácia em que, na época, predominava a manipulação. Foi vereador, prefeito e professor de ciências biológicas, juiz de paz, presidente de honra do PMDB, depois de deixar as hostes da situação da época. Maçons e rotarianos tiveram grande importância na construção do movimento sociopolítico e cultural do município.

 

Deoclides Ferreira das Neves (Dió da Pensão): proprietário da primeira pensão de Brumado (Pensão Primor). Lá se hospedaram várias personalidades políticas e do status social do cenário municipal, estadual e nacional como Vasco Neto, Pedro Moraes, Chiquinho Brasil (político de Paramirim), Dr. Edílson Pontes (médico e político de Livramento), Rosalvo Silva (proprietário da farmácia Ideal), Dr. Sidney e Ubaldo Meirelles (promotor público e dentista), Edvaldo Ataíde (bancário), Oflávio Torres (comerciante), Manoel Novais (deputado), Anísio Teixeira (Secretário de Estado), Lomanto Júnior (Governador) e tantos outros.

 

Dió, analfabeto, era famoso pelas suas qualidades culinárias e temperos inigualáveis, doces e compotas de frutas da região, as preparavam com requinte e perfeição, pois não sabia ler para utilizar-se das receitas – era um autodidata e famoso na arte culinária caseira, ao gosto do sertanejo.

 

Conta-se que tinha uma memória privilegiada. Ao ouvir as notícias e comentários políticos dos hóspedes viajantes, encarregava-se de divulgá-las aos amigos, nos pontos de prosa e na feira livre onde diariamente fazia compras. Morreu no dia do seu aniversário aos 92 anos, em oito de agosto de 1988.   Viveu com simplicidade, honesto, sem guardar mágoas ou rancor – um homem bom.

 

Oflávio Silveira Torres: um predestinado para o comércio chegou à cidade de Brumado em 1945, acompanhando os trilhos da estrada de ferro e aqui se fixou. Ativo, versátil, perspicaz, exerceu as mais variadas atividades comerciais: empresa de consignação e representações, armarinho, sorveteria, cinema, bomba de gasolina, comércio de móveis, serviço de radiofonia, distribuidor de jornais, revistas e etc.

 

Enveredou-se pelo esporte sendo presidente da Associação Atlética Portuguesa, clube de futebol de muitas glórias. Promoveu festas religiosas e carnavalescas, ajudou a fundar a maçonaria, o centro espírita, a união operária, a cooperativa agrícola, fundou o PR – Partido Republicano e atuou nos bastidores da política municipal.             Aposentado, não se conformando com o sedentarismo, tornou-se agropecuarista na localidade de Cristalândia onde criava gado bovino e outros animais de pequeno porte e aves; plantio de algodão, milho e feijão. Proprietário de um armazém Olhos D´Água do Meio, município de Ituaçu, vendia de tudo, desde cereais a ferragens. Em todas as iniciativas de progresso e desenvolvimento de Brumado esteve presente.

 

 Sebastião Meira Leite destacou-se como agroindustrial. Proprietário da fazenda Tabua de terras privilegiadas na região plantou algodão e sisal. Montou a primeira usina particular de descaroçamento e beneficiamento de algodão, fábrica de cordas, cujos produtos, beneficiados comercializavam no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Teve sua importância pelo grande comércio que praticou, dando o exemplo de empreendedor.

 

Feliciano Pereira Santos, cotonicultor, dono de usina de algodão, explorador e comerciante de cristais de rocha, foi pessoa de grande importância para o progresso de Brumado.

 

José Borges Sampaio, agrônomo que incentivou o plantio do algodão como agente do governo, sob sua administração, na distribuição de sementes expurgadas e beneficiamento do algodão na usina do governo para os lavradores locais, tendo a fazenda Santa Inês como campo experimental. Político foi vereador e candidato a prefeito. Presidente e fundador da Lira Ceciliana, Presidente e fundador da Cooperativa agropecuária.

 

Destaque para as empresas mineradoras como a Magnesita (3ª maior reserva do mundo) cujas atividades datam de 1939, que já empregou mais de dois mil funcionários e com a globalização, reduziu a pouco mais de 600 funcionários.  Seus serviços foram terceirizados, para as adequações da realidade econômica do país, que privilegia o capital em detrimento da força do trabalho operário. Depois sofreu várias sucessões empresariais.

 

Outras empresas mineradoras: IBAR NORDESTE fundada em 1942, a XILOLITE, fundada em 1969.   LAFARGE fábrica de cimento, e tantas outras de menor porte. Empresas prestadoras de serviços e comercio diversificado, além de micro indústrias. Profissionais liberais e autônomos que, em conjunto, são a pujança deste município que cresce pela capacidade empreendedora de seus empresários. Ainda não conta com infraestrutura para o desenvolvimento industrial, por falta de planejamento e do compromisso governamental, como a construção de uma barragem multiuso, a construção de uma estação de tratamento de esgoto e tantas outras prioridades básicas que o município prescinde. Brumado tem crescido pelo dinamismo de seus empresários e dos cidadãos perseverantes em busca do desenvolvimento e progresso.

 

O município é rico em minérios e pedras preciosas: Magnesita, turmalina, águas marinhas, berilo, opala, granada, ametista, quartzo e granito, minério de ferro com teor de pureza avaliado em 75%, giz branco, rosa e azul, malacacheta, entre outros. (Informações: memoria.bn.br e Almanak Laemmert (1891-1941).

 

           

MEIO DE TRANSPORTE, COMUNICAÇÃO E INFRAESTRUTURA: A cidade tem localização geográfica privilegiada, é servida por empresa de ônibus com linhas intermunicipais e interestaduais, conta com um terminal de ônibus (rodoviária), transporte ferroviário via FCA-Ferrovia Centro Atlântica, aeroporto particular Sócrates Clemeni Mariani Bittencourt sob a administração da Magnesita S/A, com capacidade para receber aeronaves de médio porte.  É cortada por estradas municipais (vicinais), estaduais e federais.  Acesso a Brumado via Salvador/Feira de Santana pela BR-324, é contemplado pela BA-030, BA-026, BR 262, BA-142.

 

Conta com Correios e Telégrafos, sistema de telefonia fixa e móvel, distribuição de energia elétrica COELBA – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, fundada em 1960, atende a residências, ao comércio, à zona rural e indústrias. EMBASA – Empresa Baiana de Águas e Saneamento, Juizado de Pequenas Causas, Fórum servido por juízes de 3ª entrância, Dires, Direc, EBDA, jornais periódicos, biblioteca municipal, escolas de ensino fundamental e médio da rede municipal e estadual, creches, escolas particulares, Faculdades, entidades culturais e Colégios particulares, entre outros empreendimentos.

 

Conta com serviços públicos como a Receita Federal, a Inspetoria Fiscal, o SEBRAE, CDL, IBGE, Polícias: militar e civil – constituídas pela 34ª CIA Independente e 20ª Coordenadoria de Polícia Civil (Complexo Policial), órgão de Identificação Pessoal e outros.

 

Tiro de Guerra (TG 06/024), Agência do INSS. Hospitais: público e privados, clínicas, consultórios particulares, rede hoteleira, Maçonaria, Rotary Club, templos religiosos católicos, evangélicos e outros. Rede bancária, cooperativa de créditos, cooperativa rural, Rebanho bovino significativo e bacia leiteira com empreendimentos na produção de laticínios. Clubes sociais e recreativos, comércio e indústria diversificados e em desenvolvimento, economia estável, enfim, Brumado oferece infraestrutura e boas condições de habitabilidade.

 

Por esses aspectos, entre outros, Brumado é uma cidade cosmopolita, aonde muitos vieram e vêm habitá-la pelas condições atraentes da infraestrutura do lugar e aqui são recebidos com acolhimento fraterno, pois sua gente é hospitaleira. Portanto, unamo-nos para fortalecer os laços de amizade, e a construção do progresso e desenvolvimento do município.

 

É importante ressaltar que o município de Brumado está inserido no Polígono das Secas, pertencente à bacia hidrográfica do Rio de Contas. Localiza-se no centro sul do estado.

 

Sofre com a falta de planejamento estrutural e do ordenamento da cidade. O regime pluviométrico se caracteriza pela irregularidade das chuvas. A precipitação das chuvas acontece entre novembro e janeiro. A temperatura local varia entre 23 e 37 graus centígrados.  A escassez de água compromete a evolução socioeconômica local, principalmente a implantação de indústrias.

 

FONTES DE PESQUISA:

  • Segredos e Revelações da História do Brasil, tomo III, de Pedro Calmon, editado pelo Senado Federal em 2013;
  • Sertões da Bahia – Formação Social, Desenvolvimento Econômico, Evolução Política e Diversidade Cultural. Erivaldo Fagundes Neves (org.);
  • Crônica Memória e História: Formação historiográfica dos sertões da Bahia. Erivaldo Fagundes Neves;
  • Conflito de família e banditismo rural na primeira metade do século XIX: Canguçus e “Peitos-Largos” contra Castros e Mouras nos sertões da Bahia. De Luiza Campos de Souza, 2014. Universidade Federal da Bahia – Faculdade de Filosofia e Ciência Humana. Programa de Pós-Graduação em História;
  • Idílio de Pórcia & Leolino de Dário Teixeira Cotrim – Ponderações sobre as contendas encarniçadas dos Silva Castros e Mouras versus Canguçus e o episódio envolvendo Pórcia, a tia de Castro Alves e Leolino Canguçu;
  • Cordel “O Idílio de Pórcia de Castro e Leolino Canguçu” de José Walter Pires;
  • Artigos (duas versões Pedro Calmon e Afrânio Peixoto) de Antonio Novais Torres sobre Pórcia e Leolino;
  • Uma Comunidade Rural do Brasil Antigo: Aspectos da vida patriarcal no sertão da Bahia nos séculos XVIII e XIX. Edição conforme o original (1956) contendo, apenas alguns ajustes em razão da desconformidade de fontes de impressão atuais com os da Gráfica constante do rodapé sob a responsabilidade do professor José Walter Pires e a acadêmica de Letras Fabiana Figueredo. Editado pela Prefeitura Municipal de Brumado, em 2012, pela comemoração dos 135 anos de emancipação política do município.
  • História de Livramento – a terra e o homem de Mozart Tanajura;
  • ABC DE CASTRO ALVES de Jorge Amado;
  • Sinhazinha de Afrânio Peixoto;
  • Informações de Yuri Rocha Meira Magalhães – pesquisador – via internet;
  • Brumado e sua História, pesquisa de Arlete Rizério de Carvalho Franco;
  • Atas da Câmara Municipal de Brumado;
  • Monografia por Mariana Oliveira Fraga Lima, sobre a qualidade da água, curso de geologia da UFBA em 2013.
  • A FAMILIATURA DO SANTO OFÍCIO NO SERTÃO DA BAHIA: TRAJETÓRIA E TRÃNSITO CULTURAL DO SÉCULO XVIII – Priscila Machado Silva, Graduada em História pela UESB e Isnara Pereira Ivo – Orientadora, Professora do Departamento de História (UESB e Doutora em História pela UFMG.

 

Antonio Novais Torres

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Brumado, em junho de 2018.